Capítulo 4

No dia seguinte esperei minha mãe acordar e falei que ia pra escola de manhã e precisava de dinheiro. Ela estava atrasada, não perguntou nada. Só transferiu e saiu correndo, de chinelo no pé e com os saltos na mão, como sempre fazia. Meu pai tinha ido mais cedo, dando carona para minha irmã até o metrô.

Eu estava livre.

Fui pro banho e demorei. Lavei o cabelo, deixei a água cair bastante, me depilei rápido, passei sabonete cheiroso. Saí, me sequei com calma e fiquei um tempo parada na frente do espelho. Minha pele estava boa, o cabelo certinho, e eu me sentia pronta.

Passei creme, perfume leve, ajeitei o cabelo. Não podia exagerar porque ia dar na cara. Se eu aparecesse muito arrumada, iam comentar na escola, e eu precisava manter a pose de sempre: cabelo preso de qualquer jeito e cara de sono. As unhas estavam ruins, sem tempo de arrumar, mas eu não ia deixar de ir por causa disso. Eu sabia que meu corpo era bonito, eu confiava nisso.

Na gaveta, fiquei olhando as calcinhas. Tudo algodão de bichinho e calcinha de criança, eu não tinha nada de “mulher”, fui na gaveta da minha irmã, ela ia me matar se sentisse a falta e pequeni uma mais cavada, e não, eu não usava as calcinhas dela, mas hoje eu precisava de algo que não fizesse o rapaz se sentir um pedófilo né? O sutiã eu coloquei um que deixava o peito firme, sem enfeite. Vesti um jeans normal, desses que eu usava na escola, e uma blusa comum, nada que chamasse atenção. Na mochila coloquei a blusa do uniforme, pra não levantar suspeita depois. Finalizei com um pouco de base, protetor, blush leve, sombra discreta e um batonzinho básico.

O coração acelerava cada vez que eu lembrava: eu ia encontrar ele. Não era mais conversa de zap. Ia ser de verdade.

Peguei o celular, olhei o endereço que ele tinha mandado por última mensagem e chamei um Uber.
Trinta minutos depois, ainda presa no trânsito, eu já estava agoniada. Olhava pela janela sem ver nada, só pensava no que ia acontecer. Chegava a suar de nervoso.

Em um momento comecei a rir sozinha. A cabeça só sabia inventar besteira: “Gente, eu podia estar dando agora, e tô aqui, presa dentro de um carro, olhando para-choque de caminhão.”

A risada passou rápido, e logo voltou o frio na barriga. O Uber andava a passos de tartaruga, e cada minuto parecia uma eternidade. Eu queria chegar logo, queria ver a cara dele, tava doida para saber o que ia acontecer quando ele abrisse a porta.

Troquei umas mensagens rápidas com ele, avisando que estava chegando e reclamando do trânsito. Jonas respondeu logo, dizendo pra eu pedir ao motorista pra pegar outra rua. O caminho deu uma volta, mas foi mais rápido.

Quando vi, já estava na frente do prédio dele. Desci do carro com as pernas bambas, quase tropeçando na calçada. Na portaria, falei meu nome e o porteiro liberou a subida. O jeito que ele me olhou me deixou desconfortável. Parecia saber exatamente o que eu estava indo fazer ali. Tinha uma cara de safado, como se dissesse sem palavras: “mais uma indo dar pra ele.” Ou talvez fosse só a minha paranoia. Mas o pensamento me cutucou: será que o Jonas levava muitas meninas ali? E de manhã cedo assim, será que era comum? Eu engoli em seco.

Apertei o botão do elevador e fiquei encarando meu reflexo na porta de aço, coração disparado. Me sentia exposta, esquisita. O cheiro do perfume que eu tinha passado parecia gritar no ar. A cada andar que subia, eu só pensava: é agora.

Quando coloquei o pé no corredor, estava meio escuro, iluminado só pelos raios de sol que entravam pelas janelas altas. De repente, ouvi uma porta se abrir e meu coração quase saiu pela boca. Olhei rápido, sorrindo feito boba, achando que era ele. Mas era só um vizinho qualquer, que recebeu de presente o sorriso de uma menina doida pra dar logo cedo.

Sorri e soltei um “bom dia” nervoso. Ele respondeu e seguiu, enquanto eu procurava o número do apartamento no fundo do corredor.

Quando cheguei, Jonas já estava abrindo a porta. Estava sem camisa, peitoral exposto, músculos bem desenhados. Na hora, meu corpo só pensou em uma coisa: que ele me puxasse pra dentro e começasse a me pegar ali mesmo, sem tempo pra nada.

Mas ele sorriu, como sempre fazia, e me cumprimentou tranquilo. Me convidou pra entrar. O cheiro dele tomou conta do ar: sabonete, xampu, e o hálito fresco de quem tinha acabado de escovar os dentes. Tinha acabado de sair do banho.

— Quer café? — falou ele, se espreguiçando na minha frente.

Eu pisquei, surpresa. Na minha cabeça, eu esperava qualquer coisa: vinho, cerveja, até água. Menos café.

— Eu não tomo café. — respondi.

Ele riu, balançando a cabeça.

— Como assim? Uma pessoa que não toma café?!

Ri sem graça também, sem saber o que dizer. Se ele soubesse a quantidade de coisas que eu nunca tinha feito na vida, ia entender rapidinho.

O apartamento dele era a filial do nada. Alugado com mobília velha: estante cheia de rococó, cortina vinho surrada, televisão de tubo. Nada combinava com ele. Sentei no sofá sem graça, quieta, sem saber o que falar.

Ele sentou do meu lado, ficou me olhando um instante, e de repente soltou como se fosse um soco:

— Eu nem me toquei ontem… mas tu é virgem, né?

Levei as duas mãos pro rosto, morrendo de vergonha.

— Sim… sou… ainda.

Ele sorriu com aquela cara de safado.

— Sua irmã, se descobrir, vai me matar se eu ficar com você.

— Ahn… então você me chamou aqui pra ficar comigo? É isso? — falei testando a paciência dele, mesmo sabendo que a resposta era óbvia.

— Eu nem pensei nisso… — mentiu.

E sem esperar mais nada, me puxou e me beijou.

Quando a boca dele encostou na minha, meu corpo travou por um instante. O beijo veio lento, firme, a língua dele roçando na minha de leve, até invadir devagar, como se soubesse exatamente como me deixar mole. O gosto era fresco, de pasta de dente, misturado ao calor dele.

Sentados no sofá, nossas pernas se encostaram primeiro. A coxa dele roçava na minha, quente, firme, e aquilo já me deixava arrepiada. A mão dele subiu pela lateral do meu braço até segurar minha nuca, trazendo minha boca mais fundo contra a dele. Os lábios dele eram macios, mas sugavam os meus com força, mordendo de leve, depois chupando meu lábio inferior de um jeito que fez meu ventre se contrair. Quando a língua dele rodou dentro da minha boca, eu soltei um gemidinho abafado sem querer.

O peito nu dele não estava colado no meu inteiro, mas eu sentia o calor que vinha dele, a pele esbarrando quando ele se inclinava pra me puxar. A mão dele escorregou da minha nuca pra cintura, me apertando de lado, o polegar quase tocando a beira do meu peito. Eu fiquei mole. As pernas querendo se abrir, as mãos perdidas, sem saber se agarrava o braço dele ou se segurava no sofá. O tesão subiu direto, um choque que deixou minha respiração curta e a boca entregue. Eu estava derretendo ali, sem defesa nenhuma.

A língua dele entrava na minha boca sem pressa, quente e úmida, brincando com a minha como se quisesse provar cada canto. Ele alternava entre sugar meu lábio e invadir de novo, mais fundo, me deixando sem ar. A textura da língua dele contra a minha era macia e molhada, e a forma como se movia me dava arrepios, como se estivesse me fodendo com a boca.

De repente, ele se inclinou mais e o peso do corpo dele caiu sobre o meu. O sofá afundou, e eu fiquei deitada por baixo dele. Senti o calor do peito nu dele prensando contra meus seios, a respiração dele batendo quente no meu rosto. Meus reflexos falharam: eu não abri as pernas. Fiquei ali, dura de nervoso e de tesão ao mesmo tempo, sem saber se deixava ou se travava. Mas minhas mãos se moveram sozinhas. Subiram pelas costas dele, explorando a pele quente, deslizando até os ombros largos. Arranhei de leve, puxando, como se quisesse colar ele mais em mim.

O beijo não parava. A língua dele girava na minha, sugava, lambia, me deixava completamente mole, respirando só no ritmo dele.

De repente, ele mudou de posição, ficando meio de lado sobre mim. A boca dele desceu devagar pelo meu queixo até o pescoço. A cada chupada lenta, eu gemia baixinho, sentindo os pelos do corpo se eriçarem. A respiração dele quente contra minha pele me fazia estremecer. Enquanto me beijava ali, a mão dele deslizava até minha barriga. Primeiro só roçando, depois desenhando círculos com a ponta dos dedos, arranhando de leve. Era tão suave que me deixava arrepiada da cabeça aos pés.

Meu corpo reagia sozinho: eu me arqueava, levantando o peito, procurando mais. O nervoso me consumia, mas junto vinha uma onda de tesão tão forte que eu não conseguia segurar os gemidos. Era como se cada toque ligasse um fio elétrico por dentro de mim. Eu estava entregue, tremendo, ansiosa, sentindo a barriga se contrair a cada movimento da mão dele, a cada mordida no meu pescoço.

Ele desceu a mão e, com calma, soltou o botão da minha calça. Não falou nada, não fez alarde. Era como se quisesse me testar, ver se eu ia reclamar. Eu prendi a respiração, mas não recuei. Depois disso, a mão dele subiu de volta, entrando por baixo da minha blusa. A pele da palma era áspera, quente, e o contraste com a minha pele macia fez meu corpo inteiro arrepiar.

Ele deslizou devagar, roçando de leve por toda a barriga, subindo até alcançar os seios. Não apertou de uma vez — brincava, passando os dedos de leve, contornando por baixo. Às vezes a ponta da mão escapava pela beira da blusa, roçando a parte exposta do peito, onde a pele ficava arrepiada no contato com o ar. Era como se ele quisesse me enlouquecer, provocando com o mínimo de toque. Minha respiração já saía curta, os gemidos presos na garganta. Cada vez que ele passava os dedos de leve pelo contorno dos seios, parecia que meu corpo inteiro vibrava, pedindo mais.

— Por que você tá me torturando? — soltei, sem nem perceber que aquilo era pra ficar só na minha cabeça.