Capítulo 18
Na segunda-feira, o mundo seguiu girando como se nada tivesse acontecido. O caos dentro da minha cabeça não interessava a ninguém. Manu corria de um lado pro outro com aquele profissionalismo dela, impecável como sempre. Nem um comentário sobre o que rolou. A gente nunca misturava as coisas, e isso eu sempre admirei nela. Mas, por dentro, eu ainda tava em parafuso.
Pra piorar, o Fernando — agora com a ajuda da Clara — parecia mais empenhado do que nunca em puxar meu tapete. Reunião atrás de reunião, olhares atravessados, pequenas alfinetadas disfarçadas de feedback. Era uma guerra silenciosa e eu sabia que estavam jogando sujo.
Lá pro fim do expediente, com o estômago embrulhado e a paciência em frangalhos, chamei a Manu pra sala de reunião. Eu precisava falar com ela. Precisava tirar aquele peso do peito.
— Mulher, senta aí…
Ela entrou rindo, mas com aquele jeitinho desconfiado.
— Que foi, chefinha? Você tá meio estranha hoje. Vai me demitir?
Respirei fundo. Sorri torto.
— Pois é… e o carinha lá? Posso furar teu olho?
Manu deu uma gargalhada gostosa, aquela que sempre me desmontava.
— Pode, ué. A gente divide ele, qualquer coisa. Pelo jeito que você tá tou com medo de você me demitir se eu falar que não.
O riso dela me acertou em cheio, como sempre fazia.
— Cara… eu não sei o que tá acontecendo comigo! — soltei, num desabafo meio riso, meio grito abafado. — E para de falar em demissão, por favor!
— Eu sei sim. — ela disse, debochada, cruzando as pernas. — Deixaram a porteira aberta e suas cabritas tão soltas no pasto, mulher!
— Para de bobeira… deixa eu falar sério. Deixa eu te contar o que aconteceu ontem.
E eu contei. Tudo. Do começo ao fim. Contei que o Junior colocou o vídeo, que eu assisti e comecei a ficar com vontade. Que eu chupei ele e deixei ele me gravar.. E fui falando sem parar, como quem precisava tirar aquilo do peito ou ia explodir. Falei até da vergonha, do arrependimento, da sensação de estar fazendo merda… e mesmo assim não conseguir parar.
— E no final… — encostei na mesa, cruzando os braços, o olhar perdido — você não vai acreditar. Ele colocou o vídeo. Aquele. O que eu mandei. De eu dando pro outro cara.
Pausa.
— E queria assistir comigo. Como se fosse um pornô qualquer. Você acredita nisso?
Manu me olhou por um segundo. O sorrisinho não sumiu, mas mudou. De repente, ela levou a mão à boca e soltou um grito abafado, alto o suficiente pra ecoar na sala de reunião. Um espanto teatral, mas genuíno.
— É sério isso? Foi verdade? — a pergunta era só pra constar, porque a cara dela já dizia que sim.
— Foi, caramba. — confirmei, mais séria agora, sentindo o peso do que eu ia dizer a seguir. — Vou marcar com o cara, tá?
— Quando?
— Não sei. Mas do jeito que eu tô doida… podia ser agora.
— Ué, então liga pra ele, marca pra depois do expediente!
— Não dá. Eu falei pra ele que precisava deixar passar a segunda-feira, né… E pra completar, eu teria que passar em casa. E o Junior… bom, o Junior com certeza vai querer conversar sobre ontem. E sei lá. Não sei se vou estar no clima depois.
Manu assentiu, compreendendo sem julgar, como sempre fazia. Ela sabia que a vontade era real. Mas também sabia o quanto tudo isso tava embaralhado dentro de mim.
— E tem mais… Olha, eu vou te contar, mas não é pra me julgar, tá?
— Cara, se eu não te julguei até agora… tô até com medo do que você vai falar — ela riu, largada na cadeira.
Eu respirei fundo, tentando achar um jeito menos vergonhoso de contar. Mas não tinha. E, no fundo, eu queria mesmo era contar.
— Então… como eu fiquei excitada, né… fui no banheiro lavar as coisas, me preparar pra dormir, mas a Larissa — tava toda babada, quente, pegando fogo. Aí eu pensei: vou bater uma siririca, dar uma aliviada, dormir melhor. Peguei uns videozinhos meus com o Junior e outros com o carinha, o que você filmou… e nada. Nadinha. O tesão não ia. Adivinha quem fez a coisa andar?
— Quem? Quem? QUEM?! — Manu entrou num coro teatral, batucando na mesa como se estivesse numa premiação.
— Vocêeeee! — soltei, cobrindo o rosto com as mãos, morrendo de vergonha, mas rindo junto.
Manu arregalou os olhos e fez aquela cara dramática de quem acabou de ganhar um Oscar.
— Meu Deus, chefa! Você falando assim, como se fosse um homem dizendo que bateu uma pra mim… me deixa tão sentida… que me dá vontade de chorar.
A gente caiu na risada. Mas por dentro… eu sabia que não era só piada. Nem dela. Nem minha. E esse era o verdadeiro problema.
A sala de reuniões era pequena, simples, funcional. Uma mesa retangular que mal comportava quatro pessoas, um terminal de vídeo na ponta com uma daquelas câmeras corporativas embutidas, e o sofá… ah, o sofá. Sempre disputado nas horas vagas, perfeito pra uma soneca rápida depois do almoço. Eu me levantei devagar, fingindo que a conversa tinha acabado. Manu, sem questionar, começou a juntar os papéis, achando que a gente já ia voltar pra rotina.
Só que, ao invés de abrir a porta… eu tranquei.
O som da trava girando fez ela erguer o rosto, confusa. Me encarou com aquele sorrisinho de quem já sabia — mas queria ouvir da minha boca.
— Maluca… o que você tá fazendo?
— Cala a boca. Eu sou sua chefe, não sou?
— Chefeinhhaaaa… — ela disse, se derretendo na cadeira — isso aí, em algum lugar do mundo, deve ser assédio. Sabia?
Ela riu. Mas o corpo dela não recuou. Muito pelo contrário.
Eu mordi os lábios, sem conseguir conter o sorriso, e fui até ela. Me sentei com cuidado no colo dela, sentindo suas mãos imediatamente pousarem na minha cintura, firmes, mas respeitosas, como se quisessem saber até onde podiam ir. Olhei nos olhos dela por um segundo, os rostos colados, e não disse nada. Só beijei.
E o beijo… o beijo foi quente. Foi urgente. Começou como uma provocação, mas virou outra coisa no instante em que nossas bocas se encaixaram. A língua dela era macia, firme, com gosto de café e batom desbotado. Ela sabia o que fazia, sabia onde encostar, como puxar meu lábio entre os dentes e gemer baixinho, como se estivesse brincando com o tempo. Minha mão subiu por trás da nuca dela, puxando com mais força, me entregando. Senti o calor se espalhar pelas coxas, pela barriga, pelo peito. A respiração começou a pesar, os corpos colados, o ritmo do beijo acelerando.
— Manu… me faz gozar, por favor?
Ela ergueu uma sobrancelha, aquele sorriso torto tomando conta do rosto.
— Faço. Mas vou ganhar mais por isso? Porque eu já trago o café… e isso aí parece ser bem mais complicado.
— Mais complicado? — arqueei as sobrancelhas, fingindo indignação. — Tá querendo dizer que eu sou difícil de fazer gozar? Talvez você é que não esteja fazendo seu trabalho direito.
— Ahhh, é? — ela riu, se ajeitando melhor na cadeira, com aquele olhar que dizia “você não sabe o que tá pedindo”. — Então senta aí e deixa que eu mostro como é que se faz.
Eu me virei, sem pressa, e me sentei sobre a mesa da sala de reunião. Abri lentamente as pernas, mantendo o olhar cravado no dela, como se estivesse testando seus limites, provocando. A saia subiu fácil, e a calcinha — pequena, preta, fina — já mostrava sinais de que eu não tava fingindo nada.
Manu se abaixou entre minhas pernas sem pressa, com aquela segurança de quem sabia exatamente o que fazer. As mãos firmes em minhas coxas, o calor do seu toque subindo como eletricidade. Ela afastou minha calcinha com os dedos e ficou ali, olhando. Me encarou com a boca entreaberta, como se estivesse deslumbrada com o que via.
A primeira lambida foi lenta, molhada, profunda. A língua deslizou inteira por entre os meus lábios, de baixo até o alto, parando no clitóris com uma pressão certeira. Eu soltei um gemido abafado, me apoiando com os braços atrás do corpo, jogando a cabeça pra trás. Manu segurava minhas pernas abertas com força, e a boca dela não dava trégua. Ela me chupava com fome, com ritmo, com aquela precisão que parecia impossível. Sugava o clitóris com a boca, depois vinha com a língua em círculos, lambendo devagar e depois mais rápido, revezando entre carinho e agressividade. Eu já estava gemendo alto, completamente molhada, sentindo meu corpo se contorcer em cima da mesa de reunião. Ela me conhecia. Sabia o que fazia. Sabia onde encostar, como puxar, quando parar.
E então… ela enfiou dois dedos.
De uma vez só.
Meu corpo reagiu na hora, com um espasmo que fez minhas pernas tremerem. Ela começou a meter os dedos com força, num vai e vem firme, molhado, profundo. A boca continuava no clitóris, chupando com intensidade, fazendo aquele som indecente que só aumentava meu tesão. Eu gemia, implorava, arfava. Meus quadris se moviam sozinhos, buscando mais, buscando tudo. As mãos dela me prendiam ali como se dissesse: “Você não vai a lugar nenhum até gozar pra mim”.
E eu fui.
Eu gozei forte. Com o corpo todo. A gozada veio de dentro, rasgando. Me arqueei inteira, deixei um gemido escapar alto demais, esqueci onde estava. Meus músculos travaram, o peito subiu e desceu acelerado, e eu só conseguia segurar na borda da mesa, tremendo, me derretendo na boca dela.
Manu continuou por uns segundos, lambendo devagar, como quem saboreia uma vitória. Depois subiu, com o rosto brilhando, os olhos quentes, e me deu um beijo suave na boca, como se nada daquilo fosse errado.
Eu ainda estava tentando respirar quando soltei, entre um suspiro e um riso fraco:
— Desculpa te usar assim, Manu… eu tava… eu tava necessitada.
Ela sorriu com aquele mesmo sorrisinho safado de sempre, me olhando como se já soubesse.
