Capítulo 17

Natália estava tão perto que eu sentia o hálito dela, doce de bala e de gozo recente, batendo na minha boca. O perfume caro invadia tudo, misturado com o cheiro de buceta que ainda grudava no meu queixo. Meu corpo inteiro vibrava, traidor, implorando pra ser tocado por aquela boca que eu tinha acabado de lamber.

“Caralho, eu vou transar com mulher. De verdade. Minha Nossa Senhora, que vadia doente eu virei”, pensei, e o pensamento veio acompanhado de um calor que subiu do peito até a cara.

Ela chegou mais um centímetro. Os lábios quase se encostando nos meus, o nariz roçando, e eu já abria a boca por instinto quando…

Ela congelou. Olhos arregalados, como quem lembrou de algo urgente. Virou a cabeça, vasculhando o quarto com uma cara de quem perdeu o RG.

— O que foi? — perguntei, a voz saiu mais fina do que eu queria.

— Você tem vela?

Pisquei. O tesão deu um tranco, como carro que bate no meio-fio.

— Vela?

— Isso. Religiosa, de sete dias, de aniversário, de emergência… qualquer uma serve.

Eu ri, nervosa, sem entender porra nenhuma.

— Tem uma de canela no armário… por quê?

Ela se levantou num pulo, nua, os peitos balançando, e foi direto pro armário como se a casa estivesse pegando fogo. Abriu a porta, remexeu caixas, até achar a bendita vela vermelha que eu tinha comprado num impulso de estética tumblr.

Voltou, ajoelhou na cama de novo, agora com a vela na mão e um sorriso safado que fez meu estômago dar um nó.

— Porque, eu quero fazer um negocio com você… — ela deixou a vela reservada próximo a nós duas e veio.

Antes da cera, antes da dor que eu já sabia que viria, ela me tomou.

Natália se inclinou devagar, como se o tempo tivesse parado só pra gente. Os lábios dela tocaram os meus primeiro de leve, quase uma pergunta, um sussurro de pele contra pele. Era diferente de tudo: não tinha barba arranhando, não tinha força bruta empurrando língua goela abaixo. Era liso, suave, molhado na medida certa. Perfume caro misturado com o gosto dela mesma que ainda estava na minha boca, um beijo que cheirava a sexo e a bala de hortelã ao mesmo tempo.

Ela aprofundou devagarinho, língua deslizando na minha como quem lambe sorvete caro, sem pressa, me fazendo abrir mais, me fazendo querer mais. Um gemido baixinho escapou de mim e foi direto pra sua boca, ela engoliu e respondeu com outro, mais rouco, mais feliz.

A mão direita subiu pro meu peito. Dedos abertos, palma inteira cobrindo o seio esquerdo, apertando com jeitinho, polegar roçando o bico duro de um jeito que fez minha coluna arquear sozinha. A outra mão desceu, sem aviso, sem pedir licença, direto entre minhas pernas. Dois dedos escorregaram na minha umidade como se eu fosse feita praquilo, como se ela já soubesse o caminho de cor. Entraram devagar, me abrindo, me preenchendo, enquanto o polegar dela achava meu clitóris inchado e começava um círculo lento, perfeito, criminoso.

Eu me entreguei. Total. As coxas se abriram mais, os quadris subiram pra encontrar a mão dela, a boca se rendeu inteira pro beijo. Era suave e ao mesmo tempo me devorava. Eu gemia entre as respirações presas, gemia alto, sem vergonha nenhuma agora, só vontade.

“Caralho, eu tô transando com mulher… e tô amando”, pensei, e o pensamento veio junto com o primeiro espasmo que avisava que eu ia gozar na mão dela rapidinho se ela não parasse.

Ela não parou. Só sorriu contra meus lábios e aumentou o ritmo, me levando pro céu com calma de quem sabe exatamente o que faz.

Eu quis corresponder. Quis mesmo. Mas não era instinto, não era aquele fogo que eu sinto quando um homem me pega. Era… esforço. Uma vontade de ser justa, de devolver, de não ficar só recebendo como uma vadia egoísta. Minhas mãos subiram, trêmulas, procurando o corpo dela.

Toquei o peito dela primeiro. Era tudo o que eu nunca desejei: liso, macio, sem pelos, sem força, sem aquela aspereza que me faz perder a cabeça. O peito era firme, mas não era pele de homem. O bico endureceu na minha palma e eu apertei, sem saber direito a força, só tentando imitar o que ela fazia comigo. Ela gemeu na minha boca, aprovando, e aquilo me deu um orgulho estranho, mas não tesão. Não aquele tesão sujo que eu conheço.

Desci a mão. Encontrei a buceta dela de novo e, caralho, era um escândalo de tão molhada: quente, escorregadia, o calor subindo pelos meus dedos como se eu tivesse enfiado a mão dentro de um vulcão de mulher. A textura era insana: aquelas paredes lisas, macias, mas pulsando, apertando meus dedos como se quisessem sugar tudo pra dentro. Eu sentia cada dobra, cada contraçãozinha, o líquido grosso escorrendo pela minha palma, melando até o pulso. Era diferente de pau, diferente de tudo: quente, vivo, latejando contra mim, me engolindo inteira. E eu, que nunca tinha desejado isso, fiquei louca. Louca de tesão puro, de curiosidade doentia, de vontade de enfiar mais fundo, de sentir mais daquela porra quente me lambuzando. Meus dedos começaram a bombear sozinhos, mais rápido, mais fundo, como se o corpo tivesse decidido por mim: eu queria fazer ela gozar de novo, queria sentir aquela buceta explodir na minha mão, queria me afogar naquele calor molhado que era tão errado e tão absurdamente gostoso.

De repente ela se afastou do beijo, ofegante, e me puxou pra baixo. Ficamos deitadas de lado, cara a cara, pernas entrelaçadas. Braços ao redor uma da outra, mãos entre as coxas alheias. Ela me masturbando com maestria, eu tentando acompanhar o compasso. Nossos peitos colados, suor misturado, respirações pesadas no mesmo ritmo.

Eu olhava pra ela. Ela olhava pra mim. E ali, abraçadas, nos masturbando uma na outra, eu senti que estava fazendo amor com uma mulher pela primeira vez… mesmo que o meu corpo ainda não soubesse o que fazer com isso.

Só sabia que não queria que parasse.

Natália riu no meio daquele abraço molhado, um riso leve, de menina que acabou de ganhar presente. Se esticou toda sobre mim, peitos roçando no meu rosto, até alcançar a cabeceira onde tinha deixado a vela e o isqueiro. Quase caiu da cama, rindo mais alto, pernas abertas em cima de mim, buceta ainda melada roçando minha barriga.

— Garota, o que tu vai fazer com isso? Não vai botar fogo na minha casa, né?

Ela voltou sentando do meu lado, nua, iluminada pela luz fraca do abajur, a vela vermelha na mão como se fosse um brinquedo sagrado. Ajeitou o pavio com cuidado exagerado, acendeu o isqueiro, a chama dançando no rosto dela. O cheiro de canela começou a subir antes mesmo da cera derreter.

— Calma aí… primeiro eu quero que você experimente primeiro. Me dá sua mão. E fecha os olhos.

Eu protestei com um “Natália, porra…”, mas já estava fechando os olhos. Sabia exatamente o que vinha: cera quente pingando na pele. Já tinha visto em vídeo, já tinha imaginado, mas nunca quis. Meu medo era ficar marcada, eu não poderia explicar aquela mancha vermelha pra ele depois. Mas ela tinha feito aquilo mil vezes, dava pra ver na calma dos dedos dela. E, pior: aquele medo estava virando expectativa. Como o tapa que a gente sabe que vai doer e mesmo assim sente falta quando demora. Meu coração acelerou, a buceta latejou de novo, traidora.

Estendi a mão, palma pra cima, tremendo um pouquinho.

— Confia em mim, vai… só um pouquinho.

A primeira gota caiu.

Quente. Não queimou como eu achava: foi um choque gostoso, uma mordida de fogo que virou carinho em meio segundo. A cera se espalhou na pele do meu antebraço, endurecendo rápido, formando uma crosta vermelha perfeita. Eu soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

— Viu? Nem doeu tanto assim… agora segura firme que a brincadeira de verdade vai começar.

Me ajeitei deitada com a barriga para cima seguindo suas instruções enquanto ela ficava do meu lado sentada com a vela acesa na mão. Quando eu estava pronta ela me deu uma ordem inusitada que me matou de vergonha.

— Agora eu quero que você toque uma siririca devagar enquanto eu pingo em você…

Eu abri os olhos na hora, como se ela tivesse me pedido pra pular do prédio.

— Tá louca?

Mas eu já estava rindo. Rindo nervosa, rindo de vergonha, rindo daquela vergonha gostosa que faz o rosto queimar e a buceta pulsar mais forte. Ela me olhando assim, de lado, vela na mão, sorriso de quem sabe que ganhou a noite inteira… eu não consegui dizer não.

Deitei de costas, pernas meio abertas, e levei a mão lá pra baixo. Os dedos escorregaram fácil, eu estava encharcada, ridiculamente molhada. Comecei devagar, roçando o clitóris com a ponta do dedo médio, como quem não quer nada, mas quer tudo. Olhei pro teto, depois pra ela, e ri de novo.

— Não consigo… que ridículo isso, Natália…

— Ridículo é você fingir que não tá morrendo de tesão de ser olhada fazendo isso. Continua, devagar. Eu tô vendo tudo.

E ela estava mesmo. Olhos fixos na minha mão, na minha buceta aberta, no jeito que eu me tocava sem graça mas sem parar. Aquela confiança dela me desmontava: eu me sentia exposta, safada, criança e puta ao mesmo tempo. Mas era bom. Era tão bom que eu parei de rir e só respirei fundo, me entreguei.

Fechei os olhos de novo, concentrei. Dedo girando devagar, molhado, fazendo barulhinho. A outra mão apertando meu próprio peito sem querer.

Aí veio o primeiro respingo.

Quente. Perto da barriga, logo abaixo do peito esquerdo, num lugar que ninguém nunca toca. A gota caiu como uma agulha de fogo doce, se espalhou, endureceu. Eu arqueei inteira, um gemido escapou alto, as coxas tremeram, o dedo acelerou sozinho no clitóris.

Quase gozei. Quase. Faltou um fio.

— Calma aí, gata — ela sussurrou, voz rouca de tesão. — Não pode ser qualquer lugar. Tem pontos certos… bem perto das áreas de dor e prazer, mas nunca em cima. Tem que ser aqui… — ela inclinou a vela de novo, mirando com precisão cirúrgica — …e aqui…

Outra gota. Dessa vez mais perto do mamilo, sem tocar. Outra onda de calor que desceu direto pra buceta.

Eu gemi alto, sem vergonha nenhuma agora.

E continuei me tocando, devagar, obediente, esperando a próxima gota como quem espera o céu cair.