Capítulo 75

Ele subiu pro banho e largou o prato pra trás, tipo “lavo depois”. Pra quem queria deixar tudo sujo, agora eu tinha duas louças pra encarar. Não ia morrer por causa disso, lavei tudo na pia, limpei a mesa e guardei o resto da pizza no micro-ondas pro café da manhã – coisa que eu amo fazer, pizza fria é vida.

Minhas pernas e braços coçavam terrivelmente, já tavam ficando vermelhos. Peguei o celular e comecei a pesquisar.

— É, eu sou burra! Burra é pouco pra não saber que tem que tomar ducha depois da banheira.

Ri da minha tragédia pessoal e subi pro quarto pra tomar outro banho antes que eu rasgasse a pele a unhada de tanto coçar.

No caminho, peguei o telefone e resolvi ligar pra Mariana, ver se a raiva dela tinha passado. Eu queria muito que ela viesse ficar comigo. Liguei sem esperança nenhuma, mas pra minha surpresa atendeu no primeiro toque.

— Oi prima! — a voz era sorridente, meu coração se encheu de alegria e um sorriso enorme brotou na boca. Não precisava de mais nada pra saber que tava tudo bem.

— Mariana, a gente tem que conversar, por favor…

— Ah, Julinha, minha raiva passou, deixa isso pra lá, tá?

— Sério? — perguntei surpresa.

Geralmente a gente não ficava brigada por muito tempo, mas nunca foi algo tão grave quanto da última vez. Se eu tivesse que me explicar pra ela ia ser pior, pelo visto ela resolveu jogar a sujeira pra debaixo do tapete e esquecer. Pra mim era bom, então segui em frente.

— Vem pra cá, prima, eu tô sozinha na casa da tia Katia.

Informação importante: a tia Katia era arqui-inimiga da mãe da Mariana, logo isso seria um problema enorme. Tinha que arquitetar direitinho, mas eu já tinha um plano.

— Você sabe que minha mãe não vai deixar eu ir pra casa da piranha rica, né?

— Relaxa, você vai receber um telefonema — falei toda maldosa, como se tivesse um plano pra destruir o mundo.

Nem desliguei a ligação com Mariana e já disquei pra minha mãe, escolhi a melhor voz de manha que eu tinha no estoque – aquela que faz ela derreter e me dar o que eu quero.

— Mãe, tudo bem?

— Sim, filha, e como tá aí?

— Ahn, mãe, eu tô morrendo de medo de ficar aqui… Fiquei sozinha o dia inteiro, o menino nem fala comigo, parece que eu tô num filme de terror.

— Julinha, você não tá pensando em desistir no primeiro dia, né? Tu vai me ferrar se fizer isso, garota! — minha mãe tomou um gole de ar daqueles dramáticos. — Tu nem pense numa coisa dessas, sua irresponsável!

Eu nem tinha falado nada e ela já ficou puta da vida, tipo vulcão em erupção.

— Não, mãe, escuta por favor? — tive que esperar ela parar de me ameaçar, pacientemente, mordendo a língua pra não rir. — Eu tô sozinha aqui e tô com saudade de casa, medo de tudo… Queria saber se a Mariana não podia vir pra cá, só até eu me acostumar com a casa. Senão eu vou chorar a noite toda, juro.

Minha mãe fez um silêncio do outro lado – devia estar pensando, pesando o drama na balança.

— Você sabe que a Katia não vai gostar de Mariana aí, não sabe?

— Ahn, mãe, a gente não tem culpa das brigas de vocês de trezentos anos atrás.

Eu tinha razão, a gente não tinha culpa mesmo. As duas se odiavam desde a era glacial, mas isso não era problema meu.

O plano era exatamente esse: deixar minha mãe nervosa achando que eu ia surtar e querer voltar pra casa, aí ela ia correr pra convencer a tia da Mariana que era “questão de vida ou morte” a prima vir ficar comigo. Minha tia é doida, mas não rasga dinheiro e sabe que minha mãe não pode vir pra cá por causa do padrasto. Um pouquinho de maldade? Pode ser. Mas eu nunca que ia sair daqui, não sou louca.

Mandei um zap pra Mariana avisando que a bomba tava armada e fui arrumar a cama para dormir. Parei na frente do espelho: pernas cheias de manchas vermelhas, parecia que um gato tinha me usado de arranhador.

— Espero que a ducha resolva isso! — falei alto, coçando uma marca que eu mesma tinha feito com a unha.

Na porta, o pequeno cidadão resolveu dar as caras.

— Oi! — todo sorridente. — Eu tomei banho!

— Ahn, que bom. Eu vou tomar outro pra ver se livro essa coceira do inferno.

Expliquei que não era alergia, era só o sal de banho que eu não sabia que tinha que enxaguar direito. Ele riu da minha cara, óbvio, como se eu fosse a única idiota do planeta que nunca tinha usado banheira na vida. E era mesmo.

Aí eu lembrei que ele era o meu cachorrinho obediente.

— Tomtom, eu vou tomar banho. Você vai ficar aqui no meu quarto?

— Eu posso? — perguntou como se eu estivesse expulsando ele.

— Pode. Eu vou deixar a porta do banheiro aberta, mas não é pra você entrar lá, hein?

— Tá… — fez uma carinha assustada.

— Ouviu bem? — me aproximei um passo, abaixando a voz só um tiquinho. — Eu vou estar peladinha, tomando banho, água caindo… se entrar vai ver tudo, tudinho. Não entra.

Ele engoliu seco, os olhos já brilhando de curiosidade e medo misturado.

— Tá bom… não entro.

— Promete?

— Prometo.

Ele se jogou na beirada da minha cama, de frente pro banheiro, mas dali só dava pra ver o espelho e a pia. Tentou falar alguma coisa, abriu a boca, desistiu e só ficou me seguindo com os olhos, caladinho feito um anjinho tarado.

Entrei no banheiro, liguei o chuveiro e, quando fui tirar a roupa, veio a ideia genial. Olhei pro chão e calculei direitinho o ângulo que ele pegaria da cama. Ri baixinho, maliciosa pra caralho.

Tirei a blusinha devagar e joguei bem no chão, no exato ponto que ele ia ver.

— A blusa… — sussurrei, rindo só de imaginar a cara dele.

Depois o shortinho desceu. Joguei no mesmo lugar.

— O short já foi…

Arranquei a calcinha de uma vez, sentindo o ar frio no meu travesseirinho, e joguei por cima das outras peças.

— Tomtom, você não tá me olhando não, né?

— Tô nem olhando pra porta! — ele respondeu cantando, voz tremendo.

Mentira do caralho. Eu sabia que tava olhando.

Meu corpo suava com essa brincadeira idiota, a buceta babava quente, fazendo poça. Me lembrei da siririca interrompida mais cedo e quase gemi alto.

— Nossa, essa porra me excita… — pensei, enquanto a mão desceu sozinha.

Passei dois dedos rapidinho entre os lábios, só um carinho rápido, e caralho, tava encharcada, melando tudo, quente e escorregadia. A sinetinha latejava pedindo mais, mas eu só dei uma roçadinha de leve, mordendo o lábio pra não soltar um gemido e denunciar.

Respirei fundo, entrei debaixo do chuveiro e deixei a água cair. O banho era coisa rápida: não queria lavar o cabelo, era só passar sabonete e tirar o resto do sal da pele. Mas eu que não valho nada, queria saber onde ele estava e o que tava fazendo. Pensei que ele ia estar na porta, se espremendo pra tentar ver meu reflexo no espelho do banheiro.

Deixei o chuveiro ligado, me sequei rapidinho e me enrolei na toalha. Num movimento de assalto, dei um passo e botei a cara pra fora da porta.

Eu esperava pegar ele bisbilhotando… mas o que vi me deixou de boca aberta e quase explodindo de rir.

— TOMTOM, VOCÊ TÁ BATENDO PUNHETA?? — Soltei num grito de espanto que abalou a casa inteira.

Ele tava parado bem na frente da porta, ligeiramente abaixado, com o pinto pra fora do short, segurando com as duas mãos numa punhetinha patética e desesperada. Nem deu pra ver direito o pau dele, só um borrão de mão indo e voltando rápido, cara vermelha, olhos arregalados de pânico.

Eu me segurei pra não cair no chão gargalhando. O moleque congelou no lugar, o pobre do pintinho ainda na mão, como se tivesse levado um tapa na cara.

— Não… é que… eu… eu… eu estava…

— O senhor estava tocando punheta me vendo pelada? Eu falei pra você não entrar!

O garoto podia ter corrido, me agarrado, me beijado, qualquer coisa… eu tava ali de toalha, claramente provocando. Mas não. Ficou parado, catatônico, o pintinho ainda na mão, morrendo de vergonha.

— Julinha me perdoa, não conta pra minha mãe não, por favor eu faço o que você quiser!

Quando ele soltou o “eu faço o que você quiser”, minha cabeça já viajou num filme inteiro de putaria. Podia chantagear o moleque pro resto da vida. Mas eu conseguiria tudo dele sem precisar disso, porque eu não presto mesmo.

— Tomtom, isso que você fez é horrível. Você merece ser punido.

Eu não tinha autoridade pra castigar ele de verdade, qualquer problema era ligar pros avós. Mas acho que a vovó não ia curtir saber que o netinho tava batendo punheta pela casa inteira.

Fui no banheiro, peguei minha roupa do chão. Olhei pra calcinha: o fundo tava com uma baba de lesma, brilhando. Ainda tava excitada pra caralho por causa da siririca interrompida quando a vesti, e a marca do crime tava ali, escancarada.

— Toma isso — estendi a calcinha pra ele, balançando na ponta do dedo. — Já que você queria tanto ver minha calcinha… agora lava. Com a mão.