Capítulo 24

Peguei a primeira camisola que vi pela frente, nem sei se era minha ou da Juju, foda-se, vesti e pronto. Arranquei a colcha da cama e deixei tudo cair no chão, eu tinha um sentimento quente de urgência dentro de mim e um calor fulminante. Liguei o ventilador, apaguei a luz com um tapa no interruptor e me enfiei debaixo do lençol.

Na escuridão do quarto, tirei a calcinha devagar e enrolei ela, escondendo embaixo do travesseiro. Meu corpo tava quente, inquieto, como se o tesão tivesse me pegado pelas entranhas. A pele arrepiada, o coração batendo no ouvido.

Fechei os olhos. Tentei me desligar do mundo, e os pensamentos vieram como imagens feito monstros. E eu deixei. Minha mão já tava em mim — apertando a barriga, passando pelos peitos, e as coxas… eu esfregava uma na outra, como se desse conta. Não dava. Eu tava me comendo por dentro.

Afastei as pernas de leve, meio envergonhada comigo mesma, mas faminta demais pra parar. Deixei elas estendidas, moles, como quem se rende, e a mão foi sozinha. Meus dedos foram direto, escorregando por cima da pele, fazendo um caminho lento até chegar no meio da minha buceta. Toquei de leve o clitóris, com só a pontinha, e deixei ali. Sem mexer. Era só um toque besta, parado, mas era o suficiente pra acender tudo por dentro. Aquilo dava um calor danado, eu sentia a umidade começar a brotar, escancarando o que eu tava sentindo — nem tinha começado e já tava molhada.

Na minha cabeça, era a Juju que tava ali comigo. Era ela quem me beijava, com aquela boca macia, aquele beijo que começa suave mas vai ficando pesado, cheio de língua e desejo. Eu sentia o corpo dela em cima do meu, os seios dela pressionando os meus, o calor da pele dela, o cheiro que eu conheço — doce, meio suado, meio nosso. Ela me apertava contra a cama como se me quisesse inteira.

E atrás, era o Vitorino. Eu sentia a presença dele. Dura. Forte. Aquele pau encostando na minha bunda, grosso, quente, provocando, roçando de um jeito que fazia minha espinha tremer. Ele não entrava ainda, só se encostava, só me ameaçava, e isso já me fazia gemer baixinho no escuro do quarto, mordendo o travesseiro pra não deixar sair alto.

Meu corpo reagia como se tudo aquilo fosse real. O lençol embolado embaixo de mim entrando na minha bunda, o ventilador girando barulhento, e eu ali, me contorcendo sozinha, os dedos apertando a pele da barriga, dos seios, e a outra mão ali, focada, desenhando círculos lentos no clitóris como se estivesse hipnotizando minha própria buceta.

A cada movimento meu, a fantasia se construía mais viva. Eu sentia a Juju me chupando devagar, a língua dela lambendo sem pressa, enfiando o rosto entre as minhas pernas me lambendo despudoradamente. E o Vitorino me abrindo por trás, com calma, até meter tudo e fazer meu corpo todo vibrar. Eu gemia abafado, sentindo o peso dos dois. A Juju me dominando pela frente, ele me fodendo por trás.

Meus quadris já se mexiam sozinhos, seguindo o ritmo dos dedos, como se estivessem pedindo mais. Eu sentia a pressão crescer, aquele calor se espalhar pela barriga, subir pro peito. Arfava, trêmula, a mão já molhada com meu gozo, e eu não queria parar. Queria que eles estivessem ali mesmo, os dois, me usando, me amando, me deixando sem ar.

E eu ia gozando sozinha, de olhos fechados, com o nome dela na boca e o pau dele na cabeça. Quando um grito ecoou na porta que eu tinha esquecido aberta.

— AH NÃO ACREDITOOOOO!!! — o grito veio da porta seguido de uma gargalhada que parecia não ter fim. Daquelas que atravessam o corpo todo e desmontam qualquer pose que você esteja fazendo.

Eu me enrolei no lençol no reflexo, como se fosse apagar tudo o que já tinha acontecido. Mas não dava. Era tarde. A vergonha chegou como uma porrada no estômago. Eu senti o rosto esquentar na hora, um calor que subiu feito febre. A porta tava escancarada. E a minha irmã tinha acabado de me pegar me masturbando, no escuro, suada, com a calcinha enfiada debaixo do travesseiro.

— Sai daqui, caramba! — berrei, e só depois me dei conta do horário. Era madrugada, certamente eu ouviria reclamação amanhã do síndico.

— Ju… — ela respondeu com aquele tom debochado que me fazia querer esganar e abraçar ao mesmo tempo. — O apê é um cubículo. A gente dorme no mesmo quarto e você ainda larga a porta aberta achando que tá sozinha? Tá pedindo né?

Ela ligou a luz, meus olhos arderam me cegando e foi direto pra cama dela, ainda rindo, como se nada tivesse acontecido. Como se eu não tivesse sido flagrada no momento mais íntimo da minha semana.

— Tá terminando o serviço que o carinha não deu conta, é?

Eu fiquei em silêncio por um segundo. Olhei pra ela com cara de ódio e vergonha misturados. Minha cabeça girava. Eu podia gritar, brigar, fingir que não era comigo, mas tudo parecia inútil. A Juju me conhecia demais. Sabia quando eu tava na defensiva. Sabia quando eu tava excitada. Sabia, principalmente, quando eu tava morrendo de vergonha.

— Vai se foder, Juliette — murmurei, puxando mais o lençol pro rosto. — Eu não tenho um segundo de paz nessa casa.

Ela gargalhou de novo.

— Paz é o que você não quer, né? Quem quer paz não tá com a mão enfiada no meio das pernas no meio da madrugada gemendo baixo como se tivesse tocando orquestra.

Eu revirei os olhos. A vontade de rir vinha junto com a vontade de chorar. Era essa a merda. Ela fazia parecer que tudo era leve, engraçado, como se nada fosse demais. E talvez não fosse. Mas eu me sentia exposta. Tinha voltado daquele encontro me sentindo um pouco menos humana, tentando me reencontrar no silêncio do quarto, no toque que era só meu. E agora vinha ela, toda desbocada, pra me jogar no ridículo de novo.

— Ju… vai dormir, por favor. Não enche.

— Tá bom, vou dormir. Mas só quero deixar registrado que se você quiser terminar o que começou, eu boto fone e viro pro lado. Não me incomoda em nada, tá?

Eu joguei o travesseiro nela com força, e ela desviou como sempre. Caí de costas de novo, o lençol grudado na pele, o coração ainda acelerado, o corpo pulsando num lugar que eu não queria mais tocar.

Ela se levantou, apagou a luz, voltou pra cama. Mas não se deitou. Fiquei ouvindo o barulho do colchão mexendo, até perceber que ela tava sentada. Dava pra ver o vulto dela ali, parada. Me olhando, talvez.

— O que foi, garota? Vai ficar sentada aí no escuro me encarando?

— Não é nada… É que eu tô aqui pensando numa coisa engraçada.

Revirei os olhos, puxando o lençol de volta pro pescoço.

— Lá vem mais uma das tuas. Vai, solta logo… Eu vou morrer de rir, juro.

— Quando tu faz cam… tu já gozou alguma vez, de verdade?

A pergunta veio seca, no escuro. Eu me virei na cama, tentei enxergar o rosto dela, mas só via o contorno do corpo. Meu cérebro puxou a memória na marra.

— Não. Às vezes chega perto, dá aquela sensação boa, sabe? Mas eu fico tão focada nas coisas, nas luzes, no tempo, no chat… não relaxo. Parece que o tesão bate numa travinha.

Ela ficou em silêncio. Eu continuei, meio sem saber por quê.

— Fico lá me esfregando, fingindo, me contorcendo… mas não é igual. Tem gente ali vendo, esperando, pagando. Ainda é esquisito.

— E depois? Quando desliga… tu se toca?

Suspirei. Me ajeitei no travesseiro.

— Não, Juju. Na real, eu termino meio assada. Seca, sabe? A luz na cara, a pele irritada, aquela porra daquele brinquedo gelado… o corpo fica esquisito. E a cabeça pior ainda.

Ela ficou muda. Continuava ali sentada, quieta. Eu sentia o peso dela no quarto. A presença. Aquilo me deixava alerta.

— Por que essa curiosidade toda? — perguntei, tentando manter a voz firme.

— Nada… só tô pensando aqui.

— Pensando o quê?

— Que é muito doido isso, né? As pessoas vendo tudo, pagando por aquilo, e você aí… sem gozar nada.

Eu ri, de leve.

— A vida é essa, né? — Ouvir minha irmã compartilhando algo que a incomodava era sempre algo no para mim — Nem todo mundo sai feliz.

Silêncio. O ventilador fazia um barulho constante. O cheiro da noite misturado com o dela. A cama parecia pequena de novo. Eu não queria perguntar, mas queria saber:

— Juju?

— Hum?

— Tu ficou com aquele video na cabeça também?

Ela não respondeu. Mas não se deitou.

Ficou ali.