2126 palavras
11 minutos
Camgirl de carteira assinada

Entre nervosismo, risos e gemidos fingidos, Justine mergulha num mundo proibido ao lado da irmã — e descobre o prazer de ser desejada ao vivo.

Capítulo 8#

Quando acabou, eu não sabia onde enfiar a cara. Rolei pro lado, cobrindo o rosto com as mãos e rindo de nervoso. Me sentia exposta, vulnerável, e, ao mesmo tempo, tão leve quanto depois de um mergulho proibido.

Juliette, por outro lado, estava elétrica. Ria alto enquanto me batia de brincadeira, dando tapas estalados na minha bunda.

— Sua puta! Piranha! Vadia! — gritava entre gargalhadas.

— Para, tá doendo! — protestei, rindo também, tentando me encolher. — Para, garota…

— Eu não acredito nisso! A santinha se soltando, meu Deus! — Ela falou como se tivesse acabado de presenciar um milagre.

— Desculpa. — murmurei, meio rindo, meio envergonhada.

Ela se deitou de lado, ainda sorrindo, o olhar colado no meu.

— Mas foi bom, né?

Hesitei um pouco antes de responder.

— Esquisito… mas foi bom.

A confissão saiu mais fácil do que eu esperava.

Fiquei quieta por um instante, olhando pro teto, com a respiração ainda descompassada. A mente girava em círculos, e então um pensamento me escapou.

— Juju… e se eu gozar ao vivo? Meu Deus, imagina?!

Ela soltou uma gargalhada.

— Eu acho que é exatamente isso que eles esperam, filha! Se tu não gozar, vai ter que fingir.

E, do nada, começou a gemer alto, forçado, teatral.

— Ainn… aaainn… aaaiiinnnnn!

— Besta! — eu falei, jogando um travesseiro nela. — Isso não parece ser tão difícil!

— Que bom, irmã, que você tá se soltando! — disse, com um sorriso verdadeiro no rosto.

Havia algo doce naquele momento. Um alívio, talvez. Como se, por mais insano que tudo fosse, a gente finalmente estivesse jogando do mesmo lado.

— Então é isso? — perguntei, sentando na beirada da cama. — A gente fica lá, os caras mandam dinheiro e mandam a gente fazer coisas?

— Exatamente. — ela respondeu, puxando uma mecha do cabelo molhado caída em meu rosto. — Eu entro primeiro e você fica só olhando. Vai pegando o jeito. Quando eu te chamar, você senta do meu lado. Pode ser?

Assenti devagar.

Faltavam umas duas horas pro show começar, e meu corpo já estava em estado de alerta. A ansiedade me corroía por dentro como um bicho invisível, azedando meu estômago, me fazendo ir ao banheiro com cólica de nervoso.

Não tinha um horário exato pra entrar ao vivo, mas Juliette decidiu que, a partir de agora, seria sempre no mesmo — um ritual, um compromisso com o público que ela queria fidelizar. Era estratégia, segundo Patricia.

Eu, que não tinha mais nada pra fazer além de esperar a hora chegar, comecei a arrumar tudo.

Peguei os vibradores e levei pro banheiro. Não confio nela nem pra lavar o próprio copo, imagina os brinquedos. Tenho certeza que aquela porca não limpou nenhum depois de usar, e eu não queria correr o risco de pegar uma infecção em live. Lavei todos com sabonete neutro, sequei com papel toalha e deixei num paninho dobrado, tudo em ordem.

Coloquei toalhas ao lado do sofá, deixei lenços umedecidos à mão, ajustei o ring light, testei a câmera, verifiquei o áudio, fechei as janelas e ainda chequei se a persiana estava bem puxada — como se o maior dos meus problemas fosse um vizinho ver pela fresta.

No fundo, eu sabia que era só uma forma de me distrair, de não pensar demais.

Juliette, claro, não moveu um dedo.

Ficou o tempo todo sentada no canto da sala, as pernas cruzadas, o celular colado no rosto, rindo de alguma coisa ou mandando áudios indecentes.

Quando tudo estava pronto e não restava mais nada pra mexer, sentei no sofá e fiquei olhando pra cara dela.

— A gente não tem que se maquiar? — perguntei, tentando soar casual, mas minha voz tremia só um pouco.

Ela levantou os olhos do celular com um sorrisinho preguiçoso.

— Eles querem ver buceta, Ju. Não a nossa cara.

— Então… a gente podia usar máscara, né?

Ela arqueou uma sobrancelha, como se estivesse ouvindo a maior idiotice do dia.

— E como é que eles vão saber que somos gêmeas, burra?

Fiquei em silêncio. Não porque ela tinha razão — mas porque, no fundo, ela tinha razão.
E era isso.

— Preciso beber alguma coisa… — falei, já me levantando.

— Tem um resto de gin na geladeira — ela respondeu sem tirar os olhos do celular.

— Você quer também?

— Não, tô de barriga vazia. — E depois, levantando uma sobrancelha com um sorriso debochado: — E você bebe desde quando?

— Comecei agora… — murmurei, abrindo a porta da geladeira.

— Então bebe, porque… — ela ergueu o pulso, conferindo o horário — olha o relógio. Vinte minutos.

A garrafa estava gelada, suando. O líquido desceu queimando pela garganta, e por alguns segundos eu só fiquei ali, de pé na cozinha, sentindo a bebida bater.

Quem visse Juliette ali na sala, largada no sofá com as pernas cruzadas, ainda de top velho e calcinha, teclando no WhatsApp como se nada estivesse prestes a acontecer, diria que ela era a mais rodada do mundo. Tranquila, profissional, quase entediada.

Mas eu conhecia a peça.

Ela estava apavorada.

Aquela calma toda era só o jeito que ela tinha de segurar o próprio pânico. Juliette era craque em se esconder dentro de um castelo que ela mesma construía — feito de sarcasmo, grosseria e um charme cínico que confundia qualquer um.

Mas por dentro, eu sabia.

O coração dela devia estar tão acelerado quanto o meu.

— Vai pôr a roupa logo… — falei, voltando pra sala com o copo ainda na mão.

— Já vou — respondeu sem pressa, mas os olhos entregaram. Ela estava entrando no personagem.

Ela se levantou com um suspiro e foi para o quarto, e eu fiquei ali, sozinha por alguns segundos, encarando o sofá.

Assim que ela voltasse e se sentasse…

O show ia começar.

Caminhei até a sala e me aproximei do computador. Na tela, o contador marcava: “o show começa em cinco minutos”. Já havia uma notificação automática para os seguidores. Meus dedos tremiam um pouco quando ajeitei a câmera e conferi a luz. Era como preparar um palco. E o palco era nossa casa.

Juliette voltou como se fosse só mais uma terça-feira. Caminhava com aquele andar preguiçoso e ao mesmo tempo certo, ainda mexendo no celular como se não estivesse prestes a se expor pra centenas de desconhecidos. Se sentou no chão, cruzando as pernas, e continuou digitando no chat da plataforma.

— Vou abrir, tá? — ela disse, os olhos ainda no celular.

— Tá bem… eu vou assistir por aqui, só pra ver como as pessoas veem a gente. — falei, sentando no sofá com o notebook no colo.

— Boa ideia.

A sala virtual começou devagar, como sempre. Cinco pessoas no máximo. Alguns entravam, deixavam comentários aleatórios — quase sempre ofensivos — e saíam sem nem esperar. Era um ciclo. Entrar, olhar, julgar, sair.

— Você tem que mudar o título — falei. — Tá só “Juliette”. Coloca “gêmeas”. Isso chama atenção.

Ela me olhou como quem já devia ter pensado nisso e digitou. Mudou o título. “Ju & Juju – twin show”.

E algo mudou.

5… 10… 15… 35…

A sala começou a se encher num ritmo que nem ela esperava. Os comentários vinham em bloco. Não dava pra responder a todos. Emojis, perguntas, gorjetas, exigências. Um fluxo que parecia nunca parar.

Juliette, sempre rápida, entrou no personagem.

— Minha irmã é tímida. Ela só vem se batermos 300 reais aqui — falou com um sorriso provocante, puxando o top devagar, exibindo os seios duros com naturalidade, como se mostrar o corpo fosse tão trivial quanto mostrar os dentes num sorriso.

Eu fiquei de pé atrás da câmera, mas a curiosidade me venceu. Corri até ela e dei um tchauzinho para a lente, com uma expressão meio risonha, meio apavorada. A reação foi imediata: a sala explodiu.

As gorjetas começaram a cair sem parar. Comentários entupiam o chat, pedindo por mais, elogiando, implorando.

E então apareceu:

[Visitante346]: Vem pro particular as duas!

Juliette digitou sem hesitar:

[Ju&Juju]: É só chamar!

A tela mudou. O chat geral desapareceu. Só ele agora. E a gente.

Meu coração martelava no peito.

— Vem, Ju — ela me chamou, puxando um travesseiro. — Senta aqui e desfaz essa cara de pânico.

— Ele pode ouvir a gente?

— Pode. A gente que não ouve ele, se ele não quiser.

Me sentei devagar, quase me arrastando. Tentei manter as pernas fechadas, as mãos sobre o colo. Como se aquele gesto, ridiculamente educado, pudesse me proteger de alguma coisa.

[Visitante346]: E o que esse show tem pra mim?

[Ju&Juju]: O que você quiser! — digitou Juliette, com aquele sorriso falso e perfeito de quem domina o próprio teatro.

Ela levantou a blusa novamente, os olhos cravados na câmera, os seios completamente expostos. Estava linda. E sabia disso. Sabia usar cada parte do corpo com intenção.

Foi quando ele escreveu:

[Visitante346]: Sua irmã é retardada? Qual o problema dela?

A frase me atravessou como uma lâmina. O tipo de humilhação que pega desprevenida. Por fora, eu estava quieta. Por dentro, queria desaparecer.

[Ju&Juju]: Ela é tímida! Vai devagar com ela! — respondeu Juliette, sem perder o ritmo.

[Visitante346]: Anda logo, suas putas. Eu quero gozar e essa porra come meu dinheiro por minuto.

Engoli seco.

Tentei sorrir, como Juliette. Tentei.

Mas meu rosto estava duro, meu corpo inteiro em alerta. Eu era uma marionete de carne tentando parecer erótica. Juliette então me puxou pelo cabelo, com força. Me beijou com língua, agressiva, como se quisesse acordar algo em mim à força. Uma das mãos dela apertou meu peito, quente, firme.

Cada célula minha tremia.

Não era prazer. Era terror.

— Me beija, porra… garra na minha teta, caralho — ela murmurou baixo no meu ouvido, como quem dá uma ordem entre os dentes.

[Visitante346]: Meu Deus, tô de pau duraço, querem ver?

[Ju&Juju]: — Aí mostra, vai!

Ele ligou a câmera. E eu juro que preferia que não tivesse feito isso.

Na tela, surgiu um velho escroto, gordo, todo requenguela. O pau dele… uma coisa triste. Meia bomba, com a cabeça torta, esquisita, quase cômica.

[Ju&Juju]: — Meu Deus, que pau gostoso é esse, né Ju? — ela jogou a bola pra mim, e tudo que consegui dizer, com um sorriso congelado, foi:
— Nossa, que incrível… lindo.

[Visitante346]: Quero botar no cuzinho de vocês. Mostra essa bundinha, vai.

Juliette se inclinou no meu ouvido, encostando como se fosse um beijo. A voz veio baixa, mas firme:
— Ju, fica de quatro, mas não tira a calcinha. Rebola… prende ele. A calcinha é a última coisa. Se ele gozar, ele vaza.

Observei como ela fazia, e me levantei devagar, imitando os movimentos. Me sentia ridícula. Cada curva do meu corpo parecia um teatro mal ensaiado, e tudo dentro de mim gritava: “Que merda que eu tô fazendo?”

Olhei pra ela — tão confortável, tão à vontade naquele absurdo todo — e comecei a rir. Não consegui segurar. Ela era ridícula. E eu estava ali, rebolando junto.

— Do que você tá rindo? — ela perguntou, sem parar o show.

— Sei lá… isso tudo é engraçado.

— Ficar rebolando com sua irmã pra um velho aleatório da internet?

— Né? Tu se imaginava fazendo isso há 10 anos?

— Claro que não.

[Visitante346]: Porra, não tô ouvindo o que vocês tão falando, caralho!

[Ju&Juju]: — A gente tá preparando uma surpresinha pra você. Se mandar uma gorjeta, mostraremos mais. Em dobro. Topa?

[Visitante346]: Vai tomar no cu, vocês duas. Ruim pra caralho. Não mostram porra nenhuma. E a da esquerda parece uma retardada!

Fim da transmissão.

Juliette arregalou os olhos, incrédula.
— Eita… ele não gostou mesmo.

— Vamos fazer uma pausa, Juju?

— Foda-se, vamos.

A sala ainda estava cheia, mas fizemos um anúncio rápido, avisando que íamos sair por uns minutos. Desligamos a câmera e eu fiquei ali, observando outras camgirls. Cada uma com seu estilo, sua forma de seduzir. Algumas exageradas, outras mais tímidas. Todas pareciam saber o que estavam fazendo. Já a gente…

— Irmã, acho que nossos preços estão altos demais.

— Mas essa é a ideia — ela rebateu, cruzando os braços. — Ninguém faz o que a gente faz.

— Mas a gente nem sabe fazer ainda… somos meio esquisitas nisso.

— É esquisito fazer contigo — ela bufou. — Sozinha, eu sou bem melhor.

— A Patricia não ajuda a gente?

— Chamei ela. Vem amanhã de tarde. Pedi pra ajudar a gravar alguma coisa mais… profissional.

A verdade é que o comentário do cara tinha abatido nós duas. Eu já me sentia um lixo por estar me expondo daquele jeito. Juliette, que sempre teve prazer em se exibir, ficou magoada. O orgulho ferido, talvez. Ou só a humilhação de ter sido chamada de ruim por um velho punheteiro.

Ela, como sempre, reagiu com raiva. Xingou, reclamou, falou que não queria mais saber daquilo naquela noite.

Eu, por outro lado, quis tentar mais um pouco.

Esperei ela sair, me sentei sozinha e mudei o título da sala. Um nome mais suave, mais meu. Comecei só conversando, sem mostrar nada, respondendo com bom humor o assédio óbvio. E, sem perceber, comecei a me divertir.

Aos poucos, fui criando uma persona. Uma versão minha mais solta, mais provocadora, que ria com os caras sem precisar tirar a roupa. Era estranho, mas me fazia sentir no controle.

Foi nessa noite que eu conheci ele: [VitorinoS].

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