Capítulo 26

Ela girou como se soubesse exatamente onde me abrir. Num movimento só, subiu por cima de mim, encaixou minhas pernas pelas suas coxas e colou a boceta na minha. O choque quente de pele com pele me fez perder o ar. Era tesourinha, pura fricção, um encaixe suado e urgente. O osso do púbis raspou no meu, macio e depois firme, e eu senti a carne inchar, latejar, pedir. Ela segurou meus joelhos por dentro, me abriu mais, e desceu o quadril até encontrar o ponto em que os nossos clitóris se cruzavam como faísca.

O primeiro deslize foi devagar, um teste. Escorregou fácil, molhado demais, e um som baixo saiu da gente, misto de suspiro e gemido. O cheiro de sexo subiu denso, doce e salgado, grudando no céu da boca. A pele dela estava quente como ferro recém-passado. A minha, febre. Quando ela começou a roçar de verdade, a fricção virou faísca, e cada ida e volta acendeu uma linha inteira no meu ventre.

— Onde você aprendeu isso? — sussurrei, quase rindo, quase chorando.

— Porno — ela respondeu, sem cerimônia, e apertou mais minha perna para abrir espaço.

Eu ri curto e falhei, porque naquele segundo ela encaixou melhor o osso, empurrou o clitóris contra o meu, e a cabeça ficou vazia. O movimento dela ficou elástico, controlado, um vai e vem que alternava pressão e alívio. Quando ela subia, o atrito afinava, provocando; quando descia, esmagava os nossos centros num calor bruto que fazia os músculos da minha barriga tremerem. A umidade entre nós virou excesso, transbordando e escorrendo nas coxas. Dava para ouvir o som molhado marcando o ritmo, cada estalo um convite para mais.

Ela inclinou o corpo para a frente, apoiando as mãos ao lado da minha cabeça, e o ângulo mudou. O monte dela raspou no meu com precisão, clitóris em clitóris, e eu gemi aberto, sem vergonha. Minhas mãos subiram pelas suas costas, sentiram suor, mapearam a curva da cintura até a base das costas, e puxaram, buscando peso, querendo que ela me esmagasse até doer gostoso. Ela entendeu. Deu dois golpes curtos de quadril, secos, e meu corpo respondeu arqueando, pedindo sem palavra.

A fricção aumentou. Nossos ossos se encontraram no ponto certo, carne contra carne, e a sensação virou uma lâmina quente cortando de baixo para cima. Eu sentia o clitóris crescer, pulsar, buscar fricção como se precisasse rasgar a pele para sair. O calor não era mais só calor: era língua de fogo, era corrente elétrica que fazia o dedão do pé se dobrar sozinho. O barulho da nossa respiração preencheu o quarto. O ventilador virava ar em cima, indiferente, enquanto embaixo a gente brilhava de suor e gozo, grudada, escorregadia, viva.

— Juju, eu vou gozar assim, minha pepeca tá pegando fogo — a frase saiu cortada, urgente, como se eu tivesse que avisar antes que o corpo me traísse.

— Caralho… humf… ainn… eu também — ela gemeu, e mudou a posição milimétrica, só o suficiente para me quebrar.

Ela soltou um joelho e agarrou meu quadril com uma mão, me ancorando. Com a outra, segurou sua própria coxa por trás e puxou, travando a pressão. E então veio a cadência. As coxas trabalharam como pistões, nossas bocetas esfregando num ritmo que não era mais nosso, era da necessidade. Curtas investidas de pressão somadas a deslizos longos, torturantes, que raspavam o clitóris de ponta a ponta. Eu sentia o inchaço bater, voltar, bater, cada encontro mandando ondas pelo baixo-ventre, descendo pelo períneo, subindo pela coluna. Era gentil e vulgar ao mesmo tempo, sem pudor, mas com cuidado para não perder o encaixe perfeito.

O excesso de molhado se espalhava entre as coxas. Corria pelo meu períneo, descia pela curva da bunda, molhava o lençol. Eu escorregava nos lençóis com o suor das costas. Os mamilos roçavam no ar e doíam do jeito bom, lembrando a sucção de antes. As bocas se buscaram, se acharam numa mordida torta, e a língua dela veio salgada, com gosto de nós duas. Mordi o lábio dela, arranhei suas costas, e ela respondeu com um gemido curto no fundo da garganta que eu senti vibrar no meu queixo.

O mundo estreitou até virar um ponto de calor entre as pernas. Eu não pensava mais, só contava as roçadas. Uma, duas, três… na quarta minha visão tremeu. No quinto eu perdi a contagem e o corpo começou a tremer sem comando. O clímax veio forte, ameaçando, o prenúncio que deixa a gente tonta, e depois como um golpe de mar, subindo das coxas, invadindo a barriga, explodindo no peito. Arqueei inteira, segurei o quadril dela com força, prendi o ar e soltei num grito que virou gemido arranhado.

Ela veio junto. Senti quando o corpo dela endureceu por cima de mim, quando o quadril tremeu numa sequência de choques pequenos, incontroláveis, ainda roçando porque nenhuma de nós conseguia parar. O clitóris dela pulsou contra o meu, rápido, e o gozo dela espirrou quente, somando ao meu, alagando tudo. A mão dela escorregou na minha pele molhada e ela riu, um riso sem ar, quase choro, antes de morder meu queixo e perder o ritmo numa série de empurrões curtos e desesperados.

Eu gozei de novo, menor, em ecos, enquanto os músculos se contraíam sozinhos e a visão piscava. A fricção ficou hipersensível, quase demais, e a gente diminuiu sem combinar, reduzindo a pressão, mantendo um roçar manso que fazia o prazer se espichar em ondas suaves. O quarto tinha o cheiro familiar de nós duas, quente, sal, pele, sabão do lençol vencido pelo perfume do sexo. O ventilador continuava girando, indiferente, e nossas pernas ainda tremiam, presas uma na outra, como se desapertar fosse perder o último fio de prazer.

Ela deitou o peso sobre mim, o suor juntando, a respiração nos batendo no pescoço. Dei um beijo lento no canto da boca dela, senti o gosto metálico de sangue de um mordiscar mal medido, e sorri, sem graça nenhuma, satisfeita de um jeito sujo. Nossas bocetas ainda se tocavam, mornas, sensíveis, úmidas até a raiz. Qualquer movimento reacendia um lume. Ficamos assim um pouco, coladas, ouvindo o próprio coração aquecer o ar, o corpo aprendendo a caber de novo dentro da pele.

— Juju… — fui eu quem rompi o silêncio.

— Oi…

— Você lavou o dildo depois de usar?

Ela ergueu só a cabeça, com raiva no olhar.

— Sério que você vai encher o saco agora? — Ela sabia que tinha esquecido. — Sei lá, esqueci, acho. Depois eu lavo.

— Pega ele. Pega?

Juju levantou e foi até a sala. Eu fiquei deitada de barriga para cima, sentindo o ventilador empurrar um ar morno no meu umbigo. Minha cabeça para manter a sanidade não pensava. Quando ela voltou com o vibrador, entendeu sem eu precisar falar. Meu corpo já tinha respondido: pernas semiabertas, respiração quebrada.

— Vem — sussurrei. — Usa em mim.