Capítulo 4

Barbara chegou atrasada, cabelo preso de qualquer jeito, olhos vermelhos de cansaço, mas com aquele brilho safado que eu conhecia melhor do que ninguém. Trouxe a bolsa de sempre e mais uma de viagem preta, que tentou esconder atrás das costas como se eu fosse burro. Apenas fingi que não sabia o que tinha dentro.

— Amor, tô acabada, estágio foi um inferno, preciso de banho e cama — soltou logo na porta, voz arrastada, testando se eu ia comprar a historinha dela.

Eu comprei na superfície, claro, mas a gente se conhece: ela queria que eu fosse o macho que não aceita “o estou cansada”, que arranca o tesão na marra pra salvar o namoro. E eu precisava provar que ainda era esse cara, mesmo que por dentro minha cabeça estivesse no dedo no meu cu, no vídeo, no Guilherme de camiseta molhada, no pau latejando só de lembrar do vizinho afeminado.

Então entrei no personagem.

Peguei as duas bolsas da mão dela e joguei num canto do sofá como se não valessem nada. Puxei ela pela cintura, beijei forte, língua invadindo sem pedir licença, e a mão já subindo por baixo do vestido, direto pra dentro da calcinha quente. Apertei a boceta com vontade, dedos abrindo os lábios, sentindo o grelo adormecido, mas eu percebi que estava ligeiramente molhada apesar do papo de cansada.

— Leo… tô suada, para… — tentou escapar, rindo nervosa, pernas se fechando no meu pulso.

— Cala a boca — rosnei no ouvido, mordendo o lóbulo, apertando mais forte, sentindo o calor subir na palma da mão.

Ela gemeu, corpo traindo a boca, quadril rebolando sozinho contra meus dedos. Ela fazia um joguinho também, eu sabia que ela ia querer se preparar, então deixei ela fugir pro banheiro, mas não sem dar um tapa forte na bunda que ecoou no hall inteiro.

— Vai tomar banho, gostosa. Depois da janta você me dá tudo que eu quiser, tá ouvindo?

Ela virou de lado, mordendo o lábio, olhos faiscando.

— Tudo mesmo?

— Tudo — respondi, voz grossa, pau latejando na bermuda.

Ela sumiu rindo pro banheiro e eu fiquei ali na sala, respirando pesado, olhando pro nada, fingindo tão bem que quase engoli a própria mentira. Pedi comida japonesa, abri uma cerveja gelada, joguei o corpo no sofá e deixei o jogo rolando na TV só pro barulho. Dez minutos depois a campainha tocou.

— Quem caralho é agora? A comida não voa — resmunguei, levantando só de bermuda fina e chinelo.

Olhei no interfone e o estômago virou do avesso: era o Guilherme.

Barbara estava pelada no banho, mas era ele ali quem fez meu pau dar sinal de vida só de ver ele ali na câmera, de roupa seca agora, camiseta cinza larga, short de moletom, andando sem graça, olhando pros lados como se tivesse medo do mundo. Eu podia ter atendido no portão, resolvido em dez segundos e mandado embora. Mas não. Abri o portão e chamei ele pra dentro, até a porta da casa, longe da rua, longe de qualquer olhar curioso.

— Quem é, amor? — gritou ela lá do banheiro.

— Vizinho, gata! Termina teu banho que a comida tá quase chegando! — respondi alto, sabendo que ela ia demorar mais uma hora fácil: depilação completa, máscara no cabelo, creme pra caralho na cara perfeita, hidratação, maquiagem leve, perfume… conheço a mulher que eu tenho.

E ali vinha ele, passo curto, vacilante, corpo magro balançando leve, olhando pro chão. Quando chegou perto, ergueu aqueles olhos grandes e baixou de novo.

— Fala aí, irmão?

— Oi… tudo bem? — voz baixa, quase sussurrando, risadinha sem graça. — É que… você falou da internet, mas eu esqueci de pedir a senha.

— Vacilamos feio nisso — falei, encostado no batente, olhando ele de cima, pau meia-bomba latejando na bermuda fina só de ver aquele jeito mole, aquela boca carnuda. Dei um aperto descarado na rola por cima do tecido, coisa que sempre fiz na frente dos amigos pra zoar, e ele viu na hora.

— Entra aí um segundo que eu te passo — mandei, voz grave, olho de predador.

— Não precisa, eu espero aqui mesmo, não se incomoda — respondeu rápido, voz fina, como virgem que não quer dar.

Eu sabia a senha de cor, óbvio, mas queria era segurar ele ali. Peguei o celular, fingi procurar nas configurações.

— Porra, tu curte videogame?

— Gosto sim! — ele animou na hora, olhos brilhando, abrindo uma janela que eu precisava.

— Fifa, jogo de luta, tiro, corrida… essas coisas — falei, dando outro aperto na piroca, agora já dura pra caralho, volume evidente na bermuda. Ele olhou, desviou, olhou de novo.

— Poxa, eu não jogo nada disso — lamuriou, decepcionado. — Eu gosto mais de moba ou mmorpg!

— Conheço porra nenhuma disso — admiti, rindo, ainda fingindo mexer no celular só pra ganhar tempo. Na real eu nem jogo nada, o videogame no quarto é de enfeite, comprei pra comer uma mina gamer e nem sei ligar direito.

Ele botou a mão na boca como uma mulher, pareceu que ia falar algo, riu envergonhado e desistiu — Na real, a vergonha é que eu peguei ele novamente com os olhos abaixo da minha barriga, e para não deixar ele sem graça, eu fingi que não percebi e continuei.

— Mas cola aí qualquer dia, traz uns jogos pra cá! — joguei o lance. — Me passa teu número aí.

Falei no tom que sempre funcionava, aquele tom de macho que nunca leva não.
Ele me olhou de cima a baixo, parou no volume da bermuda, e soltou do nada, rindo curioso:

— Você tá de pau duro?

A frase caiu no ar como uma bomba.

Eu juro que na minha cabeça eu já tinha puxado a bermuda pra baixo, pau saltando pra fora, cabeça rosa brilhando, só pra ver a cara dele, só pra ver se ele ia ajoelhar ali mesmo na porta e me mamar com aquela boquinha carnuda. Mas eu ainda era o velho Leo, o enrustido covarde, então fiz o que eu sempre fiz: ataquei pra me defender.

— Para de olhar minha piroca, seu viado! — soltei rindo alto, voz grossa, de macho alfa. — Eu tava fodendo quando você chegou!

Ele deu uma risadinha sem graça, levou a mão à boca, gesto afetado pra caralho, olhos arregalados como se tivesse levado um choque.

— Meu Deus… me desculpa!

— Relaxa, mano. Ela tá no banho agora.

Fingi que era brincadeira de amigo, mas o pau latejava tanto que doía. Troquei número com ele rapidinho, digitando com uma mão enquanto a outra disfarçava o volume. E aí eu percebi: toda vez que eu olhava pro lado, ele tava olhando de novo. Quando eu pegava no flagra, ele não desviava mais. Só sustentava o olhar com aqueles olhos grandes, brilhando, olho de viado vendo pica, curioso, safado, sem medo.

Eu queria ficar puto. Queria dar um soco na cara dele, chamar de fresco, mandar tomar no cu. Mas o máximo que eu conseguia era ficar com mais tesão ainda.
O pau pulsando, pré-gozo molhando a cabeça da bermuda, coração na garganta.

— Beleza, te mando a senha por mensagem — falei, com a voz rouca.

— Tá bom… valeu, Leo — ele respondeu baixinho, mordendo o lábio sem querer.

Ele virou pra sair, bundinha balançando no short de moletom, e eu fiquei ali parado na porta, respirando pesado, olhando ele ir embora, pensando que se a Barbara demorasse mais cinco minutos eu chamava ele de volta e acabava com essa porra de fingimento de uma vez.

Mano, como eu queria bater uma punheta agora.