Capítulo 19
Cheguei em casa e fiz uma coisa que eu não fazia há… sei lá, meses: sentei com meus pais na sala pra assistir TV. Minha mãe vive reclamando que eu não converso mais com eles, que eu só vivo enfiada no quarto. E bom… ela tem razão. Só que toda vez que eu tento puxar papo, em cinco minutos já vira sermão disfarçado de conselho. E nem é por algo que eu fiz, é sempre por alguma merda que eu ainda nem fiz.
E claro que aconteceu de novo.
Mas dessa vez eu nem dei tempo. Levantei no meio da falação e fui direto pro meu quarto. Fui arrumar minhas coisas, fingir que ia tomar banho e dormir, mas a verdade é que eu só queria ficar sozinha. Entrei no banheiro, sentei no vaso, celular na mão… e lá fui eu, rolando as fotos. Foto minha com o João, com a Anjinha, com outras amigas, uns prints de conversa idiota. E aí, no meio disso tudo, me deu um clique:
“Caralho, eu e o João nunca trocamos nude.”
Tipo… nunca. Nenhum. Zero. Nem um pauzinho de manhã. E não que eu ache isso necessário, eu sempre achei meio brega essa coisa de ficar mandando foto pelada. Mas… depois da coisa com o Alfredo, aquilo ficou me remoendo. Principalmente depois que ele disse que queria ver o João pelado.
Aí pronto.
O pior é que eu gostei da ideia. A ideia de mostrar o João pra ele. Como se fosse uma troca, um jogo. Só que, né… o João jamais ia mandar uma foto pelado se ele soubesse que ia mandar para o Alfredo. Nem com reza.
Mas… vai que. Eu tinha um plano e ia colocar em prática
Disquei o número. Ele atendeu meio sem entender nada.
— Amor?
— Oi… tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
— Não…
— Ué, achei que tu ia me ligar mais tarde. O que foi?
— Tu pode fazer um negócio pra mim?
— Claro. Fala.
— Manda uma foto do teu pau? Bem duro. Tipo… bonito mesmo.
Silêncio.
— Tá. Vou mandar. Espera só eu tirar.
E desligou.
Desliguei e fiquei olhando pro celular com cara de quem não entendeu porra nenhuma. Como assim ele topou? Sem perguntar por quê? Sem estranhar nada. João nunca mandou nude. Nunca. Nem de cueca.
Fiquei ali sentada no vaso, o celular na mão meio ansiosa, meio desconfiada, pensando se ele tava mesmo tirando a foto… ou se tinha só dito aquilo pra se livrar de mim. Vai ver achou que ia ganhar alguma coisa depois.
Entrei no banheiro e fui direto pra ducha. Só queria tomar um banho quente e me largar na cama, mas quando eu tava quase terminando, ouvi o celular vibrar. Saí pingando, me enrolei na toalha do jeito que deu e corri pro quarto.
Tinha mensagem do João.
Abri. Ele tinha mandado um monte de fotos. Umas três, no mínimo. Pau duro em vários ângulos. Eu nem sabia pra onde olhar primeiro.
— Nossa, João… o senhor tem um pau bonito, viu? — falei sozinha, admirada.
Na hora eu acendi. O corpo todo reagiu. Ele tinha mandado de três jeitos diferentes, e eu entendi de cara — João pensa demais. Já ficou imaginando qual seria o melhor ângulo, o mais bonito, o que eu ia gostar mais.
Antes que eu pudesse responder, o telefone tocou.
— Vê, mandei aí. Você viu?
— Vi, amor. Obrigada!
— Ficou toda animadinha com o quê?
— Nada… é que eu tava pensando em você aqui no banho. — menti, descarada. — Quer ver?
Levantei a câmera e tirei uma foto de cima pra baixo, ainda enrolada na toalha. Nada demais, só uma provocaçãozinha.
— Achei que você não ia ter mais energia pra nada hoje — ele disse.
— É… hoje o senhor me cansou bastante. Te ligo quando for dormir?
Desliguei antes que ele puxasse mais assunto.
Fiquei parada ali no meio do quarto, com o celular na mão e a toalha escorregando. Um peso bateu no peito. Culpa. Eu não gosto de mentir pro João, e desde a merda com a Tati, eu sabia que ele ficou mexido. Quase terminamos. E agora, eu de novo ali, fazendo joguinho, tentando levar ele pra um plano que nem sei se quero de verdade.
Me deu um aperto. Uma vontade de jogar tudo pro alto e falar a porra toda. Aí eu fui lá e fiz.
Disquei de volta.
— Amor, posso falar uma coisa?
— O que foi, Vê? Você tá estranha hoje. Que história é essa de nude do nada?
Claro que ele já tava encucado. João é assim, pensa mil coisas quando ouve algo novo.
— Olha… Eu tava conversando com o Alfredo, e ele me pediu mais fotos daquelas. Eu falei que não tinha. Aí ele disse que queria ver uma sua.
— Hã? Como assim? Você foi trocar foto com ele e ele não quis, agora ele quer a minha? Me explica isso direito, Vê.
— Não é isso…
— Então o quê que é? Tô entendendo nada.
Suspirei fundo.
— Tá, vou falar de uma vez. Ele quer ver teu pau. E eu… eu fiquei excitada com a ideia de mostrar. Pronto. Falei.
Silêncio. Eu quase desliguei de novo.
— E aí você pede foto minha e não ia me contar isso?
— Eu ia contar. Só… fiquei sem coragem. Mas eu tô contando agora, não tô?
Ele respirou do outro lado, e falou baixo:
— Tá né… Se tu curte a ideia de mandar, então manda. Eu vou curtir também. Pode mandar.
— Sério? Ai, obrigada, amor… você é um gostoso.
— Só não me deixa no escuro. Depois me fala tudo. E me manda as fotos que vocês trocarem. As conversas também, se der.
— Tá bom. Te amo. Beijo.
Feliz da vida, com aquele calorzinho bom entre as pernas e a sensação de que meu plano tava andando — e do jeito mais honesto possível — liguei direto pro Alfredo.
— Oi, querida! — atendeu todo simpático.
— Eu consegui a foto que você queria.
— Eu queria? Eu disse isso?
— Claro que falou, Alfredo! Tá ficando maluco agora? — respondi já puta, achando que ele ia se fazer de doido e jogar meu esforço no lixo.
— Eu disse que tinha curiosidade… é diferente!
— Dá no mesmo, porra. Quer ver ou não quer?
— Espera… é foto sua ou dele?
— Dele.
— Então pode mandar. Eu vejo, sim.
Desbloqueei a tela, rolei rapidinho pelas fotos e escolhi a que eu mais gostei — uma que estava bem de perfil. Mandei. E esperei. Dei aquele tempo só pra ele visualizar a imagem.
A resposta veio seca:
— Bonito.
— Bonito? Só isso? Que comentáriozinho de merda, Alfredo! Achei que tu ia ficar empolgadíssimo.
— Achei bonito, grande, legal… Eu não tenho muita experiência com paus, Virgínia. — respondeu ainda sem muita empolgação.
Tomei um ar, empolgada com a conversa e tentei a sorte.
— Vai mandar uma sua agora?
— É pro João?
— Não, seu idiota. Pra mim.
— Ele sabe que você tá mandando fotos dele?
— Sabe sim.
— Isso é um lance entre vocês?
Nem eu sabia o que era direito, na verdade a gente gostava dessas coisas com outras pessoas no meio e estava amadurecendo isso aos poucos.
— Meio que é… acho que a gente curte. Sei lá. A coisa aconteceu e ficou boa.
— Eu te mandei um link hoje mais cedo com mais de vinte fotos minhas, lembra?
— Ah, Alfredo, aquelas não valem! Você tava todo vestido. Muito bem vestido, por sinal.
— Então quer dizer que a senhora quer ver o meu pau?
— O João também quer. — falei tentando diminuir o peso da minha parte na história segurando a toalha para não cair.
— Por que não coloca ele na chamada?
— Ai, Alfredo… não viaja. Vai ficar um clima esquisito do caralho. Esquece.
Do outro lado houve um silêncio grande, ele parecia que estava andando, a respiração dele estava pesada e dava para ouvir.
— Virgínia, o João é bi?
— Não. Quer dizer… acho que não. Mas ele curte essa ideia de me exibir. E eu acabei me animando com isso de mostrar ele pra você.
— Se animou? Tipo… excitada mesmo?
— Sim…
— Molhadinha?
Na hora eu fiquei vermelha.
— É, Alfredo. Sim, caralho.
— Posso ver?
— Ver o quê?
— Sua buceta.
— O quê? Espera. Você quer ver minha buceta agora?
— Já vi um pouco… só queria ver mais.
Se eu tinha ficado vermelha agora eu tive que tampar o rosto mesmo sem ninguém no meu quarto de tanta vergonha.
— Ahn… Não sei… Eu não curto muito isso de mandar foto, o Jão que insistiu nisso.
— Então, ele vai gostar de saber que você mandou.
— Tá bom, o que vc quer ver? Peito, bunda ou pepeca?
— Tem até cardápio.
— Cala a boca e escolhe.
— Bunda eu já vi, eu acho que pepeca.
— Tá bom, mas nada de buceta arreganhada, ouviu?
— Tudo bem, quando eu te mandar uma foto vai ser o equivalente. Pau mole! Se você curtir assim…
Aquilo foi engraçado, era justo.
— Tá, foda-se, eu mando, vou desligar aqui, vou tirar e te mando.
Eu desliguei o telefone, fui até a porta para ver se estava trancada e olhei pelo quarto procurando um lugar para tirar aquelas fotos. O espelho ficava longe da cama, e a coisa mais dificil do mundo é tirar uma foto da própria buceta.
A ideia estava pegando fogo na minha cabeça, juntou a coisa com o João agora o nude, eu estava ficando muito safada sem perceber.