Capítulo 17
Era eu na tela. De quatro, dando pra outro cara. De fundo, a voz da Manu me incentivando, rindo, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Eu assistia aquilo com o coração acelerado, uma vergonha quente subindo pelo pescoço. Parecia que eu tava drogada, em transe, entregue de um jeito que nem eu reconhecia. Quem não me conhecesse ia achar que era exagero, atuação barata, mas eu sabia… aquilo era real. Eu lembrava da sensação de ser comida daquele jeito, da cama tremendo, da minha pele suando, da porra escorrendo. Só que agora, vendo ali, do lado do Junior, o vídeo que eu mesma tinha mandado pra ele, tudo doía diferente. Tinha um gosto amargo. Eu tinha me arrependido no mesmo segundo em que apertei “enviar”, mas segurei firme. Agora, vendo a cena na TV, me arrependia mais ainda.
— Junior, tira isso. Eu não tô me sentindo bem.
Ele nem falou nada. Só clicou no telefone e pausou o vídeo. E, na tela enorme da TV, lá estava eu: de quatro, com um pau enfiado até o fim dentro de mim, a pele molhada, escorrendo, meu cuzinho aparecendo entre as coxas abertas. Nem eu sabia que ficava desse jeito. Aberta, babada, devassa. E a pausa, naquele frame congelado, foi mais constrangedora do que se ele tivesse deixado rodando até o final.
— Desculpa, eu achei que seria legal assistir junto com você. — Ele fez uma pausa esperando a minha reação que não vinha — Pelo jeito não curtiu não é mesmo?
— Não…
Ele tirou o vídeo da televisão, me devolveu o celular e levantou sem dizer uma palavra. Nenhum boa noite. Também não dei. Foi até o banheiro, ficou lá uns minutos, e quando saiu, passou direto pro computador. Não voltou mais. Às vezes ele dormia no escritório, quando ficava até muito tarde jogando, só pra não me acordar. Mas naquela noite, eu sabia… não era por consideração. Era distância mesmo.
Eu fiquei ali na cama um tempo, parada, sem piscar, o quarto abafado, o som do ventilador riscando o silêncio. Depois levantei, fui até o banheiro, acendi a luz e me encarei no espelho. Tinha alguma coisa estranha no meu rosto, um ar cansado, um negócio meio opaco. Sem pensar, penteei o cabelo. Era tarde, eu ia dormir, mas me sentia feia, sabe? Daquele jeito que não é sobre maquiagem nem roupa, é uma feiura que vem de dentro. Escovei os dentes e me sentei pra fazer xixi, tentando organizar a cabeça.
No meu telefone, uma mensagem da Manu.
“E aí? Alguma novidade chefinha?”
Nem respondi. Não tinha o que dizer. Eu não conseguia pensar. Não conseguia racionalizar nada. Era uma mistura esquisita de vergonha, tesão, moralismo barato e um calor no meio das pernas que teima em não passar. Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Ou achava que sabia. Porque quando ele colocou aquele vídeo, o do cara me comendo, eu senti tesão, claro que senti. O Junior sabia. Quando ele ficou fazendo pergunta, quando ele me fez falar, foi difícil segurar. Mas aí a coisa concretiza. Aparece ali, gigante, real. E ele… normaliza. Como se fosse rotina. Como se fosse só mais uma putaria nossa. E isso… isso mexe. É fogo.
Terminei e olhei pra calcinha.
— É… não dá pra dormir com isso.
Tava encharcada. Molhada de um jeito indecente. Peguei, fui até a pia, lavei com sabonete, esfregando com cuidado, para disfarçar o crime. Torci bem, deixei pendurada no box. Escovei os dentes, passei meus cremes, tentando seguir a rotina como se fosse uma noite qualquer. Mas não era. Mesmo depois de me limpar, me secar direitinho, eu sentia. Continuava escorrendo. Uma aguinha quente que brotava de dentro, descia pelas coxas, e me deixava ainda mais irritada.
— Cacete de tesão que não vai embora. Caralho, Junior… que ódio eu tenho de você!
Foi aí que veio a ideia de me aliviar. Só que a verdade é que eu nem lembrava mais quando foi a última vez que tinha me tocado sozinha. Nunca fui boa nisso. Me faltava imaginação, concentração, clima. Pra funcionar, eu precisava estar com um tesão desgraçado e num lugar extremamente silencioso. Eu até tinha um vibrador — na real, um massageador velho — que sempre me serviu bem. Masturbação, pra mim, nunca foi romântica. Era prática. Eu só esfregava até o gênio sair da lâmpada. Nunca fui dessas de fantasiar com gente, com lembranças, com cenário. Minha cabeça não ajudava.
— Se bem que tem o vídeo… — falei comigo mesma, meio sem pensar.
Talvez hoje fosse o dia de tentar. Porque se eu deitasse daquele jeito, com esse tesão todo atravessado, eu sabia que não ia dormir.
Fechei a tampa do vaso, encostei ali mesmo, tentando encontrar uma posição minimamente confortável. E me senti ridícula. Aquela pose, aquele lugar, aquela tentativa… me dava uma sensação de adolescente descobrindo o corpo escondida no banheiro da casa dos pais. Mas o calor entre as pernas tava ali, insistente, grosso, quase pulsando. E eu… eu tava à beira. Talvez fosse isso que eu precisava: me deixar ir. Nem que fosse só pra conseguir dormir.
E eu comecei. Deixei meus dedos correrem por cima dela, devagar, espalhando a minha própria umidade. Estava quente, escorrendo, o cheiro do meu tesão subindo no ar como um lembrete do que eu tinha tentado ignorar. Na hora meu corpo deu sinal, aquele arrepio no baixo ventre, a respiração que falha antes mesmo de ficar ofegante. Aquilo ia acontecer. Eu sabia. Esfreguei em volta do clitóris, com leveza, fazendo círculos lentos com a ponta dos dedos, e ficou gostoso muito rápido. O corpo já pedia mais, o quadril começava a se mover sozinho, e era como se eu já estivesse entrando em outro estado.
Lembrei dos vídeos. Peguei o celular com a outra mão e abri o primeiro. Era o mais recente, o que o Junior tinha filmado. Eu me assisti com estranhamento, como se fosse outra pessoa. A minha boca chupando com calma, a saliva escorrendo, meu olhar provocando a câmera. A forma como eu apertava o pau dele com a mão, lambia devagar a cabeça, gemia baixinho… eu via tudo com um misto de vergonha e tesão. Aquela era eu. Aquela era eu com ele. E agora eu tava ali, de pernas abertas, me tocando escondida no banheiro.
Passei pro outro vídeo. O mais pesado. Eu de quatro, sendo metida com força. A Manu narrando, mandando eu abrir mais, falar mais, gozar mais. E eu obedecia. Rebolava, gemia, olhava pra trás com a cara toda borrada de tesão. Ver aquilo me fez gemer baixo, sem querer. Eu deslizei os dedos mais rápido, contornando o clitóris, depois direto nele, pressionando com vontade. Meu corpo inteiro reagia. A respiração acelerava, os músculos das coxas começavam a tremer, e eu sentia a gozada vindo de longe, daquela que chega devagar e depois atropela tudo.
No quarto ao lado, o som do Junior jogando. A voz baixa, contida. Ele rindo de leve. Como se nada tivesse acontecido. E eu, ali, com a calcinha pendurada no box, as coxas abertas sobre a tampa do vaso, o celular apoiado na pia, os dedos mergulhados na minha própria gozada, me perguntando quando foi que tudo ficou tão bagunçado.
Fui ficando cada vez mais molhada, sentia escorrer pelas coxas, lambuzando os dedos. Esfregava com mais ritmo, apertando o clitóris com vontade, gemendo baixinho, tentando não fazer barulho demais. Mas a cabeça não ajudava. Pensava no cara, tentava lembrar do pau, da força, do impacto, de eu sentando nele enquanto ele me comia pelo cu. Mas não engrenava. Tava quase, mas não ia. A mente travava, como sempre fazia.
Até que veio ela.
A Manu.
A imagem dela entre minhas pernas, me chupando enquanto eu era fodida. A língua dela na minha buceta, nos meus peitos, aquele jeito de rir no meio do tesão como se tudo fosse natural, fácil. O toque dela, a boca dela, o sorrisinho safado antes de me morder. A pele dela se esfregando na minha, quente, úmida, confiante. Foi só ela aparecer na minha lembrança que a coisa encaixou. Era ela. Só podia ser ela. Senti o corpo todo reagir. O quadril começou a se mover por conta própria, os dedos aceleraram, o tesão explodiu no meio das pernas e se espalhou pelo peito. O coração batia no ouvido, a respiração ficou presa. Eu tava quase gozando, e gozando para ela.
Subi, subi, e então… o corpo travou. A barriga enrijeceu, os ombros se arquearam e a gozada veio forte, bruta, silenciosa. O tipo de gozo que faz o mundo sumir por alguns segundos. O tipo que faz a alma sair do corpo e voltar depois, devagar, cansada, aliviada, suja.
Eu gozei com a Manu na cabeça. Não era o Junior. Não era o outro cara.
Era ela. A porra da Manu. E aquilo me deu um medo do caralho.