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Minha mãe suspeita que eu transo

Julinha lida com a pressão da mãe, tenta focar nos estudos, mas não consegue tirar Diana e o plugue da cabeça.

Capítulo 33#

Depois da aula, mandei uma mensagem pro moço, pedindo que viesse me buscar, mas não tive nem sinal de resposta. Acabei pegando o caminho até o ponto e subi num ônibus de volta pra casa. Quando atravessei a porta, minha mãe me encarou com aquela expressão fechada de sempre — provavelmente porque a deixei falando sozinJulinha lida com a pressão da mãe, tenta focar nos estudos, mas não consegue tirar Diana e o plugue da cabeça.ha antes de sair. Já comecei a sentir o peso da bronca chegando: ela reclamava que eu só usava vestido pra encontrar meu namorado, e dizia que isso era “muito imprudente”. Eu já sabia que viria aquele sermão interminável sobre como eu deveria me comportar.

— Mãe, depois a gente conversa, vou pro quarto estudar — disse, mostrando os cadernos de resumo que a Diana me deu.

E era verdade: o vestibular estava chegando e eu precisava mesmo me concentrar, ou ia me ferrar e ter que encarar mais um ano de cursinho. Minha mãe não tinha como bancar esses “luxos” de reprovação — ainda mais se percebesse que eu não estava me esforçando de verdade.

No meu quarto, tirei a maldita saia e troquei a calcinha já gasta por uma nova, mais confortável, e vesti um short. Sentei na cama com os cadernos abertos e mergulhei na leitura, sentindo o peso dos próximos meses repousar em cada linha que eu lia.

Por mais que eu tentasse me concentrar nos resumos, aquele plugue dentro da bolsa não me deixava em paz. Eu até me xingava mentalmente: “Sossega, Júlia, é dia ainda, caramba. Já tá querendo enfiar coisa no rabo?” Dei um sorriso sem graça, imaginando a cena. Eu estava curiosa, não vou mentir, mas testar sozinha parecia sem graça. O que eu queria mesmo era usar com alguém, tipo no dia que o moço me levasse no motel. Ou pior, já pensou no sábado, na hora de depilar com a Diana? Chegar lá com o troço enfiado, como se nada tivesse acontecido… Ia ser ridículo, eu toda peluda com aquilo atochado no furico.

E essa aí também não saía da minha cabeça. Eu sabia que era fora de cogitação pra mim, a mulher era uma deusa, e eu, sei lá, um pedacinho de merda perto dela. Mas eu tinha ficado com a pulga atrás da orelha depois da nossa última conversa. Me despedi dela meio sem jeito, sentindo que ela queria dizer alguma coisa, mas segurou. Eu dei mole, me joguei nas entrelinhas, e ela nada. Fiquei com aquela sensação de que perdi a deixa.

Às vezes eu me pego rindo sozinha das coragens que ando tendo. Meses atrás eu era toda travada, não tinha feito nada na vida, e agora parece que abri os portões do inferno. Uma parte de mim queria muito contar pra Mariana sobre o negócio do plugue e a Diana, como ela era gata e me deixava meio perdida, mas eu sabia que Mariana ia surtar de ciúmes. Ela sempre fazia isso, me cortava com aquelas broncas que só ela sabia dar quando eu abria a boca pra falar de mulher. Era só eu soltar alguma coisa e ela já vinha com os olhos apertados, me chamando de doida, perguntando se eu tinha perdido o juízo.

Deitei na cama, os cadernos já esquecidos ao meu lado, e me peguei pensando: “E se eu mandasse uma mensagem pra professora, dizendo que fiquei com a impressão de que ela queria falar algo e não disse?” O máximo que ela podia fazer era me cortar, dizer que eu viajei. Mas eu sabia que não tinha viajado coisa nenhuma. Ela me olhou diferente, eu senti. O problema é que mulher lê fácil demais, parece que enxerga direto dentro da cabeça, se eu saquei, ela me sacou. Eu deveria ter insistido, mas travei.

Fiquei encarando o teto, pensando em todos os meus problemas: em como eu faria pra pegar a professora, usar o plugue e ainda ir no motel no sábado, tudo ao mesmo tempo. Era muito pra uma cabeça só. A ideia era aprender a usar o troço, me depilar e depois dar no motel. Esse era o plano. E estudar, que é bom? Nada.

Eu tava perdida nos meus devaneios, rindo sozinha, quando o inferno bateu à porta. Minha mãe entrou no quarto com a cara mais fechada do mundo, os passos firmes, os braços cruzados. Ela ainda não tinha engolido a história do vestido, pelo visto.

— Engraçado, né? Pra sair pra rua, você quer deixar a periquita acessível, mas pra ficar em casa se enfia num short? — ela disparou, a voz afiada, o peito subindo e descendo rápido.

Eu levantei o olhar, surpresa. Minha mãe não falava assim, não desse jeito, tão cheia de raiva. Eu sabia que ela não gostava dos meus vestidos, mas não achava que isso fosse a ponto de deixá-la tão irritada.

— De novo isso, mãe? Sei lá, eu gosto de vestido, tá calor. Já falei — rebati, tentando soar tranquila, mas a tensão já começava a subir pela minha espinha.

Ela respirou fundo, os olhos ainda pegando fogo, mas o tom mudou, ficou mais baixo, quase num sussurro cortante. Eu não sei se era pra ser mais calmo, mas só me deu mais medo.

— Júlia, Júlia… você tá dando, minha filha?

Eu senti o sangue gelar. Meu peito apertou, a garganta secou, e eu tive que engolir em seco pra não perder a pose. Minha mãe sempre foi boa de briga, mas detesta confronto direto, então eu sabia que a melhor defesa era o ataque.

— Tá bom, mãe. Quando eu sair de casa, você escolhe minha roupa, tá? Se o problema é esse, tá resolvido. Ou vai me proibir de sair também? — devolvi, sem tirar os olhos dela.

O silêncio que veio depois era pesado, quase sufocante. Minha mãe me encarou por um segundo que pareceu uma eternidade, os lábios pressionados num bico. Eu sabia que tinha cutucado a onça com vara curta, mas não dava mais pra recuar.

— Eu vou marcar ginecologista pra você, ouviu bem? E não quero filha grávida dentro de casa, então pode avisar esse menino aí que eu quero conhecer ele. Entendeu?

O soco veio direto no estômago. Minha mãe não era burra, não mesmo. Ela me lia como ninguém.

— Mãe, se você quiser conhecer ele, tudo bem, mas não inventa, tá? Eu não tô dando pra ninguém — soltei, tentando soar firme, mas a voz saiu tão falsa que eu mesma me odiei na hora. Parecia que eu tinha engolido uma fita arranhada, de tão mal que saiu. Meus ouvidos chegaram a doer com a própria mentira.

Ela me olhou com aquele olhar de quem já ouviu toda desculpa do mundo, com as sobrancelhas franzidas.

— Júlia, você acha que eu não tive a sua idade? Você sabe o que vai acontecer com a sua vida se aparecer de barriga, né?

— Mãe, que barriga, que nada! — rebati, tentando segurar a pose, mas me sentindo completamente exposta.

Ela me olhou mais uma vez, fez que não com a cabeça e virou as costas, saindo do quarto sem me dar tempo de argumentar. Só jogou por cima do ombro:

— Eu quero esse rapaz aqui. Pode chamar ele. Enquanto ele não aparecer, não quero você se encontrando com ele, tá me ouvindo?

Eu fiquei lá, sentada na cama, olhando pro nada, tentando entender de onde ela tinha tirado aquilo. Será que se eu contasse todo mundo que eu já peguei ela ia querer sentar pra conversar também? Ia ser uma eternidade de DR. Aquilo me fez rir sozinha, a cabeça já cheia de cenas absurdas.

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