Capítulo 12

Ela tava deitada com as pernas dobradas, joelhos apontando pra cima, coxas abertas, me olhando com a boca entreaberta e aquela expressão quase precisa de quem já tá esperando o prazer chegar, só aguardando o primeiro toque. A buceta dela tava inchada, vermelha, brilhando, e a visão daquela pose quase me fez esquecer todo o resto e simplesmente cair de boca de novo. O vibrador descansava do lado dela, encostado na coxa como se estivesse só aguardando a sua vez.

Daquela posição, enquanto eu tentava encontrar um equilíbrio minimamente digno pra fazer o que a gente ia queria, eu meio que me via de fora. Parecia que eu tava olhando de cima: duas mulheres encaixadas num ângulo estranho, num tipo de sexo que, se alguém tivesse me descrito uma semana antes, eu ia chamar de exagero de roteiro. “Imagina”, eu teria dito, “eu, tesourinha, vibrador, outra mulher”. Pois é. Imagina.

Desci o meu corpo devagar, ainda sem encostar de verdade, e senti o calor dela subindo, quase sólido, batendo na minha pele antes de qualquer contato direto. Era como estar chegando perto de um fogão ligado: você não toca, mas sente.

— É só encostar e esfregar? — perguntei o óbvio, porque eu sou essa grande referência em prática lésbica.

— Vai — ela respondeu, numa calma professoral irritante, como se estivesse ensinando alguém a estacionar em vaga apertada. — Encosta devagar e vai roçando. Cuidado só pra não socar osso com osso, porque dói, tá? Vai devagar, procurando o ponto. Eu vou deixar você mexer sozinha. — A mão dela veio pro meu quadril, me dando apoio, sustentando meu peso. — É meio difícil achar o jeito certo, mas relaxa que vai dar muito bom. Você vai ver.

Quando finalmente encostei, foi um choque quente, úmido, macio. Não tinha nada a ver com pênis, dedo, nada que eu conhecesse. Era pele em pele, carne em carne, dois centros de nervo se roçando com cuidado, como se estivessem se cheirando pela primeira vez. Meu corpo respondeu na hora, como se tivesse esperado a vida inteira por um negócio que eu nem sabia que existia. E, pela primeira vez naquela noite, eu não senti culpa nenhuma. Só curiosidade e tesão.

A primeira coisa que eu senti não foi nem ela. Fui eu.

Minhas mãos subiram quase sozinhas pros meus próprios seios, como se eu precisasse de um ponto de apoio pra não desmanchar. Apertei com força, num beliscão meio torto, tentando conter o nervoso que subia de baixo pra cima, um fio quente que começava no meio das pernas e ia roubando força do resto do corpo. Era como se eu estivesse derretendo de dentro pra fora.

O cheiro dela veio inteiro no meu nariz, denso, quente, misturado com o nosso suor. Me deu uma tontura besta, meus olhos viraram por um segundo e eu tive que respirar fundo pra não rir, nem chorar, nem pedir desculpa por estar gostando tanto.

Quando eu arrisquei o primeiro movimento, um cavalgadinha tímida, quase um teste, o calor entre nós acelerou na hora. Eu só deslizei um pouco, indo e voltando, e um gemido escapou de mim antes que eu conseguisse pensar se era alto demais, ridículo demais.

Embaixo, a Lelê se mantinha quase imóvel, só o suficiente pra segurar as pernas semiabertas, ajustando o corpo pra aumentar o atrito. Era como se ela tivesse decidido que aquela parte era minha: eu que encontrasse o ritmo, o ponto, o caminho. Às vezes ela só apertava minha cintura, guiando milímetros, corrigindo rota sem tirar a condução da minha mão. Ou melhor, do meu quadril.

A sensação era… estranha de um jeito bom. Parecia duas bocas se beijando, mas sem língua, só aquele roçar macio, insistente, cheio de nervo. Cada vez que eu passava por um certo ponto, alguma coisa em mim tremia por dentro, como se um fio elétrico fosse sendo descascado aos poucos.

O som veio depois. Primeiro eu fingi que não tava ouvindo, mas aí ficou impossível ignorar: um barulho molhado, indecente, misturado com minha respiração falhando e os suspiros dela, que não eram exatamente gemidos, mas também não eram inocentes. Aquilo me deu mais tesão do que qualquer coisa. Era prova concreta, auditiva, de que aquilo estava mesmo acontecendo. Que eu tava ali, fazendo aquilo, com ela.

O tesão começou a me comer por dentro, paciente e cruel. Eu fui perdendo a vergonha do movimento e comecei a acelerar sem perceber, o corpo indo sozinho, como se já soubesse a coreografia e eu é que estivesse atrasada na música. Cada vez que eu deslizava, a fricção aumentava, o calor se espremia num ponto cada vez mais específico, e a linha entre prazer e exagero foi ficando tão fina que eu parei de tentar entender.

Quando o tesão me pegou de jeito, parecia que a luz do quarto apagou-se, tudo ficou escuro de repente. Eu deixei de ser gente e virei só corpo, só pulsação, só esse tesão monstruoso que me desmontava inteira. A cada esfregada o calor crescia, subia pela barriga, estourava no peito. O movimento deixou de ser bonitinho, delicado e virou brutal mesmo, sem poesia, sem frescura, buceta na buceta, osso batendo, suor escorrendo. Eu sentia minhas coxas tremendo enquanto eu rebolava em cima dela, sem pensar, só raspando, raspando, raspando, como se minha vida dependesse daquele atrito.

O barulho… meu Deus, o barulho. Um chape-chape indecente, molhado, nojento, delicioso, quente. A cada deslizada eu sentia o líquido escorrendo, se juntando, pingando entre nós e fazendo tudo ficar mais fácil, mais molhado, mais urgente. Eu já não era mais cuidadosa, eu queria me esfregar forte nela até perder o ar. Queria a cara dela estampada de vergonha e tesão ao mesmo tempo.

E tava. A cara da Lelê tava vermelha, os olhos brilhando daquele jeito que ela faz quando tá quase gozando.

— Porra, Violeta… — ela gemia alto, sem controle, as mãos segurando minha cintura como se eu fosse fugir.

Eu não fugi. Eu cavalguei mais forte. Mais rápido. As unhas cravaram naturalmente nela, primeiro no peito pequeno, depois no braço, depois na barriga e quando eu percebi, eu tava apertando a pele dela como se quisesse rasgar. Senti ela arfar quando minhas unhas desceram pra perto do quadril dela, e aquilo só me deixou mais louca.

— Caralho… — ela arfou — assim eu vou gozar.

Eu ri, debochada, ofegante, quase desmaiando de prazer.

— Não vai, não — provoquei, mesmo sabendo que eu mesma tava por um fio.

A gente se friccionava inteira, num encaixe imperfeito e maravilhoso, aquele tipo de cena de qualquer pornô barato. O calor entre nós virou uma coisa viva, um bicho, uma entidade. Eu sentia o clitóris roçando no dela, a pressão exata, aquele choque elétrico que subia rápido, tão rápido que dava medo.

E aí ela fez.
A desgraçada fez.

Lelê esticou o braço sem avisar, pegou o vibrador do lado da cama, ligou no máximo e enfiou ele entre nós duas — entre as nossas bucetas, no meio do atrito, encaixando como se quisesse nos eletrocutar por dentro.

Eu perdi o ar.

Juro. Eu perdi o ar.

O impacto foi tão forte que minhas pernas falharam. O vibrador pressionava nossos clitóris juntos, esmagando num ponto que parecia uma explosão prestes a acontecer. Eu grudei nela com as duas mãos, enterrando minhas unhas na bunda dela, puxando, apertando, tão fundo que senti escorregar e arranhar o cu da pobre.

— Ahhh, caralho… — eu gemi tão alto que me deu vergonha na hora.

Mas não tinha mais controle. Já era tarde.

O quadril dela subiu num espasmo violento, e o meu respondeu igual. A vibração batia direto no ponto exato, parecia que atravessava o osso, a coluna, o mundo. Eu senti o orgasmo vindo do fundo da barriga, bruto, nervoso, urgente, sem classe nenhuma. Não era gemido, não era suspiro — era quase um grito.

A gente gozou juntas.

Juntas e feio.

Juntas e forte.

Eu senti o corpo dela travar e depois tremer, e o meu fez igual, como se ela fosse um espelho meu. O vibrador deslizou no meio da bagunça molhada, e aquilo intensificou tudo, fazendo meu clitóris pulsar tantas vezes que eu perdi a contagem. Eu tremia de baixo pra cima, as pernas falhando, a vista escurecendo nas bordas, a alma saindo pela buceta.

Eu tentei me segurar nela — e falhei.

O orgasmo veio tão violento, tão extenso, tão interminável que, quando finalmente consegui respirar, meu corpo cedeu. Literalmente. Minhas pernas dobraram e eu… caí da cama.

De bunda no chão.

O vibrador ainda ligado rodopiou pra longe, fazendo aquele barulho irritante de abelha elétrica enquanto eu ficava ali, estatelada no piso frio, suada, zonza, rindo e gemendo ao mesmo tempo, sem conseguir decidir se eu tava viva ou se eu tinha morrido e continuado.

Lelê ficou na cama, sem fôlego, rindo com a barriga.

Eu no chão, derrotada pelo próprio prazer.

E por um segundo — só um — eu pensei:

“Se isso é errado, eu não quero estar certa nunca mais. Essa foi 10 de 10.”