Capítulo 38
Eu tava uma pilha. Minha mãe e meu padrasto na sala vendo TV como se nada, e o moço do ônibus quase chegando. O celular vibrava na minha mão — ele tinha mandado mensagem dizendo que ia se atrasar uns dez minutos. Trânsito, provavelmente. Mariana também não tinha dado as caras ainda e eu já tava começando a roer as unhas de ansiedade.
Fui pra cozinha tentando parecer normal, mas com o coração batendo na garganta. Dei uma olhada rápida pro meu padrasto. Eu precisava ter certeza de que ele ia cumprir o combinado.
Ele percebeu que eu tava sozinha ali e, do nada, resolveu que precisava beber água.
— Adorei o que você mandou.
Revirei os olhos.
— Tio, deixa de ser tarado. Vai me ajudar como prometeu?
— Claro, claro. Trato é trato. Falei com sua mãe. Ela não vai encher o saco do rapaz.
Enquanto enchia o copo d’água, eu fingia mexer em qualquer coisa no armário só pra disfarçar o nervoso. Mas ele continuou:
— A foto… você tava muito molhada. Que tesão.
Virei de lado, sem encarar ele direto, mas com os olhos semicerrados.
— Cala a boca.
Ele deu um meio sorriso.
— Tu tinha acabado de se masturbar, não tinha?
Eu devia ter saído dali. Fingido que não ouvi. Mas não conseguia sair daquele jogo. Era como se minha cabeça dissesse “não”, mas o corpo… o corpo ficava.
— Sim. Pra sua foto.
Ele respirou mais fundo. E aí soltou:
— Julinha, você sabe que, se quiser… pode ter ela.
Respirei fundo. Tentei me irritar, me encher de razão, como se isso apagasse o fato de que meu coração acelerou com aquilo.
— Melhor a gente parar, tá bem? Isso nunca vai acontecer. Sossega com o que você tem e se dá por satisfeito. E vê se me ajuda hoje, só isso.
Ele ergueu as mãos, daquele jeito cínico de quem “aceita”.
E eu só torcia pra ele calar a boca mesmo, porque alguém tinha acabado de tocar a campainha.
Era ele.
O moço.
Corri pra fora pra atender o portão e dei de cara com ele entrando junto com a Mariana, que tava rindo feito uma puta pro meu namorado. Eu fiquei só olhando, com o cu na mão dele resolver dar meia-volta e sumir. Achei melhor deixar ele ver com os próprios olhos que minha mãe tava em casa, pra não parecer que eu escondia algo, sei lá.
— Vocês chegaram agora? — perguntei, tentando parecer tranquila.
— Sim. Ela chegou logo depois que eu toquei a campainha.
— Entra então, vamos lá pra dentro.
Respirei fundo e lancei aquele olhar nervoso pra minha prima, que só ria, toda animadinha. Tinha certeza que depois a gente ia conversar sobre isso.
Quando ele entrou e viu minha mãe sentada no sofá com o meu padrasto do lado, deu uma travada de leve. Minha mãe, do nada, deu um “oi” com aquele sorrisinho idiota no rosto e nem fez muita questão de puxar papo.
— Quer beber uma água? — perguntei, só pra tirar ele dali logo.
— Aceito.
E claro, a Mariana — fofoqueira profissional — seguiu a gente direto pra cozinha.
— Sua mãe não ia sair? — ele perguntou.
— Ela tá esperando a minha mãe decidir, sei lá. — Mariana respondeu antes de mim, mentindo com a maior naturalidade do mundo.
Eu achei que ele ia ficar puto, que ia armar um escândalo, mas pra minha surpresa ele ficou de boa. Nem precisou do teatrinho que o meu padrasto preparou à seguir.
— Crianças, a gente não vai mais sair. Vou pedir umas pizzas. Tudo bem pra vocês?
— Ah! Obrigado, tio! — falei, rindo toda falsa.
O moço me olhou curioso.
— Ué, ele é seu padrasto ou seu tio?
— Meu padrasto, mas eu chamo ele de tio. Coisa nossa.
Foi Mariana quem explicou:
— Quando ele apareceu aqui, a mãe dela dizia que ele era só um amigo. Aí todo mundo começou a chamar ele de tio.
— Entendi…
Eu olhava pra ele o tempo todo, tentando adivinhar o que tava passando na cabeça dele. Mas não dava pra saber. Ele não demonstrava nada. Só queria saber se a gente ia ficar sozinhos depois.
— Vem, vamos pro meu quarto.
Peguei ele pela mão e puxei escada acima, gritando pra minha mãe no caminho:
— MÃÃEEEEE! VAMO PRO MEU QUARTOOOOO!
— TÁÁÁÁ! — ela gritou de volta.
Aqui em casa era tudo na gritaria mesmo. A casa nem era tão grande, mas ninguém sabia falar baixo.
Dentro do quarto, Mariana já foi direto pro computador, sentou de costas pra cama e passou a chave na porta com a maior naturalidade do mundo. Se alguém reclamasse que a gente tava trancada com homem no quarto, ela ia assumir na hora:
— Ixi, tranquei sem querer… é o costume.
E era mesmo. Ninguém ia desconfiar que o cara tava com as duas — porque essa ideia nem passava pela cabeça de ninguém. A desculpa colava fácil, até porque a gente fazia isso direto.
Eu vou explicar: a gente já tinha repetido esse teatrinho um milhão de vezes. Ficava ali no quarto, como quem não quer nada, falando besteira, vendo meme, ouvindo música — só pra dar cobertura. Uma fingia que tava ocupada no computador enquanto a outra dava uns amassos com algum cara que tivesse vindo “acompanhar”. Tudo ensaiado. A gente nem precisava mais combinar.
Era a tática.
Sentamos na minha cama e eu não perdi tempo — dei logo um beijão bem gostoso nele, pra acalmar a agitação. Ele tava meio nervoso, sem entender direito o que eu queria, todo perdido. Aí fui explicando rápido o plano, de um jeito bem direto, só pra ele relaxar e entrar no clima. E entrou.
Ele é safado. Tava era querendo me pegar, então qualquer desculpa servia. Quando viu que tava tudo liberado, ficou tranquilo.
Nos ajeitamos na cama e começamos a nos beijar de novo. Aquele beijo quente, que vai ficando lento, profundo… e quando percebi, a gente já tava deitado, um encaixado no outro, quase se fundindo. Era tudo que eu sonhava: transar numa cama, de verdade, como uma pessoa normal. Mas a vida nunca tinha me dado essa chance.
— A gente vai no motel sábado? — perguntei, deitada de frente pra ele, com os dedos passeando devagar pela barriga dele.
— Domingo. Sábado eu não posso, trabalho até tarde e vou estar morto.
— Você trabalha demais… — reclamei com uma risadinha. — Mas até que é bom, porque sábado eu quero ir na Diana.
— Aula?
— Sim… — menti, sem pensar duas vezes. Eu não ia contar que era pra me depilar. Ainda não.
Mas aí lembrei do detalhe que não tinha dito ainda.
— Tem um outro problema… que eu não falei.
— O que foi? — ele me olhou preocupado.
— Pode ser que minha menstruação desça…
Ele fez aquela cara de decepcionado e fica sem saber onde enfia o olhar.
— Você não quer ir mais, né? — ele perguntou, meio murchinho.
— Não é isso… mas se descer, a gente vai ter que deixar pra outra semana.
— Eu não me incomodo que você esteja menstruada.
— Mas eu me incomodo, né? Que coisa nojenta, garoto!
Ele riu. Homem é estranho. Eu nunca entendi se é curiosidade, se é fetiche ou se é só safadeza mesmo. O Pedro, uma vez, ficou me perturbando, querendo meter a mão só pra ver como era.
Entre um beijo e outro, ali deitada com ele, senti meu corpo esquentando. O fogo foi crescendo, subindo pelas pernas, deixando tudo mais sensível. Minha mão já tava dentro da calça jeans dele, que tava aberta, só esperando um sinal. O pau dele pulsava ali, duro, quente, pedindo atenção.
Olhei pro lado, disfarçando, e vi Mariana entretida na frente do computador, fingindo que nós dois não estávamos ali. Era o meu momento.
— Queria chupar esse pauzão gostoso… — sussurrei, quase sem voz, com os olhos fixos nele.
— E sua prima? Ela vai ver…
— Vai não… é rapidinho… deixa?
Ele me olhou meio em choque, mas com aquele brilho nos olhos de quem ouviu a proposta mais absurda e mais excitante da vida. Ser chupado com outra mulher no quarto? Óbvio que ele ia querer.
Nem esperei a resposta.
Me ajeitei na cama do jeito mais natural possível, só o suficiente pra Mariana não ver muito caso resolvesse se virar, e desci. Meu rosto encostado na barriga dele, a calça abaixada o bastante, o pau saltando como se estivesse me esperando.
Eu me ajeitei devagar, com o coração acelerado e o grelo latejando só pela ideia de chupar ele ali, com minha prima a poucos metros. Abaixei a calça dele um pouco mais, abri a boca e deixei a língua escorregar por toda a extensão, lenta, como se estivesse saboreando cada centímetro. Ele arfou, jogou a cabeça pra trás. Eu sorri por dentro. Adorava saber que tinha esse poder. Chupei com vontade, com aquela fome que vem do meio das pernas, fazendo ele gemer baixo, tentando se segurar.
Mas foi no meio da chupada que minha mente me traiu.
Veio a imagem.
Aquela porra daquela foto do meu padrasto.
A rola enorme, gorda, cheia de veias… insuportavelmente deliciosa. A lembrança bateu com força. E aí o gosto do pau do meu namorado virou outra coisa na minha boca — virou um ensaio. Um treino. Um teste pra saber se eu conseguiria encarar aquela outra. A que eu ficava olhando em segredo.
Me senti ainda mais molhada.
Comecei a chupar com mais vontade. Mais profunda. Meu maxilar já doía, mas eu não parava. Eu queria fazer ele gemer alto, gozar na minha boca, me agarrar pelos cabelos.
Ele começou a gemer mais forte, as mãos apertando o lençol. Eu também fazia barulho, chupando molhado, gemendo junto sem conseguir disfarçar. O quarto se encheu de som, de respiração pesada, da minha boca babando no corpo dele.
Foi aí que eu ouvi a cadeira ranger.
A piranha da minha prima não se aguentou e resolveu virar.
— Que boqueteeeeeira! — falou ela com tom baixo e rindo.
Eu tava com o pau enfiado na boca, quase na garganta, quando ouvi isso. O jeito que ela falou foi engraçado demais e me pegou desprevenida. Não teve como — comecei a rir, e claro, engasguei.
— Porra, Mariana! Sai daqui! — falei limpando a boca, com a voz meio falhada.
— Vocês estavam fazendo muito barulho. Eu fiquei curiosa. — ela respondeu, toda cínica, encostada na mesinha do computador.
— Então fica quieta, porra. — rebati, voltando pro que eu tava fazendo.
O moço do ônibus tava jogado na minha cama, entre o desespero e a alegria. A cara dele era um misto de “socorro” e “meu Deus, que sorte a minha”.
— E você, rapaz… se falar alguma coisa pra minha prima… — minhas unhas já estavam cravadas nas bolas dele, apertando firme. Ele gemeu alto, num misto de dor e prazer, e entendeu rapidinho. — Ouviu bem?
Para atrapalhar tudo ou diminuir o fogo um grito veio lá debaixo.
— PIIIZZAAAAAAAA!
Era hora de comer.