Capítulo 5
A comida chegou logo em seguida. Barbara saiu do banheiro com o cabelo molhado enrolado em uma toalha e com um roupão curto, sem nada por baixo e pele cheirando a sabonete caro. Ela sentou na mesa e começou a comer falando sem parar: estágio, chefe chato, amiga que brigou com o namorado, blá blá blá. Eu sorria, acenava com a cabeça, respondia “aham”, “sério?”, “que filha da puta”, mas na real minha cabeça tava a milhas dali. Só via o Guilherme olhando pro volume da minha bermuda e perguntando baixinho “você tá de pau duro?”, a boca dele abrindo, os olhos brilhando. Juro que eu queria mandar ela calar a boca, pegar o celular e mandar mensagem pro moleque: “cola aqui agora pra jogar videogame”, e a gente sabe que videogame não ia ser.
— Amor… Léo? — ela chamou duas vezes até eu voltar do transe. — Acorda, você tá me ouvindo?
— Claro que tô, desculpa — peguei um sushi, mergulhei no shoyu devagar, fingindo concentração. — Tô pensando em mais tarde, acho que tô meio nervoso.
Mentira do caralho. Putaria nunca me deixou nervoso. Eu tava era louco pra saber o que ela trouxe naquela bolsa preta e dando a mínima para o que ela estava tagarelando.
Ela largou os hashis, tomou um gole de vinho, me encarou com aquela cara preocupada que sempre fazia quando eu agia estranho.
— Olha Leo, você não precisa fazer nada que não queira. É só falar, eu não fico chateada. Tá tudo bem?
— Não amor, não é isso — fiz drama, voz baixa, cara de cachorro pidão. — Eu quero muito, vai ser foda experimentar coisa nova, só tô nervoso, normal. Relaxa.
Estiquei a mão por cima da mesa, peguei a dela, dei meu sorriso de comercial de pasta de dente. Ela sorriu de volta, acreditou. Puta merda, como essa mulher é linda. Um cabelo lindo, pele perfeita, olhos claros, corpo que qualquer mulher morreria pra ter. Inteligente pra caralho, rica pra cacete, mais que eu, e ainda corre atrás do que quer, estágio, faculdade, tudo. Se meu pai dependesse de mim pra alguma coisa, a empresa já tinha quebrado faz tempo. Eu odeio trabalhar, odeio responsabilidade, odeio acordar cedo. Minha vida era praia, academia, balada e fingir que era o macho perfeito.
E ali, olhando pra ela, eu senti uma pontada de culpa misturada com carinho de idiota apaixonado. Porque eu amava a Barbara de verdade. Só não amava do jeito que ela merecia e isso era o maior plot twist da minha vida.
O jantar acabou, deixei os pratos empilhados na mesa, amanhã a empregada resolveria isso. Ela levantou correndo, enfiou o último sushi na boca como se fosse a última comida do planeta e já saiu falando de boca cheia, correndo pro quarto:
— Vai escovar os dentes e me espera no quarto, tá?
Eu ri de nervoso, coração já acelerando. Ia ser agora. Minha bunda tava oficialmente em jogo. Mas, conhecendo a Barbara, não ia ser nada apocalíptico: ela curte experimentar, mas é fraquinha na execução, sempre acaba rindo no meio e a gente termina no básico mesmo.
Levantei rindo sozinho, obedeci como bom menino e fui pro banheiro de hóspedes, o meu, ela tinha ocupado pra se preparar, e eu sabia que se entrasse lá eu quebraria a surpresa, que era sempre a mesma coisa, alguma lingerie bonita que eu ia ter que fingir ter pena em tirar. Fiquei me olhando no espelho, escovando os dentes, cabelo bagunçado, cara de quem vai perder a virgindade.
— AMOOORRR! — gritou ela lá do quarto, voz de quem já tá pelada e mandona.
— OIII! — respondi no mesmo tom, pasta de dente na boca.
— Eu quero você peladinho na cama quando eu entrar, hein!
Eu cuspi a pasta, gargalhei sozinho no espelho, terminei o resto e saí do banheiro já pelado, pau balançando semi-duro, dando sinal de vida. Entrei no quarto, coloquei aquela meia-luz âmbar que deixa tudo mais gostoso, botei um som baixinho com uma playlist de R&B safado que ela adora, ajeitei as cortinas e, antes de deitar, não resisti a dar uma espiada rápida pela janela pra casa do lado. Luzes apagadas do lado de cá, nada pra ver. Se o Guilherme se mudar pro quarto da frente, eu vou ter vista VIP se ele esquecer a cortina aberta. Tentei não pensar nisso, balancei a cabeça para tentar tirar o pensamento da cabeça e desarrumei a cama para deixar tudo mais aconchegante.
Deitei pelado, coberta até a cintura, pau agora completamente duro encostando na barriga, e fiquei esperando. Do banheiro principal vinham os xingamentos clássicos dela:
— Que boceta! Como coloca essa porra?!
— Precisa ser engenheiro da NASA pra vestir essa merda?!
Eu ri baixinho. Certeza que era mais uma cinta-liga completa, caríssima, com mil ganchinhos que ela jura que é só encaixar. Linda pra caralho, mas uma guerra pra colocar e tirar. Já vi ela quase chorar de raiva tentando desabotoar sozinha. Eu odeio aquela porra, mas amo ver ela se contorcendo pra me agradar.
Não demorou e a porta do banheiro se abriu devagar, com aquele clique dramático que ela adora fazer.
Barbara surgiu inteira na luz dourada do abajur, e eu gelei.
Salto agulha preto altíssimo, verniz brilhando como se fosse molhado. Meias sete-oitavas pretas com renda grossa na coxa, subindo até onde a carne aperta e marca. Robe curto de seda preta, aberto só na frente, revelando a cinta-liga completa: tiras grossas de elásticas, quatro ganchos de cada lado prendendo as meias, sutiã de renda preta que empurrava os peitos pra cima, deixando os bicos quase escapando. Cabelo preso num coque alto bagunçado, fios soltos caindo no pescoço, batom vermelho sangue, olho preto esfumado, cara de puta de luxo.
Ela parou na porta, apoiou uma mão na cintura, a outra segurando o robe meio aberto, e sorriu de canto, lenta, perigosa.
— Pronto pra brincar, bebê?
O pau deu um salto tão forte que levantou a coberta inteira.
Ela veio andando devagar, com o salto fazendo barulho enquanto caminhava, quadril rebolando, robe balançando. Quando chegou na beirada da cama soltou o laço com um puxão só. A seda escorregou pelos ombros e caiu no chão como se tivesse vida própria.
E aí eu vi.
Cinta-liga preta completa, sutiã de renda preta que mal segurava os peitos, calcinha fio dental … e preso bem no meio da virilha dela, inteiro preto como se quisesse seguir a escolha de cores , um cintaralho de pau preto maciço, grosso o suficiente para intimidar, comprido uns 20 cm fáceis, cabeça arredondada e lisa, balançando a cada passo que ela dava de forma intimidadora. Parecia uma porra de uma arma de silicone, absoluta, sem detalhe de pele, sem nada que lembrasse humano, só um bloco preto enorme, ameaçador, apontando direto pra mim.
Meu cu se contraiu sozinho como se tivesse levado choque. Eu soltei um “caralho” rouco, sem ar, olhos arregalados, coração na boca.
Ela subiu na cama de joelhos, o pau preto balançando pesado entre as pernas dela, batendo na coxa a cada movimento, e se inclinou sobre mim, cabelo caindo no meu peito, boca colada na minha orelha.
— Hoje quem manda sou eu, gostoso.
Eu só consegui arfar baixinho tentando disfarçar um sorriso sem graça, de puro pânico. Na minha espinha, o medo subia me deixando nervoso, meus olhos foram diretos para a porta do quarto como se meu corpo inconscientemente estivesse procurando uma rota de fuga.
Eu me sentei na cama, sem conseguir dizer uma palavra, as mãos apertavam fortes do lençol, e eu fiquei ali, duro, estático, imóvel.
Meu cu estava para jogo. Finalmente.

