Capítulo 18
Mais tarde, quando a gente já estava se arrumando pra sair, estávamos no quarto e minha irmã abriu a bolsa dela e, antes mesmo de cruzarmos a porta, me enfiou uns três pacotes de camisinha na mão — cada um com quatro unidades. Eu fiquei olhando aquilo assustada.
— Cat, eu não vou pra uma suruba, não! — falei com cara de pânico.
— Escuta… você sabe colocar isso? — ela perguntou séria.
— Nunca coloquei. Eu não tenho pau, quem tem que saber é ele.
— Meu Deus… — ela revirou os olhos. — Olha, tem que trocar a camisinha sempre, entendeu? Entre uma e outra. Tu manda ele trocar pra não correr o risco de arrebentar. E nada de reaproveitar, ouviu?
— Uhum… — respondi meio encolhida. Na real, ela achava que eu era retardada, mas era verdade: eu não tinha ideia de como colocar uma camisinha num cara.
Ela respirou fundo, olhou pra mim de cima a baixo e soltou:
— Essa boceta tá limpa?
— Tá me chamando de porca? — retruquei, já puta.
— Anda, espirra isso aqui nela. — ela me entregou um vidrinho.
Peguei e li a etiqueta.
— Ahhn… isso é um perfume de pepeca?
— Sim, ajuda muito. Ainda mais quando você fica muito tempo fora de casa. Não deixa você desprevenida.
Eu me virei de costas, baixei a calcinha com pressa e fiquei com o spray na mão.
— Como usa isso? É dentro dela?
— Não, sua doida. Borrifa nela ou na calcinha. Eu prefiro na calcinha, mas você que sabe.
Baixei a calcinha um pouco mais e dei umas borrifadas diretas
— É cheirosinho isso.
— Uhum… — ela estreitou os olhos, me analisando. — E vem cá… você tá depilada pelo menos?
— Eu aparo na máquina — respondi na defensiva. — Tiro os matos que saem da calcinha e pronto.
Eu nunca fui caprichosa, mas também não sou um bicho peludo. Nem deixo cabelo em volta do furico, se é isso que você quer saber.
Ela caiu na gargalhada.
— Menos mal, né? Já pensou o mico? O cara tira a calcinha e parece que entrou na selva?
— Vai à merda, Cat!
Eu tinha combinado com o Galuco o horário, estávamos nos falando durante os preparativos. Minha irmã encheu o saco querendo conhecer ele, mas se eu falasse ela ia chiar e não ia caguetar para minha mãe, a Cat tinha limites estranhos.
Cruzamos a porta nos despendindo da mãe e do pai, ouvindo os avisos de juízo e fomos corredor do prédio afora.
— Cat, toda vez que eu chupo ele, o cara manda eu parar. Por que?
Ela ficou vermelha, eu peguei ela de surpresa pelo visto, ela colocou a mão na testa fechou os olhous respirou rindo e soltou
— Kika, você solta umas do nada — ela pensou, apertou o botão do elevador — sei lá, seu boquete é ruim pra caralho, pode ser isso!
— Ou muito bom, e eles não conseguem segurar. — arrisquei.
— Se você tivesse certeza não estaria me perguntando, sua putinha. — Cat apertava os botões do elevador sem parar, tentando fazer a porcaria chegar mais rápido. — Por que você não conversa com ele? Conversar é sempre a melhor opção.
— Não dá pra conversar com a rola dele na minha goela! — retruquei de supetão.
Ela se escangalhou de rir, quase se dobrando.
— E é pauzudo?
Fiz um gesto com a mão, mostrando o tamanho.
— Médio, acho. Mas é cabeçudinho e bonito. Gostoso.
— Piranha. — ela riu, satisfeita, como se estivesse orgulhosa de mim.
Quando as portas do elevador abriram, eu nem entrei. Me virei pro outro lado.
— Eu vou de escada. É aqui no prédio.
Na verdade, eu não queria dizer o andar de jeito nenhum. Vai que ela descobria mais rápido quem era o sujeito? Na minha cabeça confusa eu já pensei nela perguntando para o porteiro quem era o rapaz novo que chegou no prédio e o porteiro pensando “Olha essazinha aí, chegou carne nova e ela já quer um pedaço, é tudo puta!
Desci pela escada de incêndio, os passos ecoando, tentando segurar o riso nervoso e já enviando uma mensagem para ele “Eu estou chegando, me espera na porta”. Meu coração batia na boca, eu estava agitada, a ansiedade de felicidade estava nas alturas. Diminui o ritmo nos ultimos metros para não chegar esbaforida e conseguir disfarçar caso alguém tivesse passando no corredor.
Quando eu cheguei, ele estava ali na porta: paradinho, bonitinho, rindo pois sabia que ia ter. Me deu um beijinho rápido, um abraço apertado e, sem perder tempo, um tapinha na bunda pra me empurrar pra dentro.
E eu entrei… saltitante, feito uma cabritinha, sem perceber que estava entrando no covil do lobo.
Eu só queria transar. Só isso. Tudo pra mim ainda era muito novo, e eu não fazia ideia de como seria — nem de que jeito. Nunca tinha parado pra planejar. Eu tinha umas ideias, uns fetiches bobos que inventava na cabeça, mas nada que chegasse perto da realidade. Minha irmã sempre dizia que a primeira vez tinha que ser com alguém de confiança, um conhecido, em lugar seguro, com calma, sem pressa.
E foi exatamente assim. Minha primeira vez… com o namorado dela, inclusive.
— E aí, tudo bem? — falei já me engalfinhando nos braços dele, trocando beijos sem dar tempo nem de respirar. — Você tá sozinho, né?
A sala dele já estava diferente de ontem. As prateleiras tinham livros e uns bonequinhos organizados, como se ele tivesse passado a madrugada ajeitando tudo. As cortinas fechadas deixavam o ambiente meio penumbra, fechado, íntimo… privado.
— Eu tô sim, Kika. Esqueceu? Meu amigo só chega daqui algumas semanas. — ele falou com aquele sorriso maroto. — Mas hoje… hoje eu tenho uma ideia pra gente. Só se você quiser, claro.
— Que ideia? — perguntei, curiosa. Mas ao mesmo tempo senti um friozinho percorrer minha espinha. Um alerta bobo, como se o meu corpo tentasse me avisar de um perigo que minha cabeça não entendia ainda.
Ele se inclinou mais perto, o hálito quente no meu ouvido, e disse devagar:
— Eu quero ver se você é uma menina boazinha… e se me obedece direitinho hoje.
“Ahn… essa brincadeira aí é legal!” pensei na hora, o nervoso se misturando com tesão.
Eu sorri e fiz charme, me esfregando nele, colando meu corpo ao dele.
— Eu sou uma menina muito boazinha… — sussurrei, mordendo o lábio e encarando seus olhos.
Ele me pegou pelo braço e me puxou até o centro da sala. Antes, parou, arrastou uma cadeira e colocou bem no meio, entre os sofás, exatamente onde uma mesinha de centro faria muito mais sentido. Mas não, ali estava a cadeira, posicionada de propósito.
Ele sentou-se devagar, como quem já tinha tudo planejado, recostou-se e me olhou de cima a baixo.
Apontou o dedo para mim, firme.
— Tire sua roupa.
Eu congelei.
“O homem quer um strip tease? Meu Deus… que vergonha!” pensei, sentindo meu rosto queimar. Meu corpo inteiro se arrepiou, não só pelo comando, mas porque, de repente, eu não tinha mais o controle pelo visto. A sala escura, as cortinas fechadas, ele ali sentado me olhando como dono da situação. Eu em pé, de saia e blusa, sem saber por onde começar. Meus dedos tremiam só de pensar em levantar a barra da saia.
Ele não repetiu a ordem. Só ficou me olhando, com um sorriso leve, esperando. O silêncio parecia me empurrar mais do que se ele tivesse gritado.
Eu respirei fundo, tentando achar uma coragem que não tinha. Ele não disse mais nada, só me olhava, como se estivesse confortável em me ver fritando de nervoso.
“Tá, eu vou fazer. Não vou ser fresca. Quero ser uma mulher dessas que não fica de mimimi, que vai e faz. Eu vou ser essa mulher.”
Comecei pela blusa. Puxei devagar, tentando imitar as cenas de filme, mas ficou foi ridículo: o tecido enroscou no cabelo e precisei levantar os braços feito uma idiota, me debatendo até soltar. Joguei a blusa na mesa de centro — ou melhor, na mesa improvisada onde estavam acumulando as peças da minha vergonha.
De sutiã, respirei fundo de novo. Meus dedos tremeram na hora de abrir o fecho. Eu queria parecer sexy, mas a trava da peça deu trabalho, parecia rir de mim. Consegui, soltei devagar e deixei cair, como se fosse natural. Meus peitos ficaram à mostra, os bicos arrepiados sem eu querer. Coloquei o sutiã em cima da blusa.
Olhei pra ele. Ele não disse nada. Só sorria.
A saia. Ah, a maldita saia. Tentei descer devagar, rebolando, mas ela enganchou no quadril. Precisei corcovear, puxar a saia com força e acabar rindo de nervoso. Joguei também na mesa.
Agora só de calcinha. Eu respirei fundo mais uma vez. Abaixei devagar, sentindo o elástico estalar na pele, e chutei pro lado. E pronto. Ali estava eu. Nua em pelo. Sem disfarce, sem saber posar, só eu mesma. As roupas todas largadas em cima da mesa, feito troféus da vergonha.
O ar da sala pareceu ficar gelado, bateu na minha pele nua. Me abracei de leve, sem saber onde enfiar as mãos, mas ao mesmo tempo com um orgulho bobo.
“Eu não sou fresca. Eu sou mulher. E tô aqui, pelada na frente dele.”
— Você é linda sabia? — ele disse pausadamente, me admirando, me comendo com os olhos brilhando, amor eu sei que não era, era tesão acho.

