Capítulo 21
Deitados, a coisa não engrenou de imediato. Ficamos abraçados, falando de tudo e de nada. Perguntei do amigo que ia se mudar pra casa dele. Eu tava curiosa: será que ele vai gostar de mim? Como ele é? Ele respondeu curto, sempre cortando assunto. Não insisti. Eu erro fácil quando tento entender gente. Ainda assim, fiquei encucada. Agora que o quarto tava mais arrumado depois da mudança, dava pra ver melhor: mais de um porta-retratos com foto dos dois. Notei, guardei, não comentei. “Sei lá, né.”
Ele perguntou da Cat, de como é a nossa relação e do meu autismo. Ele presta atenção. Gosta de me ouvir. Eu hesitei, mas falei um pouco da minha primeira vez. Contei detalhes, não disse com quem. Tudo bem que ele nem conhece a pessoa, mas saber que foi o namorado da minha irmã seria uma bosta. E, antes que julgue, em minha defesa: eu não sabia que ele era namorado dela. Eu não sou essas daí.
Enquanto eu tagarelava, ele me beijava entre uma frase e outra e fazia um carinho leve nos meus seios, só o suficiente pra me perder do assunto. Sem me calar, ele ergueu meu quadril e enfiou uma almofada embaixo. Eu entendi. Ia me chupar. Tentei terminar a história, juro que tentei, mas ele já estava deitado entre minhas pernas, a boca perto, a mão desenhando de leve na minha pepeca, abrindo com cuidado, tocando de raspão onde eu gosto. A língua veio tímida primeiro, um “oi” quente, e minha fala se quebrou no meio. Respirei fundo, mordi o lábio, olhei pro teto. Ele soprou, depois lambeu reto, devagar, e meu corpo respondeu antes de qualquer palavra. Meu clitinho acordou na hora, a pele arrepiou.
— Continua… — ele sussurrou, sorrindo na minha boca.
Eu até queria, mas o que saiu foi um suspiro. A história que ficasse pra depois. Agora era a minha vez de ficar quietinha e deixar ele trabalhar.
— Continua você… — meio que gemi essas palavras.
Ele começou devagar, beijo macio por dentro das coxas, subindo em círculos até estacionar na entrada. Senti o sopro quente, depois a ponta da língua riscando de leve, só pra acordar a pele. A boca dele abriu minha coisinha com calma, dois beijos longos nas laterais, um selinho úmido no clitinho por cima do capuz, e mais um sopro que me deixou morna por dentro. A mão direita ficou no meu quadril, firme, me ancorando; a esquerda desceu testando o caminho, primeiro um dedo molhando na própria saliva, escorregando por fora, conhecendo a dobra, voltando pro clitinho com a língua em movimentos curtos e regulares.
Quando o corpo cedeu, ele encaixou a boca de verdade. Língua de baixo pra cima, lenta, pressionando o capuz até achar meu ritmo, e o indicador entrou só a pontinha, na entrada, pedindo licença. Ele manteve a sucção suave no clitinho enquanto o dedo aprofundava um pouco, depois somou o médio, dois dedos juntos, palma virada pra cima, procurando o ponto mais esponjoso com toques mínimos. Boca e dedos conversando: língua marca o compasso, sucção leve no alto, dedos curtos lá dentro, cadenciados, sem pressa. O prazer veio morno, constante, daqueles que vão subindo sem assustar, só espalhando calor do baixo-ventre pro resto do corpo até eu perder a contagem da respiração.
Fiquei mole. Queria abrir mais as pernas, mas o corpo não obedecia. Largada na cama, recebendo. Os olhos pesados, a mão só alcançava o cabelo dele, bagunçando de leve, e o resto era gemido saindo sem filtro. A boca dele trabalhava calma, língua e lábios testando caminho, beijos nas laterais, sucção suave no capuz, dois dedos entrando aos poucos, palma pra cima.
Do jeito dele, eu saquei: tava procurando o meu ponto. Não corria atrás do meu gozo, queria mapear primeiro. Achou. A língua marcava o compasso no clitóris, os dedos curtos por dentro tocando onde a parede. E aí ele variava de propósito, maldade pura: tirava a boca um segundo, voltava mais leve, trocava o ritmo dos dedos, parava no limite e retomava só quando meu quadril pedia. Eu gemia irritada e acesa, presa entre “agora” e “mais um pouco”. Ele sabia. E me segurava ali, ardendo.
Ele ergueu mais as minhas pernas e me abriu inteira. Levei um susto, mas o tesão veio na mesma hora. Ficar assim, escancarada e vulnerável, me acendeu de um jeito bom. Sem vergonha. Ele devia estar com uma vista de mim melhor que a da minha ginecologista.
A língua desceu pelos grandes lábios e pela virilha. Por dentro, eu pensei: “Volta pro clitinho, moço.” Mas estava gostoso, então deixei. Ele mordeu de leve a polpa da minha bunda, lambeu mais embaixo, perto da entrada, e no último movimento me fez arregalar os olhos: a ponta molhada tocou o miolo do meu furico. O choque foi estranho, um nervoso quente. Meu corpo fechou na hora, cortei o acesso, e virei de lado rindo, sem conseguir parar.
— O que foi? — a voz veio um pouco contrariada. — Fala. Você não gosta?
Virei rindo, nervosa.
— Não sei. Nunca lamberam meu cu antes. Eu levei susto. — respirei fundo. — Se quiser lamber… pode. Eu deixo. Eu não vou rir.
— É? Não vai rir?
— Não. Juro.
— Então fica de quatro.
Eu queria ficar deitada, mole, mas eu tinha vacilado rindo. Girei de bruços, empinei a bunda, peito na cama. Senti o ar frio bater na raba.
— Caralho… que gostosa você fica de quatro, mulher!
— Mulher? — escapou baixo, espantado. Aquilo me pegou. Eu era uma mulher. Quase ninguém tinha me dito assim, do jeito certo. “Ainda bem que ele não ouviu”
Ele abriu minhas nádegas com calma, beijo no alto da coxa, outro no meio, língua descendo pela fenda até a entrada. Primeiro quente, de leve. Eu respirei. Não fechei o corpo. A mão direita dele ficou no meu quadril, firme; a esquerda entrou de lado entre minhas pernas, dois dedos molhados passeando pela minha boceta, subindo até o clitóris por fora, só marcando presença.
A boca voltou para onde ele queria, e a pegada foi diferente, começou com umas lambidas curtas ao redor, que foi me fazendo relaxar e depois um círculo mais molhado no centro. O susto virou arrepio. Eu apoiei os cotovelos, relaxei me abrindo mais. Ele sincronizou: sucção suave na bundinha, língua pressionando em voltas lentas, e os dedos na frente escorregando de baixo pra cima, dois entrando um pouco, o outro acariciando por fora. O prazer veio combinado e contínuo, sem pressa, costurando frente e trás num mesmo ritmo. Eu gemi baixinho.
— Assim tá… bom — falei, firme. — Continua.
O que vinha de trás era diferente e bom. Ele costurava com o da frente e tudo somava. Dois dedos dentro, palma pra cima, entrando curto e firme. O polegar no meu clitóris, pressão leve, ritmo constante. A língua atrás fazia um círculo molhado, depois sucção suave. O nervoso virava corrente elétrica. Meu quadril começou a pedir, eu abri mais, respirei fundo e deixei ele conduzir. O calor subiu reto do baixo-ventre, espalhou nas costas, formigou nos braços.
Eu desabei num orgasmo longo, desses que começam baixo e vão abrindo caminho por dentro: primeiro um aperto quente no baixo-ventre, depois a vibração espalhando para as costas e subindo pelo esterno, o ar encurtando em goles, os ombros querendo fugir da cama; o clítoris latejou sob o polegar dele num compasso regular, enquanto os dois dedos lá dentro eram engolidos por apertos curtos, circulares, como se meu corpo quisesse segurar e empurrar ao mesmo tempo; a língua atrás manteve um selo úmido, alternando pressão e alívio, e cada alívio disparava outra onda, mais larga, mais funda, que me arqueava do quadril e soltava um som que eu não controlo; senti calor estourar nos quadris, coxas tremendo sem ordem, dedos dos pés encurvados, mandíbula travada até eu lembrar de respirar; então veio o pico, claro e inteiro, um estalo branco que juntou frente e trás num ponto só, e ali tudo virou líquido: contrações em série, cinco, seis, sete, diminuindo de tamanho, pele arrepia nas costelas, o coração batendo nos ouvidos, e eu desmanchando lenta, mole, com uma doçura pesada nos membros, sensível demais para qualquer toque por um instante, até o corpo ceder e cair no pós, quente, satisfeito, silenciado.
Apossei do ar em golinhos curtos até a pulsação desacelerar. O pós veio em ecos: contrações menores, descendo em degraus, o clítoris sensível demais para toque, a pele arrepiada nas costelas. O corpo afrouxou de uma vez, pesado e doce, e só então percebi meus dedos ainda agarrando o lençol. Soltei devagar, encostei a testa no travesseiro e deixei o resto do prazer diluir, morno, como água quente sobre a pele.
— Sai daqui… para de lamber meu cu… vai embora — ordenei rindo, bêbada e desmanchada.
Ele mordeu minha coxa de leve em protesto, deu um beijo no meio e recuou. Eu fiquei desabada de lado, ofegante, com um sorriso torto, ainda sentindo as ondas pequenas passearem por dentro.

