Capítulo 9

Eu não sei quanto tempo aquilo durou. Quando finalmente consegui falar alguma coisa, Lelê desligou o aparelho. O som da vibração cessou e o silêncio pareceu mais alto. Eu ainda ria, nervosa, o cabelo caindo sobre o rosto, o corpo inteiro tremendo num resquício de prazer. Senti o ar frio tocar minha pele quente e quase quis me esconder.

Ela desligou o brinquedo e ficou me olhando. Quietinha.

— O que foi? — perguntei, o corpo rígido de repente. — Eu fiz alguma coisa errada? Desculpa…

— Não, nada.

O olhar dela era fundo. Um brilho vivo no meio das pupilas dilatadas. A boca entreaberta, os lábios rosados e molhados, um resto de sorriso esquecido no canto.

— Fala alguma coisa… — pedi, rindo sem graça, tentando ajeitar o cabelo.

— Violeta.

A voz veio baixa.

Ela se sentou do meu lado e tocou meu ombro. O toque foi leve, mas atravessou tudo.

— Oi… — respondi, mais séria, porque o ar tinha mudado. Ficou denso. Quente.

— Quer me pegar?

A pergunta me suspendeu. O peito se apertou, e o ar precisou ser empurrado pra fora pra que eu conseguisse falar. A cama sumiu debaixo de mim. Fiquei flutuando naquela tensão doce, o corpo balançando no ritmo da respiração dela.

Eu sorri, tímida, rendida.

— Quero… mas eu não sei…

Não terminei.

O ar quente dela chegou primeiro. Depois, a respiração batendo na minha boca. Meus olhos se fecharam no exato instante em que a luz do quarto pareceu recuar.

O beijo veio lento. Quase um toque de boca. Um roçar demorado que começou inocente, mas carregava um mundo novo pra mim. Os lábios dela eram macios, tinham gosto de cosmético e o sal leve da pele. Ela pressionou um pouco mais e senti a língua, tímida, pedindo passagem. Um toque de ponta, depois uma mordida curta no meu lábio inferior. Eu abri, e ela entrou.

A língua dela era quente e curiosa, encontrando a minha num ritmo preguiçoso, como se estivesse aprendendo. Nada urgente. Só o tempo certo de um corpo que quer e ainda não precisa. A respiração dela misturava na minha, e cada novo toque era uma espécie de teste: um roçar, um encaixe, um deslizar de lábios que me deixava mole.

Ela se aproximou mais. O corpo inteiro dela veio junto. Senti o peso leve do peito pressionando o meu. Os seios pequenos dela se achatando contra os meus, o calor se espalhando rápido entre nós. A pele dela tinha cheiro de sabonete e suor limpo, uma mistura doce e úmida que me fez fechar os olhos mais forte.

As coxas se encontraram e se encaixaram, uma contra a outra, como se sempre tivessem sabido o lugar. O ventre colado no meu criava um atrito mínimo, quase imperceptível, mas cada movimento da respiração fazia tudo se roçar. Eu sentia o corpo dela se moldando no meu, o quadril buscando espaço, a mão escorregando da cama pra minha cintura.

Ela subiu os dedos devagar, tocando o tecido da minha blusa, riscando o caminho até o contorno do meu seio. Quando parou ali, não apertou — só manteve a mão aberta, aquecendo a pele por baixo do pano. A sensação era como se um pulso novo tivesse nascido entre o toque e o meu coração.

O beijo continuava. Agora mais firme. As línguas se reconheciam. A respiração se confundia. Eu já não sabia se o tremor vinha dela ou de mim.

Lelê afastou os lábios por um segundo, o nariz roçando no meu, e sussurrou, sem voz:

— Posso continuar?

Eu só consegui balançar a cabeça, sem voz. O que saiu foi um suspiro quebrado.

Ela voltou. O beijo veio mais fundo, com fome. O corpo dela pesou sobre o meu, colando inteiro. Eu sentia o coração dela bater contra o meu, o mesmo ritmo desgovernado. O cheiro era puro desejo, recente, quente, vivo.

Ela guiava o movimento. O ritmo acelerava e eu me perdia nele. Dentro da calcinha, o calor escorria. Ela arfava, pedindo toque, e eu me abria, entregando o corpo, buscando a coxa dela que se roçava em mim. A mão subia até o meu seio, firme, fazendo círculos lentos que empurravam a pele pra cima, mudando a pressão a cada volta. Era diferente, era bom. Eu derretia.

Os gemidos começaram a escapar pelos beijos. Quando nos encaixamos, senti o sexo dela por cima das roupas finas, quente, pulsando. Um medo miúdo me atravessou. Eu não sabia o que fazer, se devia tocar, beijar, só sentir. Mas eu queria. Queria tudo. A boca, a mão dela, o corpo inteiro contra o meu.

Meu pijama fugiu do corpo como se nunca tivesse me pertencido. O embaraço que ainda restava na cabeça se desfez no instante em que percebi Lelê sobre mim — leve, quase sem peso, o corpo dela encaixado no meu. Ela se movia devagar, se esfregando, as mãos explorando tudo o que podiam alcançar, enquanto a boca alternava entre beijos e mordidas curtas.

Eu tentava acompanhar, tateando o corpo dela, aprendendo os contornos, a pele lisa e quente, o deslizar que respondia ao toque. Tudo nela era novo e me fazia querer mais.

Lelê deslizou as mãos até meu peito, me olhou por um segundo, e então se abaixou. Os lábios encontraram meu seio, primeiro num beijo úmido, depois num toque de língua que fez o ar sair dos meus pulmões em um gemido curto. Ela chupou devagar, sugando o bico entre os lábios, alternando o ritmo, ora suave, ora fundo, até a pele arder de prazer.

A língua dela girava em voltas lentas, provocando, e cada sucção parecia puxar meu corpo inteiro para dentro dela. A mão livre brincava com o outro seio, apertando, beliscando, acompanhando o movimento da boca. Eu arqueei, sem conseguir controlar.

O prazer subia em ondas, queimando. Eu segurava os cabelos dela sem saber se queria que parasse ou continuasse — e cada vez que ela sugava mais forte, eu perdia o fôlego e só conseguia gemer o nome dela.

Lelê levantou o rosto devagar, os lábios ainda úmidos do meu peito. Subiu com beijos curtos, lentos, espalhando calor pelo caminho até encontrar minha boca outra vez. O gosto dela se misturava ao meu, o beijo vindo pesado, cheio de ar quente e saliva.

Ela mordeu meu lábio inferior e sorriu contra ele antes de descer de novo. O corpo dela se moveu com precisão, o cabelo roçando na minha pele, a língua riscando meu ventre até que parou ali — no limite da minha calcinha.

Os dedos deslizaram pelo elástico, brincando, puxando de leve, e então ela levantou o olhar pra mim, perguntando sem palavras. Eu não consegui falar. Só assenti.

Lelê sorriu de canto e puxou o tecido devagar, sentando-se para ver a roupa escorregar pelas minhas pernas. O ar frio encontrou minha pele quente e me arrepiou inteira. Ela segurou minhas coxas, afastando só o suficiente, e ficou ali por um instante, olhando. Um olhar que queimava.

Lelê se inclinou entre minhas pernas, o ar quente da respiração dela batendo na pele sensível. Eu sentia o coração no pescoço, batendo rápido, o corpo tenso e curioso. Ela não teve pressa. Passou a ponta dos dedos pela dobra da minha coxa, subindo devagar, desenhando caminhos curtos que paravam antes do centro. O toque era leve, quase um teste.

O quarto cheirava a pele e sabonete misturados com algo novo, mais úmido, um cheiro que eu sabia vir de mim. Lelê baixou a cabeça, o cabelo roçando nas minhas pernas, e respirou fundo como se também quisesse entender aquilo.

Ela passou o dedo sobre mim, só uma vez, e o toque foi tão sutil que pareceu mais vento que pele. Eu tremi. Ela observou, voltou, agora um pouco mais firme. O som era pequeno, molhado.

Os dedos dela exploravam o contorno, separando, abrindo, conhecendo. De vez em quando ela olhava pra cima, como se pedisse confirmação, e eu só conseguia respirar, deixando.

A primeira lambida foi lenta, plana, de baixo pra cima. A língua quente deixou um rastro que fez meu corpo arquear. Não doeu, não assustou, mas me deixou exposta de um jeito novo. Ela repetiu, mais curta agora, e parou.

— Assim tá bem? — sussurrou, quase sem voz.

Eu balancei a cabeça, o som não saía.

Ela continuou. A língua fazia movimentos pequenos, circulares, como se aprendesse onde tocar. A ponta passava por cada dobra, se detendo nos lugares onde eu reagia mais. Quando eu tremia, ela voltava. Quando eu suspirava, ela diminuía o ritmo.

Os dedos vieram junto, um deles deslizando com cuidado, só até a entrada, sem entrar de verdade. Ela usava a outra mão pra me manter aberta, e o toque era quente, constante. Eu sentia o próprio corpo reagindo, pulsando, se moldando à boca dela.

Nada era apressado. Cada movimento parecia uma pergunta. O prazer não vinha em explosão, mas em ondas curtas, subindo e recuando, deixando o corpo leve. O som da respiração dela se misturava ao meu. Eu fechava os olhos e deixava, sentindo o medo se misturar à vontade, até tudo virar só calor e pele.