Capítulo 30
Fiz outro peekaboo, agora mais lento. Levantei a blusa dois dedos, depois mais dois, até deixar o peito branco reluzir. Agora eu não escondia nada. Pressionei os bicos por cima, gemi baixo. A sala enlouqueceu de novo. Eu sorri sem dentes, guardei o sorriso na língua,cara de tímida e safada. O gim estava ao alcance. Bebi sem olhar, sentindo a bebida esparramar coragem na língua, e deixei que um pouco escorresse no canto da boca. Limpei com o polegar e levei o dedo molhado ao mamilo. O choque gelado fez o corpo inteiro pedir mais.
Sem pressa, desci a mão pelo ventre, bem devagar, só o toque leve que arrepia. Parei na barra do shorts. Senti a vontade de ir além. Não fui. A graça do palco é saber dizer “ainda não” no centímetro exato. Olhei para a lente com cara de travessura.
— Vocês aguentam esperar mais um pouquinho?
Choveram sim, não, por favor, toma meu dinheiro. Eu ri. Apontei para a lateral da tela, fingindo que calculava valores inexistentes. Brinquei de ser mercenária. Era teatro com respiração de verdade.
A notificação de convite privado apareceu como um chamado no escuro. Um som curto. Uma janelinha no canto. Aceitar. O coração bateu duas vezes no pescoço antes de normalizar. Cliquei.
A sala abriu menor, íntima. O chat geral silenciou. Do outro lado, só um ícone e uma frase:
“Obrigada por aceitar.”
Parei. O “obrigada” veio no feminino. Sorri de leve, por dentro, como quem pisa num piso que não esperava ser macio.
— Oi — respondi, recompondo a blusa com um gesto calculado. — O que você quer ver?
Demorou um segundo a resposta. Depois, apareceu:
“Quero te ouvir. Você tá linda quando se toca. Diz pra mim o que sente.”
A música seguiu batendo, mais baixa, como se entendesse que agora a conversa tinha outra pele. Eu me aproximei da câmera, apoiei o cotovelo na mesinha, deixei o queixo na mão, e falei no tom que se usa no corredor de madrugada.
— Claro que sim, gata! — Isso soou mais falso do que eu gostaria, eu não estava vendo ela, e o fato de ser uma mulher meio que me incomodava.
A frase ficou em suspensão. Meu peito subiu e desceu uma vez, marcado. As pontas dos meus dedos voltaram ao caminho que já conheciam, pausadas, precisas. Do outro lado, ela digitou devagar, quase como se sussurrasse:
“Então me mostra como você gosta. Sem pressa. Eu pago pra te ver ter prazer.”
Eu respirei fundo, mordi o canto da boca para não sorrir, e deixei a mão descer mais um centímetro, consciente de cada olhar que não estava ali. A câmera captou o brilho nos meus olhos. A música segurou a onda. E eu, ainda ouvindo meu próprio sangue, pensei que talvez aquela noite tivesse acabado de começar.
Entornei o gim do copo para dentro e senti queimar enquanto descia, tentei não me incomodar com fato e ser uma mulher do outro lado e respirei fundo para começar. Sem câmera. Só texto. Meu coração bateu alto na garganta.
— Tá me ouvindo? — falei baixo, perto do microfone, voz rouca de quem já tá no clima.
“Sim.”
— Então fica comigo. Eu vou falar tudo que eu estou sentindo. Eu quero que você me ouça gozar.
Sentei de lado no sofá, uma perna esticada, a outra dobrada me abrindo facinha. O top colado nos peitos, bico do mamilo já marcado. Eu já tava molhada antes de começar. Só de pensar que tinha uma mulher do outro lado, quieta, me olhando sem rosto, meu corpo travou de leve.
— Eu fico excitada falando. — Puxei ar devagar seguindo o meu teatro. — Sinto minha boca salivar, minha língua fica pesada, minha barriga esquenta. Entre as pernas já tá escorrendo. Olha!
Passei a mão pela barriga, desci pro cós da calcinha, só roçando. Meu clitóris vibrou de leve, como se fosse um coração fora do lugar.
— Eu vou tocar por cima primeiro. Eu gosto de provocar meu corpo. Fazer ele pedir.
Apertei por cima do tecido. Círculos pequenos, quase nada de pressão. O pano já tava com uma mancha escura. Soltei um gemido curto sem querer.
— Você ouviu? — Ri, sem graça, excitada. — Eu sou barulhenta quando tá bom.
“Continua. Fala putaria”, ela digitou.
— Tá. — Mordi o lábio. — Eu tô com a boceta latejando. Quente. Inchada. O grelo duro, esfregando na calcinha e pedindo atenção. Quando eu respiro fundo, eu sinto o cheiro da minha própria boceta subindo. Fico mais louca ainda.
Puxei o top e deixei um peito pular pra fora. Belisquei o mamilo até arder. Meu corpo respondeu. Eu abri mais as pernas.
— Olha o que você tá fazendo comigo. — Puxei a lateral da calcinha, deixando a virilha aparecer. — A pele aqui tá toda arrepiada. Se eu soprar, eu arrepio até a nuca.
“Quero som.”
— Vai ter.
Peguei um pouco de lubrificante com a ponta dos dedos, só uma gota, e esfreguei de leve por cima do tecido. O som molhado bateu no microfone. Enfiei os dedos por dentro, finalmente. A primeira encostada no clitóris foi como choque. Minha lombar arqueou na hora.
— Caralho… — Soltei o ar. — Eu encostei. Só encostei e a minha boceta piscou.
Acertei um ritmo que eu conheço de cor. Círculos minúsculos, quase imperceptíveis, que vão aumentando. Minha respiração ficou curta, o peito subindo rápido. A mão livre apertava meu mamilo, rodando, beliscando de volta, queimando gelado.
— Eu gosto assim, de deixar a vontade crescer. Agora eu passo a ponta do dedo nos lábios e sinto o quanto eu tô molhada… — Passei. O dedo afundou. — Tô ensopada. O dedo entra sozinho, como se minha boceta sugasse.
“Fala mais. O que seu corpo faz?”
— Minha coxa treme por dentro. Meu cuzinho aperta e solta, pedindo dedo, pedindo língua. Minha barriga contrai de prazer e eu sinto a pulsação lá dentro, embaixo do osso do púbis. Minha boca fica boba e eu quero morder alguma coisa pra não gemer alto.
Abaixei a calcinha devagar até a metade da coxa. Abri os lábios com dois dedos, sem frescura, e mostrei pra câmera de leve a pele brilhando. Voltei pro clitóris com o indicador e o médio. Pressionei. Um gemido grave saiu como ronco.
— Você gosta de ouvir eu gemer? Eu gozo mais rápido se você me pedir.
“Gosto. Pede pra mim também.”
— Então me dá tua voz. Diz que tá com a mão dentro da calcinha também. Diz que tá metendo os dedos na tua boceta pensando na minha.
“Eu tô. Dois dedos. Molhada.”
Essa frase me cortou no meio verdadeiramente. E eu me lembrei de Juju na hora. Meu dedo acelerou sem eu mandar. Eu ri, um riso sujo, descarado.
— Que delícia… Então fica olhando. Eu vou te dar meu ritmo e você segue ele.
Apoiei o calcanhar no sofá, deixei a perna mais aberta e comecei o movimento que me quebra: três círculos firmes no clitóris, um deslize pra baixo, um toquezinho na entrada só com a pontinha, volta pro clitóris. Repeti. De novo. E de novo. O corpo inteiro me seguia. Meu pé batia no tapete, a cabeça procurou o encosto, a garganta abriu pra voz sair.
— Eu tô ficando tonta. Sobe um calor, dá uma vontade de gritar e rir ao mesmo tempo. Eu sinto os lábios da minha boceta esquentando na ponta dos dedos, cada dobra, cada nervozinho desperto. Meu clitóris tá grosso, sensível, se eu parar agora eu te xingo.
“Não para. Chama meu nome.”
Eu não entendi o que ela quis dizer, mal conseguia pronunciar o nick que ela escolheu para si, preferi ignorar e continuar.
— Eu vou meter um dedo. Só um. — Encostei na entrada, recusei, voltei pro clitóris, fiz o corpo implorar, depois enfim afundei o indicador devagar. — Puta que pariu… — Minha boceta abraçou meu dedo, apertando quente. — Eu tô te sentindo entrar em mim.
“Mais um.”
— Pede bonito.
“Por favor. Enfia mais um dedo nessa sua boceta e geme pra mim.”
Eu obedeci. Dois dedos. Meu corpo abriu e aceitou, feito sede matando água. Comecei a meter curtinho, só a falange, enquanto o polegar trabalhava o clitóris. O som molhado ficou indecente, estalado, pegando no microfone. Minha perna tremeu aberta, meu abdômen contraiu involuntário.
— Eu vou gozar com você. Sente… — Acelerei. — Eu sinto o orgasmo como uma língua quente subindo por dentro, encostando na minha barriga, nas minhas costas, no meu pescoço. A pele fica fina. Tudo é muito.
Apertei o ritmo. Respiração quebrada. Minha boca aberta. A palavra saiu engolada:
— Agora… agora… agora!
Fui. O orgasmo me partiu em duas camadas: a primeira, seca, que arranca a voz; a segunda, molhada, que derruba a lombar e me deixa tremendo. Minhas paredes apertaram meus dedos com força, pulsando, puxando, e eu não parei de esfregar o clitóris até a sensibilidade doer gostoso. Eu gemi grave, feroz, quase um rosnado. Meu corpo tremeu inteiro, dedo preso lá dentro, a mão vibrando na cabeça do clitóris, respiração engolindo microfone.
— Porra… porra… — soltei, rindo no fim, meio soluço, meio alívio. — Olha, normalmente eu sou obrigada a fingir, mas esse foi de verdade.
“Eu gozei junto,” ela escreveu. “Obrigada.”
Fiquei quieta um instante, dedos ainda úmidos em cima da coxa, a calcinha nos joelhos, peito subindo rápido. Senti minha boceta pulsar mais duas vezes, ecos do orgasmo, aquela dorzinha boa de pós-toque. Estiquei o pescoço, respirei devagar, lambi dois dedos por reflexo e provei o gosto. Me excitou de novo na mesma hora. Ri de mim.
— Eu fico com tesão do meu gosto. — Mostrei a língua molhada. — Eu me comeria.
“Eu também,” ela respondeu. Um coração. E desconectou.

