Capítulo 48
Ela tinha forrado a cama com uma toalha grande e me indicou o lugar pra deitar. Tirei a calcinha nervosa, tentando não demonstrar, mas meus olhos estavam grudados no celular ao lado. Do lado da cama, numa cadeira, ela tinha arrumado tudo: o pote da cera, uma espátula, uns cremes, pinças. Parecia uma clínica improvisada.
— Amor, passa esse creme aqui em você, bem passado, tá? — ela me estendeu o tubo.
Peguei e comecei a espalhar pela pele, mas confesso: nem ouvi direito o que ela dizia. Ela falava sobre o procedimento, explicava detalhes, parecia até se divertir, mas eu estava aérea. A cabeça longe, só esperando meu telefone vibrar.
— Você tá muito nervosa, garota. Calma. — ela disse, rindo.
Eu ri também, nervosa.
— Não é por causa disso não, Diana. É que eu tô esperando ele me ligar… mandei uma foto perguntando como ele queria, sabe?
Ela me encarou arqueando a sobrancelha, aquele sorriso malicioso aparecendo.
— Danada. Mas tu vai entrar nessa de se depilar só pra agradar homem?
— Ah! Que mal tem? Coitado!
— Dez minutos atrás você tava dizendo que homem não presta. O seu presta?
Suspirei, meio sem graça:
— Não coloco a mão no fogo não…
E mal terminei de falar, o celular vibrou. O coração me deu um salto. Peguei rápido e li a mensagem.
“Caramba, Julinha, que delícia, fiquei de pau duro aqui no trabalho.” Era ele respondendo
— Trabalho sei… — falei alto, entredentes. Diana, que não era boba, percebeu na hora e fez uma cara cúmplice, como se já soubesse do que se tratava.
Com as duas mãos, disparei a resposta antes mesmo de pensar muito:
“Então me mostra… deixa eu ver ele durão, deixa?”
Eu ri satisfeita e apertei enviar.
— O que foi, por que você tá rindo? — ela quis saber, arqueando a sobrancelha.
— Uai, mandei um nude. Ele falou que tava de pau duro e eu quis ver. — falei sem vergonha.
— Você é fogo, garota. — respondeu balançando a cabeça, mas dava pra ver que ela se divertia.
E a tortura começou. Primeiro, o toque quente da cera escorrendo. Quente mesmo, parecia queimar, mas ao mesmo tempo dava um arrepio estranho que subia pela barriga e me fazia arrepiar até o couro cabeludo. Ela espalhava com a espátula, firme, passando várias vezes pra grudar bem. Eu me encolhia, rindo nervosa.
Depois vinha o toque das mãos dela ajeitando, esticando a pele com os dedos. Isso me deixava ainda mais desconcertada, porque era íntimo demais — a mão dela ali, abrindo espaço, ajeitando, como quem tem toda a autoridade do mundo sobre meu corpo.
— Respira… — ela avisou, com a calma de quem sabe que eu ia xingar.
Um puxão seco, rápido.
— Ai, puta que pariu, isso dói! — gritei, me contorcendo, quase chutei a toalha.
Ela riu da minha cara, toda profissionalzinha, como se não tivesse feito nada demais. Eu levantei a cabeça e olhei. Lisinha. Nem um pelinho sequer. A pele vermelha, quente, ardendo como fogo.
Doía pra caralho, mas eu fiquei besta: era bonito de ver. Uma sensação de frescor esquisita, como se tivesse tirado uma camada inteira da minha vida junto.
— Pode continuar, vai… — falei mordendo o lábio, corajosa, mas com os olhos colados no telefone ao lado, esperando ele vibrar de novo.
Diana voltou a espalhar outra porção de cera, soprando de leve antes de encostar. O barulhinho da espátula raspando já me dava arrepio. Eu sabia: cada puxada era uma facada.
O celular vibrou do meu lado — uma foto. Eu quase morri de vontade de abrir na hora. Mas se eu abrisse, Diana ia querer ver também. E eu queria que ela visse, na real… só que se ela ficasse puta, eu ia sair dali com a buceta depilada pela metade ou ia aproveitar o momento para fazer eu sentir dor real, e eu não estava afim de ser torturada. Melhor esperar. E a dor, caralho, a dor não me deixava pensar direito.
Ela começou pela parte de cima, bem na “testa” da buceta. Espalhou devagar, soprando de novo, e eu já fui me encolhendo, rindo nervosa.
— Segura, garota… respira fundo.
RÁÁÁS!
— Puta que pariu, Diana! — dei um tapa no colchão. — Parece que arrancou minha alma junto!
Levantei a cabeça: lisinho, lisinho. Eu olhava e ria, meio besta, porque parecia pele de bebê. E ardia feito o cão.
Depois ela foi pros grandes lábios. Eu já tava de suadeira. O jeito que ela esticava com os dedos me deixava mais nervosa do que a própria dor. Era íntimo demais, parecia que ela tava brincando comigo, segurando pra ver minha cara.
— Ai, não, aí não! — reclamei, mas já era tarde.
RÁÁÁS!
— Ahhhhhh caralho, porraaaa! — gritei alto, mordendo a toalha.
Ardia, queimava, mas junto vinha uma sensação estranha, meio elétrica. Eu me mexi na cama e senti o corpo todo arrepiar.
— Tá gemendo, Julinha? — ela riu debochada. — Vai dizer que tá gostando?
— Vai se fuder, Diana… — respondi rindo, mas meu peito subia e descia rápido. — Eu tô é morrendo aqui.
Aí veio a parte final, o cu. Eu gelei.
— Diana, não, aí não… deixa os fio de recordação!
— Cala a boca e fica quieta. — ela respondeu séria, mas o sorriso no canto da boca entregava a maldade.
Ela passou a espátula devagar, bem devagar. O calor bateu fundo, e eu não sabia se ria, se chorava ou se gozava.
— Segura firme…
RÁÁÁS!
— AHHHHHHH! — eu gritei, mas ao mesmo tempo comecei a rir descontrolada, batendo a mão na cama. — Puta que pariu, isso dói demais, mas… nossa senhora, parece que deu um choque no meu cu!
Diana caiu na risada junto comigo, limpando os restos de cera. Eu ainda tremia, entre dor e uma pontinha de tesão maldito que não fazia sentido nenhum.
Lisinha. Ardendo inteira, mas lisinha.
Eu sou péssima de contar história, mas vou falar: a coisa não foi ruim não. O que é ruim mesmo são as poses. Puta que pariu, principalmente na hora de tirar atrás. Ficar com a bunda aberta, segurando igual um frango depenado, é muito esquisito.
No final, ela pegou um troço pra limpar tudo e tirar os restos da cera. Apertava com força, parecia que queria arrancar o que restava do meu couro. Eu gemia de dor e ela ria da minha cara. Mas aí veio o creme… meu Deus. Que coisa reconfortante. Um alívio imediato, parecia que a ardência tinha sumido como mágica.
Me levantei pra olhar o resultado no espelho, segurando as beiças com as duas mãos.
— Que bom, achei que tu tinha arrancado meu grelo junto! — falei rindo, ainda com medo de olhar direito.
— Idiota! — Diana rebateu, rindo também.
Peguei o telefone da cama. Respirei fundo. Olhei pra ela, pensando pela última vez se valia a pena fazer aquilo. Eu podia simplesmente mostrar uma conversa com ele, mas não tinha nada ali que despertasse o interesse dela. Podia soltar o nome dele, mas aí ela ia rir e dizer: “ih, o meu também se chama assim”.
Não. Eu tinha que ser certeira. A foto era a prova. Com o pau dele na tela, ela não ia ter como negar. Foda-se se a sapatona não reconhecesse o próprio namorado pelo pau, né? Aí já era problema dela.
Mas eu precisava armar bonito. Não podia entregar de bandeja. Eu tinha que fazer de um jeito que fosse ela quem achasse que tinha descoberto tudo, e não eu.
O celular queimava na minha mão, e eu — que não valho porra nenhuma — soltei sem pensar duas vezes:
— Olha… acho que ele respondeu com uma foto. — falei sonsa, como quem não quer nada.
Corri os dedos rápido na tela, coração martelando. Lá estava: homem é bicho burro mesmo. A rola dele, inconfundível, escancarada. E pra piorar, não estava “trabalhando” porra nenhuma. No fundo dava pra ver a cama dele, a porra da bermuda jogada de lado. Ele não trabalha de bermuda.
Se eu estivesse em casa, em outro clima, talvez até tivesse batido uma siririca com aquela foto, porque ele era um safado gostoso. Mas ali… ali era outra coisa. Ali o tesão deu lugar a uma vertigem.
Eu ri, forçando naturalidade.
— Quer ver, Diana? — falei, mordendo o canto da boca.
Ela arregalou um pouco os olhos. — Tu não se importa de eu ver a rola do teu namorado, não?
— Qual o problema? Olha…
— Então tá bom…
Me joguei do lado dela na cama, o corpo ainda quente da depilação, e virei o celular na direção dela. O silêncio que se instalou foi pesado. Eu conseguia ouvir o coração dela batendo junto com o meu.
