Capítulo 16
Eu odiava ele. Odiava. Mas não podia negar… havia um carinho ali, um afeto silencioso, enraizado, que resistia ao tempo e à mágoa. Ele se aproximou devagar, como quem dá um beijo pela primeira vez, hesitante… e me tocou os lábios com um beijo terno.
Só que meu corpo… meu corpo fez o favor de não sentir aquilo como carinho. Não. O que atravessou minha pele foi um tesão bruto, violento, que me pegou desprevenida, que me fez estremecer por dentro.
As nossas línguas se tocaram… e, no mesmo segundo, tudo ficou mais encaixado, mais molhado, mais inevitável. E, no fundo, eu lutava contra mim mesma, me xingando, me ofendendo… “puta que pariu, tu tá fazendo essa burrice.” Mas era isso… havia amor. E havia tesão. A porra do tesão.
Fui perdendo o ar conforme o beijo foi ficando mais intenso, mais fundo… as nossas línguas dançavam dentro das nossas bocas como num balé perfeito, onde os dançarinos conhecem cada centímetro do palco… e, principalmente, conhecem muito bem o parceiro.
Cada chupadela, cada lambida, cada mordida… tudo no tempo certo, no lugar certo, com a precisão de quem já fez aquilo mil vezes e, ainda assim, se surpreende. Eu sentia calafrios me varrendo, como se o vento frio do ambiente surrasse meu corpo quente, suado, entregue… enquanto, por dentro, eu sabia: tava fudida.
Eu apertava o pau dele com força, sem nem perceber. Meu Deus… como eu gostava daquele pau. Um riso escapou no canto da boca, involuntário, quando esse pensamento bateu, e ele percebeu, claro que percebeu.
Na hora, nem pensei. Só passou pela minha cabeça: “Agora… que se foda!”
Me abaixei sem pedir, sem cerimônia, como se ele fosse meu — porque era, sempre foi — e coloquei a cabeça do seu pau na minha boca, ali mesmo, por baixo da coberta.
Arranquei o primeiro gemido quando engoli inteiro de uma vez, até o fundo, e puxei pra cima com força, num movimento seco, rápido… o som saiu alto, molhado, indecente.
O pau dele tava quente… pulsando… vivo. A pele tão suave, tão lisa, que parecia camurça… e eu não parava de passar nos meus lábios, esfregando de leve, enquanto salivava cada vez mais, molhando tudo, preparando… como quem lubrifica a própria vontade.
Do lado de fora da coberta, ouvi a voz dele, baixa, quase tímida, mas carregada de intenção:
— Posso filmar?
Afastei a coberta que cobria meu rosto, olhei pra ele, curiosa, com aquele meio sorriso que eu sempre fazia quando queria provocá-lo.
— A gente nunca fez isso… fez?
Ele pensou, coçando a barba rala com o polegar.
— Não… A gente até pensou, mas… o celular era ruim, lembra? As fotos e os vídeos ficavam tudo escuro…
Ri, concordando.
— Pode… pega o meu telefone, que é melhor.
Ele se esticou pro meu lado da cama, pegou o aparelho, destravou com facilidade — ele sempre teve a senha, nunca escondemos nada. Clicou em alguns botões, colocou na câmera e segurou o telefone apontando para mim.
— Pronto.
Voltei a trabalhar com a boca, focando na cabeça dele, do jeito que ele sempre gostou… e que eu já tinha feito inúmeras vezes.
Enquanto lambia devagar, passando a língua pela glande, pensei na gente. “Quantas coisas eu deixei de fazer coisas com ele?”, me perguntei no meio daquela entrega. Ele era meio quadrado, sempre foi. Nunca tinha pedido pra fazer anal comigo, por exemplo. Nem parecia ter vontade… talvez medo, talvez desinteresse.
Oral, pra ele, sempre foi só na cabeça — dizia que se eu tentasse enfiar tudo, ele se agoniava, perdia o tesão. Teve uma vez que pedi pra ele me enforcar e ele não quis, ficou com medo.
Mas… o sexo com ele sempre foi bom, não posso mentir. Ele é carinhoso, paciente… sabe esperar, se preocupa em me fazer gozar, sempre se colocou em segundo plano só pra me ver me derretendo. Às vezes até me irritava, porque parecia que ele fazia mais por mim do que por ele.
Só que agora… agora tinha essa coisa nova entre a gente. E essa ideia — ser filmada por ele — me pegou de um jeito que eu não esperava. Acendeu uma chama, uma vontade absurda de me mostrar, de deixar ele ver, guardar, talvez rever depois, punhetando sozinho, quem sabe…
— Olha pra mim enquanto me chupa.
A voz dele me puxou de volta, densa, quente.
E eu obedeci.
Levantei o rosto, mantendo a boca aberta, a língua passando devagar pela cabeça dele, os olhos cravados nos dele… e, por trás, a câmera, registrando tudo. Ele tinha o olho preso na tela, na boca um riso de satisfeito, por vezes ele mordia os lábios e soltava um “Nossa!”
Comecei a sensualizar de propósito.
Lambi devagar, deixei a saliva escorrer pela lateral, fiz aquele barulho molhado que ele sempre gostou, enquanto segurava a base com firmeza, apertando e soltando no ritmo da minha boca.
Desci, beijei a parte interna da coxa dele, passei a língua pela veia que corria na lateral do pau, e depois subi de novo, sugando com mais força, enfiando até onde ele sempre deixava, até ouvir aquele gemido abafado que eu já conhecia tão bem.
E, no meio de tudo, virei o rosto de leve… e olhei pra câmera.
Deixei ele me filmar, me mostrando ali: de joelhos, lambendo, chupando, brincando, me exibindo… gostando.
E, no meio daquele prazer automático, me dei conta… Era a segunda vez que eu fazia aquilo. Segunda vez que eu pedia pra ser filmada. Pra quem nunca gostou dessas coisas, eu tava me estranhando demais.
Mas… eu tava ali, chupando ele, me divertindo com aquilo, como se não houvesse mais nenhum problema entre nós. Como se a gente não estivesse se separando.
Masturbava ele com vontade, beijava, lambia, mordia… me exibindo descaradamente, fazendo caras e bocas, gemendo baixinho só pra provocar… até que, do nada, ele jogou o celular de lado.
— O que foi? Acabou a bateria?
— Não… — ele deu aquele meio sorriso — já filmei demais… senão fica muito longo.
Ri, mordendo o canto da boca, ainda com a mão nele.
— Entendi… E o que você quer agora? Tem que ser rápido… preciso dormir, amanhã acordo cedo.
Ele ficou um segundo em silêncio, me olhando… e soltou:
— Queria fazer uma coisa diferente.
Arqueei a sobrancelha, meio debochada:
— Você, Junior… fazendo coisas diferentes… Tô curiosa.
Ele riu e mandou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:
— Vamos colocar esse vídeo na televisão… pra gente assistir… e se tocar juntos?
A ideia me pegou de surpresa. Era excitante, claro… mas pra quem tava a fim de ser comida, aquilo foi meio um balde de água fria.
Mas sei lá… eu tava aberta a novas maluquices. E quis experimentar aquilo.
Me ver… chupando o Junior… aquilo podia ser legal.
— Nossa… pode ser… Achei que você queria me comer.
— Quero, sim… mas… vamos ver juntos?
Assenti, rindo, meio sem acreditar nessa versão ousada dele.
— Sim… coloca na televisão do quarto. Não quero ir pra sala mais, não.
Ele pegou meu telefone e sincronizou com a TV.
Na hora que a imagem congelada apareceu, não consegui segurar… ri.
Tudo grande demais na tela. Meu rosto descabelado, aquela cara de safada… e a rola do Junior parecia imensa, absurda, como se ocupasse metade da televisão.
— Dá o play logo, pelo amor de Deus… — implorei, enfiando a cara no travesseiro, morrendo de vergonha.
— Por quê? — ele perguntou, rindo, provocando.
— Nossa… que vergonha…
Ver a gente ali… me bateu um constrangimento enorme, um calor estranho que subiu pelo peito.
Eram uns oito minutos de vídeo… oito minutos meus, de joelhos, fazendo boquete nele… e aquilo nunca acabava.
Eu olhava de lado, meio sem conseguir encarar direto, meio excitada, meio envergonhada.
Tinha um tesão esquisito em me ver… a boca aberta, a língua trabalhando, os olhos fechados, a respiração ofegante… Eu me achava sexy e, ao mesmo tempo, pensava: “Meu Deus… olha isso.”
Junior, do meu lado, já se masturbava devagar, tranquilo, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
E eu… eu tava molhada, claro. Com tesão, óbvio. Mas… não tava tão relaxada assim pra me tocar na frente dele.
Na minha cabeça passou um pensamento rápido, prático: “Ah, não… não vou tocar siririca… o vídeo termina, ele me come… e a gente dorme.”
Simples assim.
Só que… nunca era tão simples, né?
Quando o vídeo acabou, soltei um suspiro, meio aliviada. Tinha gostado, claro… mas fiquei meio nervosa, não sei explicar… Fiquei parada ali, quieta, só esperando pra ver o que o Junior pretendia fazer.
Ele ficou mexendo no celular, tranquilo, como se não tivesse nada demais ali.
— Tem outro pornozinho… Quer ver? — soltou, como quem sugere um filme qualquer.
— Outro pornozinho? Ahhnn, Junior… — revirei os olhos, sem muita vontade. Sinceramente, não queria ver outro, mas… também não queria ser a chata que corta o clima.
Ele não esperou resposta. Colocou outro vídeo e deu play.
Eu me ajeitei na cama, encostando nele, enquanto ele se preparava pra rodar o vídeo.
Só que… quando eu olhei pra tela…
Me reconheci.
O choque veio seco, direto.
Aquele não era o meu quarto.
E aquele homem… não era o Junior.
Era eu.
Dando pra outro cara.
— Junior… que porra é essa? — soltei, arregalando os olhos, com a voz meio falhando, meio travada.
E o sangue gelou nas veias.