Capítulo 20
A terça-feira passou voando. Levei uma bolsinha com algumas coisas, só por precaução, caso eu precisasse dormir fora. Saí de casa enquanto o Junior ainda dormia — não era hora de conversa, muito menos de perguntas. E, sinceramente, garantir uma cama na casa da Manu parecia mais seguro do que voltar praquele silêncio tenso.
O dia foi tão insano que, por alguns momentos, eu até esqueci que tinha um… encontro à noite. Ou melhor: uma trepada. Porque era isso. Sem jantar romântico, sem vela na mesa, sem vinho nem conversa longa. Era encontrar, comer alguma coisa rápida e ir direto pro motel. Uma coisa que nem com namorado eu tinha feito. E agora tava ali, prestes a fazer com um cara que ainda era quase um estranho.
E o mais louco? Eu não tava nem aí. Mesmo com aquele eco moral me dizendo que era errado, que não era eu. Dane-se. Já tinha passado do ponto de me importar.
Pra completar, o cara ainda teve que ficar me esperando. O Fernando atrasou a última reunião do dia — e eu juro que foi de propósito. Parecia saber que eu tinha pressa. Saí quase uma hora depois do previsto, bufando de raiva. Atravessei a rua dos fundos do prédio e encontrei o carro dele no estacionamento. Ele tava lá, encostado, tranquilo, com aquele sorriso leve de quem não tava cobrando nada.
— Desculpa o atraso — falei já cansada. — As coisas saíram do controle.
— Relaxa — ele disse, abrindo a porta do carro pra mim. — Você tava trabalhando…
— Você também largou agora?
— Saí mais cedo, passei em casa. Cheguei a pensar em te levar pra lá, mas… tava impossível.
Ele disse isso com naturalidade, como quem não queria se estender. E eu, que nunca tinha perguntado com quem ele morava, nem quis saber. Tinha coisas que era melhor não saber mesmo.
Dei de ombros. E entrei no carro.
— Então… vamos fazer o quê? — perguntei, tentando soar casual, mas já com o coração acelerado.
— A gente pode passar num drive-through — ele sugeriu, virando a chave na ignição. — Esses dias fiquei morrendo de vontade de comer um fast food.
— Eu topo. — Sorri. — Tô numa fase que só tenho comido porcaria mesmo… mais uma não vai matar.
— Ei! Eu me senti ofendido agora! — disse ele fazendo galhofa!
E fomos. Pedimos um combo cada um, sem frescura. Batata, refrigerante, molho escorrendo. Sentamos ali mesmo, no estacionamento meio vazio, as luzes amarelas iluminando o interior do carro, o estacionamento era escuro e parecia que aquela loja não teve muitos clientes no dia de hoje. Ficamos conversando como dois adolescentes prestes a perder a virgindade — falando de viagens que faríamos juntos, lugares que queríamos conhecer, destinos improváveis.
Claro que nenhum dos dois ia viajar com ninguém. Nenhum plano era real. Era só parte da fantasia compartilhada, um teatrinho leve pra distrair da tensão que pairava no ar. Uma desculpa bonita pra não dizer que, dali a meia hora, a gente ia estar num quarto qualquer, se comendo como se o mundo fosse acabar.
Quando a gente terminou de comer, fiquei mastigando os gelos que sobraram do refrigerante. Mania antiga, dessas que começam na infância e nunca somem. Quando os meus acabaram, sem nem pensar, peguei o copo dele e comecei a catar o restinho ali também.
— Nunca vi alguém gostar tanto de gelo quanto você — ele comentou, rindo.
— É vício. Se deixar, fico chupando o dia inteiro…
Ele me lançou aquele olhar de canto, com a sobrancelha arqueada e a malícia escorrendo fácil:
— Chupando, é?
— Ai, meu Deus… quinta série ativada — ri, jogando a cabeça pra trás, mas sem conseguir disfarçar o sorriso. Só que aí… pensei duas vezes. — Mas eu gosto também, viu.
— De chupar gelo… ou com gelo?
Eu encarei ele de volta, sem piscar, com aquele tom meio cínico, meio provocante.
— Com gelo, eu acho bem melhor.
O silêncio depois foi curto… mas cheio. Tenso. Quente. Ele me olhou de lado, como quem mede o terreno antes de avançar.
— Você pode… se quiser.
Minha garganta secou. Olhei em volta, o carro parado no canto mais escuro do estacionamento, mas ainda assim… era público, era aberto, era loucura.
— Mas aqui? — perguntei, com a voz mais baixa do que eu queria.
Ele só devolveu o sorriso. Aquele sorriso. Lento, sacana, completamente seguro de si.
— Você vigia. Não olha pra baixo nem por um segundo, entendeu bem?
O coração já batia forte. Meu corpo inteiro vibrava com a ideia, com o risco, com o absurdo da situação. Balancei a cabeça devagar, mordendo o canto da boca, e fui me abaixando no banco, com o coração na garganta e o tesão queimando por dentro.
Soltei o jeans dele com cuidado, meus dedos desajeitados pelo nervosismo e pelo desejo que já latejava entre as pernas. Ele me ajudou a abrir o cinto, soltou o botão apertado e abaixou o zíper devagar. A calça escorregou até a polpa da bunda. A cueca também foi puxada um pouco, revelando o pau ainda meio mole, descansando ali, quente e macio.
Sem pressa, segurei com a mão e o trouxe pra fora. Estava morno, relaxado, pesado. A pele era lisa, com aquele cheiro familiar de homem que me dava um nó na barriga. Inclinei o rosto e dei um beijo leve ali, bem na ponta. Um beijo gelado, porque minha boca ainda carregava o frio do refrigerante.
Ele estremeceu.
— Me dá o gelo — murmurei, com a voz baixa, densa.
Olhei pra ele, sem dizer uma palavra, e estendi a mão até o copo no console. Peguei um cubo de gelo, redondinho, e levei direto à boca. Deixei repousar ali, no meio da língua, sentindo a ardência fria se espalhar pela mucosa, queimando devagar. Meu corpo inteiro reagiu ao choque térmico, e eu soube que ele também reagiria.
Inclinei o rosto de novo, com o cubo ainda na boca, e toquei com a língua a cabeça do pau dele — ainda mole, descansando na minha mão. O frio encontrou o calor, e foi como um estalo invisível. Ele deu um leve solavanco, e eu sorri por dentro.
Continuei, lambendo devagar, como se pintasse ele com o gelo. A pele morna se arrepiava sob minha língua gelada. A ponta passava em círculos, molhando, esfriando, provocando cada veia, cada dobra. A saliva misturada com a água derretida escorria pela base, me molhando o queixo, escorrendo entre os dedos. E ele… ele não podia olhar. Não podia se mexer. Só respirar.
— Caralho… — ouvi ele murmurar baixinho, quase sem ar.
Não respondi. Só continuei. Suguei levemente a cabeça, mantendo o cubo de gelo no canto da boca, fazendo o frio bater direto no ponto mais sensível. Ele começou a inchar, endurecendo devagar, crescendo na minha mão, pulsando contra os meus lábios como se pedisse mais. E eu dava. Mas do meu jeito. No meu ritmo.
Lambia, chupava, massageava com a boca molhada e gelada. O gelo, agora menor, rolava na língua enquanto eu passava a ponta pelos contornos do pau dele, que já estava quase completamente duro. Inchado, quente, vivo.
Ali, inclinada entre os bancos do carro, com o motor desligado, os vidros embaçando e a rua ainda correndo lá fora, eu me sentia viva. Elétrica. O coração batia alto no peito, a boceta latejava entre as pernas, quente, úmida, implorando por atenção. Mas naquele momento, mais do que gozar, mais do que ser tocada… eu queria provocar. Queria ver até onde ele aguentava.
— Liga o carro — ordenei, minha voz firme, baixa.
— Pra quê?
— Obedece.
Ele não hesitou. Girou a chave, o motor despertou com um ronco abafado. A luz do painel acendeu suave, iluminando nossos rostos naquele espaço apertado e úmido.
— Agora dirige — sussurrei, com o cubo de gelo ainda escondido entre a língua e o céu da boca, derretendo devagar.
Ele me lançou um olhar rápido, como quem quer entender, mas não pergunta. Colocou o cinto, engatou a marcha e começou a sair do estacionamento. Os faróis cortaram a rua, e eu não importava se seria reconhecida por ninguém que passasse do lado do carro.
Eu voltei pra ele.
Sem dizer nada, baixei a cabeça e envolvi o pau com a boca de novo, agora bem mais duro, pulsante. O gelo, quase todo derretido, ainda deixava minha boca fria, e eu aproveitava cada segundo daquele contraste. Lambia devagar, deixando escorrer, sentindo o gosto dele se misturar ao da água gelada. Sugava a cabeça com pressão leve, depois afrouxava, só pra ouvir a respiração dele acelerar atrás do volante.
— Você consegue dirigir assim? — perguntei, com a boca ainda meio ocupada, o tom carregado de veneno doce.
— A… ai… acho que não… — ele respondeu entre gemidos, as mãos tensas no volante, os ombros encolhidos como se lutasse contra o próprio corpo.
Ele tremia. Literalmente. Eu sentia cada pequeno espasmo nas coxas dele, cada reação involuntária. E aquilo me alimentava.
— Ótimo — sussurrei com crueldade, lambendo devagar a ponta do pau antes de abocanhar de novo. — Se você bater o carro, quero que achem meu cadáver com seu pau enfiado na minha boca. Vai ser meu legado.
— A gente… a gente pode ser visto, sabia?
— Você pode. — sorri, sem subir, ainda com ele na minha boca. — Ninguém vai me reconhecer aqui…
Mentira. Claro que podia. Mas naquele momento, eu não me importava. Não de verdade. A rua estava escura, os faróis dos outros carros pareciam distantes, e a sensação de ter ele ali, tremendo, preso ao meu controle, valia o risco.
— Dirige… e não goza.
— Tá difícil…
— O quê? Dirigir?
— Sim… e… e não gozar…
Senti o pau dele pulsar forte na minha boca, avisando que o limite estava perto. O sabor, o calor, o jeito como ele reagia… tudo dizia que ele estava por um fio.
Continua…

