Capítulo 1
Oi, meu nome é Kika, e eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi a piadinha infame — seja na cama ou numa quadra de esporte — com o tal do quica, quica, quica. A parte boa é que, quando o assunto é lembrar de uma música com meu nome, eu sempre ganho: qualquer funk dá conta do recado.
Quero começar essa história pelo ensino médio. Antes disso, sinceramente, não tem muito o que contar. Eu era uma menina “normal”, fazendo minhas descobertas no tempo certo, sem culpa nenhuma, porque meus pais sempre me deram relativa liberdade. Se for pra ser honesta, já no fundamental eu era beijoqueira, vivia de namoradinhos e adorava a sensação de brincar com essa liberdade que eu tinha.
Tudo começou num daqueles dias em que, já trocadas para a educação física, descobrimos que não haveria aula. O vestiário virou um ringue de confidências. Cada menina, na sua vez, revelava para quem já tinha dado, quem tinha chupado, e como foi a tal primeira vez. Disputavam em risadas e detalhes quem tinha sofrido mais, quem tinha gozado mais e quantas vezes deu de uma única vez!
Eu ficava ali, ouvindo, com a curiosidade me queimando por dentro. E quanto mais elas falavam, mais eu encasquetava que era a única atrasada da turma.
Quando chegou a minha vez, Valéria, sempre afiada, mirou em mim:
— E tu, Kika? Já quicou muito?
— Talvez… — respondi, fingindo naturalidade.
Amanda, a quieta, me encarava de um jeito diferente. Havia calma no olhar dela, mas também uma curiosidade insistente, como se esperasse descobrir algo escondido em mim. E de repente o vestiário inteiro ficou em silêncio, esperando minha resposta.
A verdade é que eu era virgem de tudo. Nunca tinha encostado em ninguém, nunca tinha deixado ninguém me tocar.
— É… talvez. Mas essas coisas a gente não fala, né, gente? — soltei, com um sorriso enviesado, tentando escapar.
— Quando fala assim é porque tá dando pra alguém no sigilo! — provocou Valéria, arrancando gargalhadas do grupo. — Quem é o boy?
— Suas putas, eu não tô dando pra ninguém… eu sou pura! — rebati, com ironia.
— Pura? É puta, isso sim! — retrucaram, e o vestiário explodiu em risadas.
Eu nunca tinha ficado com meninas de verdade. Só uns estalinhos de brincadeira na Sam, minha amiga de infância — nada que fosse além de curiosidade. Mas eu sempre admirei o corpo feminino, achava lindo. Gostava de olhar, de observar cada detalhe. Peitos, então… eram a parte que mais me fascinava, me hipnotizava em silêncio. Buceta? Gostava também, mas de um jeito diferente: mais curiosidade que tesão. Afinal, eu mesma tinha uma, sabia o cheiro, sabia o gosto que saía dali… e aquilo me causava um certo estranhamento.
Entre nós, tinha a Nana, que já era assumida. Namorava uma menina e falava sem vergonha, então virava alvo de mil perguntas. Já a Amanda… ah, Amanda. Sempre diziam que ela era “sapatão enrustida” porque vivia devorando a gente com os olhos. As más línguas juravam que tinham pegado ela se tocando no banheiro, como se isso fosse prova de alguma coisa.
Amanda era linda. Linda de um jeito que parecia um insulto: pele quente, cachos negros emoldurando o rosto delicado, corpo esguio e, no entanto, peitos grandes demais pro tamanho dela. Tinha um jeito quieto, mas os olhos… os olhos falavam por ela. E quando eles caíam em mim, eu sentia um arrepio esquisito, parecia que tinha mil homens tarados me olhando numa rua escura, eu tinha medo de ficar perto dela.
E os garotos?
Naquela idade não ajudavam em nada. Os mais velhos nem olhavam pra mim, e meus pais não deixavam eu colocar o pé na esquina sozinha. No meu condomínio tinha alguns com quem já tinha trocado uns beijos, até gostava de ficar com eles… mas eram sempre afoitos demais. O toque era duro, apressado, quase dolorido. Não havia malícia, não tinha aquela pegada sabe?
Eu voltava desses “peguinhas” com o corpo fervendo, um tesão ferrado, e uma frustração enorme por eles não saberem conduzir a coisa. Eu queria mais, mas travava. Também, não tinha lugar longe dos olhos das pessoas e meus pais como eu disse, controlavam durinho.
O resto do dia na escola passou arrastado. Voltei pra casa com a cabeça latejando, repetindo as conversas do vestiário, as risadas, as provocações. Passei a semana inteira martelando na mesma ideia: eu ainda não tinha dado. Eu me sentia velha demais pra isso.
E se eu morresse amanhã? Ia morrer virgem? Só de pensar nisso, o corpo inteiro me queimava.
Mas o universo, minha gente… ele conspira.
E o cara com quem eu ia perder a virgindade estava ali, sentado na cozinha da minha casa, conversando com a minha irmã e umas amigas dela da faculdade.
Minha irmã era mais velha, uma puta sem freio — e era por causa dela que meus pais tentavam me amarrar dentro de casa, pra eu não seguir o mesmo caminho. Só pra vocês terem ideia: a Catarina já deu dentro de casa, com meus pais na sala, e ainda me obrigou a ficar de vigia na porta. Depois eu conto essa história direito…
O carinha era o Jonas. Não sei se ele e minha irmã tinham algo, mas isso pouco importava. Ele era alto, malhado, tinha carro, filhinho de papai — mas não era bobo. Conversava comigo sobre joguinhos, me tratava como igual, e isso… ah, isso fazia toda a diferença. Eu gostava. Me fazia sentir interessante.
Eu bem pegaria ele rindo, mas eu era péssima em dar mole. Sabia que, pela lógica, ele nunca iria querer nada comigo. Eu era nova demais, talvez sem graça demais. Mas, ainda assim, cada vez que ele olhava pra mim, a periquita acendia.
Enfim, já que apresentei vocês ao Jonas… é hora de contar como foi a minha primeira investida nele.
Não riam, por favor.
A gente estava no “lolzinho da galera”, e eu quase não falava. O coração apertado, remoendo a coragem que não vinha de jeito nenhum pra chamar ele pra sair. Foi pelo Discord que a conversa começou:
— Ô, garota… o que tu tem? Tá quieta hoje. — a voz dele soou no fone, firme e distraída.
— Nada demais… tô pensando numa coisa. — respondi, com aquele nó na garganta.
— Então desembucha. Tu tá perdendo lane pra minion, e já vem barão. Bora, anda.
Eu obedeci, mas a verdade é que eu só pensava nele. Respirei fundo e mandei:
— É que… eu tô gostando de um cara. Ele é mais velho. Como eu chego nele? — joguei, rezando pra ele se tocar que era com ele mesmo.
Ele riu.
— Ué, fala com ele, porra. Se fosse comigo, eu ia querer que a pessoa falasse.
Meu estômago virou.
— Mas… e se eu levar um toco? Fica feião, não fica?
— Mó vergonha mesmo… — ele concordou, como se não tivesse ideia do que eu estava tentando dizer.
O silêncio tomou conta, só os cliques nervosos ecoando no fone. Um jungle ainda tentou atrapalhar os dois, como se até dentro do jogo tivesse gente querendo se meter.
Respirei fundo, o coração martelando:
— Então… posso te fazer uma pergunta? Mas seja honesto comigo.
— Sim, vou tentar! — ele respondeu rindo.
— Tu me acha atraente? Assim… pra minha idade, sei lá.
Demorou só um segundo, mas pra mim pareceu uma eternidade.
— Pô, eu acho tu gata.
Senti o rosto inteiro queimar. Fiquei vermelha, boba, feliz de um jeito que não sei nem explicar. A barriga revirava, e naquele instante eu tive certeza: era dele que eu queria.
— Eu só queria que ele chegasse e viesse falar comigo, poxa… — soltei, quase num sussurro.
— Sei lá, talvez ele tenha namorada… ou ache que tu não dá condição. — ele respondeu, jogando de leve.
— Mas eu dou… — disparei, firme.
Houve um silêncio rápido do outro lado. Então ele riu.
— Dá mesmo?
— Dou!
— Dá o quê? — a voz dele carregada de malícia.
— Condição! — respondi rindo, nervosa. — Vai à merda, seu pervertido!
Tomaram o nosso barão porque o top solo não quis descer e a gente ficou puto. Decidimos largar o jogo ali mesmo. Foi então que ele me soltou, do nada:
— Ei, vem de zap! Pega meu número, vou sair aqui. Me chama lá.
— Tá… — respondi, tentando parecer normal, mas por dentro estava tremendo.
Eu sabia bem o que significava esse “vem de zap” na língua do jovem moderno. Será que ele tinha entendido a minha indireta? Se fosse isso, eu tinha acabado de marcar um golaço naquele jogo.
Desliguei tudo, já era tarde. Dei boa noite pro pessoal de casa, escovei os dentes, fiz meu xixi e fui pra cama com o coração disparado. Peguei o celular e adicionei o moço.
Kika: Oi, é a Kika!
Jonas: E aí!
Ficou um silêncio estranho. Eu, nervosa, mandei sem pensar:
Kika: É aqui que as moças vêm quando querem ver um nude?
Na hora que li de volta, percebi a maldade. Ri sozinha.
Jonas: kkkkk provoca pra tu ver… se tua irmã souber que a gente tá aqui, ela me esgana, tu sabe, né?
Kika: Sei… tu já ficou com ela?
Jonas: Hummm… sim. Mas morre aqui, tá?
Eu não sabia o que puxar de conversa. Não queria falar de jogo, nem da minha irmã. Se ele dissesse que eles estavam namorando, aquilo ia me matar por dentro. Mas foi o Jonas quem puxou de novo:
Jonas: Aí, vou te ajudar. Tira uma fotinho agora, de rosto. Bonitinha, cabelo meio desgrenhado, cara de sono_. Manda pra ele assim:_ ‘sem sono, tá fazendo o quê?’
Eu ri sozinha. Claro que jamais mandaria uma foto dessas pra um cara qualquer, um hipotético que nem sabe que eu existo. Era a ideia mais idiota do mundo.
Mas era pro Jonas… e isso mudava tudo. E se ele queria ver ver…
Levantei da cama, ajeitei a franja, testei mil ângulos, usei filtros. Tirei um milhão de fotos até escolher uma.
Kika: Assim? Essa tá boa? — escrevi, com o coração disparado, antes de apertar enviar.
Gente, eu tinha maldade, mas não tanta assim. Queria engabelar o rapaz, só que nem percebia que era ele quem estava me engabelando… ou talvez eu soubesse, e estivesse gostando disso.
A foto que mandei era de camisola. Nada demais: tecido estampado de bichinho, inocente até. Mas eu estava sem sutiã. O detalhe, claro, era que os peitinhos marcavam no tecido, e eu sabia muito bem que ele ia notar. Reparei antes de mandar, e mandei mesmo assim.
Jonas: Aí, tá vendo? Como é que o cara não vai te achar bonita assim? Uma beleza natural…
Meu peito apertou. Eu sorria sozinha na cama, sentindo a excitação misturada com nervoso.
Continua…
