Capítulo 74
Depois do grito, o susto foi tão grande que a boceta literalmente secou num estalo. Eu tava lá no banho, mão no meio das pernas, quase chegando no ponto, quando veio aquela batida seca e o berro ecoando. Pareceu que era na porta do banheiro e não no quarto, e a porta tava só encostada, o cu travou na hora. Eu nem conhecia direito a casa da tia, e tocar siririca no banheiro dos outros é horrível pra cacete – parece que as paredes têm ouvidos e olhos.
Gritei um “já tô saindo!” pra disfarçar, coração na boca. Saí da banheira pingando, me sequei às pressas com a toalha que tava pendurada, passei um creme rápido na cara e no corpo. Peguei minha mala, joguei em cima da cama , abri e fiquei pensando e rindo do moleque.
— Por que diabos tá me batendo uma vontade monstra de atentar ele? — murmurei pra mim mesma, olhando pro teto como se esperasse meu anjinho da guarda aparecer para me dar juízo. Mas acho que esse aí eu não tenho, o desgraçado deve ter fugido faz tempo, deixando só o capeta rindo no meu ombro.
Eu tinha levado três pijaminhas na mala. Um era só uma camisola de algodão simples, que cobria tudo mas ainda dava pra imaginar o que tinha embaixo. Outro era uma coisinha mais bonitinha, comportada, com rendinha nas bordas e tinha até um robe para acompanhar, eu trouxe caso eu precisasse sair do quarto à noite.. E o terceiro era o conjuntinho short com blusinha que eu amava pra caralho, mas tinha que tomar cuidado porque o tecido era fino demais, a alça caía toda hora deixando o peito quase escapando, e o troço marcava o corpo inteiro, desenhando a curva da bunda e o volume da pepeca como se eu tivesse saído pelada e colado um pano por cima.
Advinha qual eu coloquei? O conjuntinho short com blusinha, óbvio, aquele fino pra caralho que mal segura as tetas e marca a pepeca!
Cruzei a porta do quarto e ele já vinha subindo as escadas, prato na mão com uma pizza e um refrigerante, todo bonzinho de menino educado. Eu, lembrando que sou a adulta da parada, falei:
— Ahn amor, obrigada, me dá aqui.
Peguei o prato e o copo com cuidado pra não derrubar nada.
— Vamos comer na cozinha? Não é bom comer dentro do quarto.
— Mas eu como, minha mãe não liga. — Falou o adolescente chato.
— Você come porque no quarto porque o senhor é um porquinho, senhor Tomtom.
Ele riu e foi me seguindo até a cozinha, tipo um cachorrinho atrás do osso.
Nos sentamos na bancada, um de frente pro outro. Tomei cuidado de puxar minha cadeira um pouquinho mais pra trás da mesa – motivo simples: toda vez que eu me inclinasse pra pegar algo, ele ia ter uma visão boa demais de mim, tipo ingresso pro show particular.
E não deu outra. Homem acha que disfarça, acha que a gente é boba e não nota. Eu dava espaço pra ele ficar à vontade, fingia que não via nada. Mas toda vez que meu olho pegava o dele, tava cravado dentro da minha blusa.
Desci o olhar pra ver o que ele via: no máximo a auréola, clarinha na pele. Meus peitos são lindos, todo mundo elogia, duas pedras firmes, bico bonitinho quando tá eriçado – só queria que fossem mais juntinhos, eles são separados demais esses safados.
Uma hora foi engraçado, eu tava coçando a perna, acho que foi o sal de banho, devia ter tomado uma ducha depois pra tirar aquilo. Tive que me inclinar mais, e aí já viu, abriu uma janela inteira. Quando subi e fiquei reta de novo, ele tava com a cara quase enfiada na minha blusa. Claro que percebeu que eu vi, a cara dele ficou branca e parou de falar no meio da frase.
— Garoto! — falei fingindo ofendida, apertando a blusa me protegendo. — Tá olhando o que, tarado?
— Não tia, eu tava olhando o seu pingente — ele apontou pro cordão de ouro fino com estrela e lua. Às vezes eu esquecia que tava usando, nunca tirava.
Eu ri, precisei me conter pra não gargalhar alto e acordar a casa inteira. Tentei falar séria, mas o riso me atropelou como um caminhão.
— Tomtom… Tomtom!
— Você não pode ficar secando as meninas assim!
O meu tom professoral saiu extremamente idiota, qualquer um com o mínimo de auto preservação teria mandado eu ir tomar no cu.
— Você nunca viu uns peitinhos, menino? — emendei na sequência.
Ele pigarreou, pensou um segundo…
— Não, ao vivo não… — falou triste, olhos cravados na pizza pra não ter que me encarar.
A vontade de levantar a blusa na hora e falar “Então dê uma boa olhada nesses dois aqui, rapaz!” foi gigante, mas resisti bravamente. Era divertido porque dele eu não tinha medo nenhum – do meu padrasto eu tinha, e olha até onde eu cheguei com aquele traste.
— Ah! Ao vivo não, mas no celular… Fica vendo pornografia, isso afina o pinto, hein! — falei zombando dele.
— Mentira, afina nada, e eu nem vejo muito. — falou com a certeza igual ao pai.
— Sei… — olhei pra ele com uma cara cínica, maliciosa e analítica, julgando deliberadamente pra deixar o moleque sem graça.
— Você vê pornografia, tia?
— Tia? Eu não sou tua tia não, moleque… — respondi isso não porque me incomodasse, mas pra fugir da pergunta na cara dura.
Ele coçou a cabeça rindo, se serviu de mais um pedaço, cortou e comeu uma garfada. Continuou só quando esvaziou a boca.
— A gente é primo, né?
— Não, mas a sua mãe ia ser minha madrinha! — respondi pensando como o meu futuro seria melhor com isso.
— Mas eu queria que você fosse minha prima!
Eu gargalhei nessa hora.
— Não, moleque, não ia querer não — na hora veio a lista de todos os primos que eu peguei, e pensando nele sendo um adolescente tarado que é, mudei de ideia. — É, acho que você ia gostar de me ter como prima, sim. Eu sou legal.
— Se você fosse minha prima eu ia te pedir uns conselhos.
— Jura? Que conselhos? — Não preciso ser sua parente pra te dar um ou outro conselho.
Ele pensou, parecia formular a ideia na cabeça. Olhou pros meus peitos de novo enquanto eu cruzava os braços na mesa. Só tirou quando eu apontei pros meus olhos com os dedos, mostrando pra onde ele devia olhar de verdade.
Ele respirou fundo, sem graça de novo. E continuou.
— Tem uma menina na escola que eu gosto dela, mas eu não sei chegar nela. Ela é autista e não entende as coisas direito.
— Mas autista como? — perguntei curiosa. — Existem muitos tipos de autista.
Aquilo me bateu um leve desespero.
— Ela é do tipo de hiperfoco só.
Dei uma garfada, meu último pedaço.
— Chama ela pra sair, ué!
— Assim, do nada? — ele fez uma cara de espanto como se isso fosse algo inimaginável.
— Ué, sim, tem que ter coragem! — juntei os talheres no prato, esvaziei o copo e fui pra pia. — Leva ela pro cinema e dá uns beijinhos.
— Mas Tia Júlia, errr… — ele viu o erro e se corrigiu rápido. — Julinha, eu não tenho coragem, e ela não dá abertura, e se mesmo que eu conseguisse, eu nem sei beijar!
Eu tava de costas, brigando com a consciência se deixava o prato sujo pra faxineira amanhã ou não. Minha atenção dividida entre o que ele falava e onde estariam os olhos dele – eu sabia que tava vendo minha bunda, esse short deixava ver a estampa da calcinha e era bem justo pra caralho. Mas o que ele falou me pegou de surpresa.
— Pera aí, eu ouvi direito? — me virei pra ele, que ficou envergonhado por ser pego no flagra, mas ignorei. — Você nunca beijou na boca?
Ele ficou vermelho, quase escondeu a cara dentro do prato.
— Não é pra me zoar, por favor — o tom saiu de choramingo.
Eu não quero nem dizer o que se passou na minha cabeça nessa hora, mas já tinha um plano se formando, tipo um capeta sussurrando no ouvido.
— Moleque, termina de comer isso, sobe, toma seu banho e escova os dentes.
E o cachorrinho obedeceu na hora, sem reclamar.
Eu gostei pra caralho da obediência dele.
E descobri ali no meio da cozinha, que gente obediente me deixa molhada.

