Capítulo 10
Peguei um short emprestado, daqueles esportivos leves. Sem calcinha por baixo, eu tinha que sentar direito ou qualquer descuido mostrava tudo. Fiquei meio incomodada no começo, mas logo esqueci.
Almoçamos no quarto mesmo, uns hambúrgueres que a empregada trouxe, e ficamos de conversa fiada. Não que a gente tivesse assunto infinito, mas o papo era a transa — óbvio. Eu aluguei os ouvidos dela, despejei cada detalhe, cada sensação, e Amanda me escutou pacientemente, como sempre. O jeito dela de não falar muito a transformava numa excelente ouvinte.
E ela gostava de detalhes. Pedia pra eu repetir certas partes, queria que eu descrevesse as sensações de novo. Relembrar tudo em voz alta me deixava mole, quase revivendo. Eu gemia por dentro só de lembrar.
No meio da conversa, tinha uma coisa que me coçava. Um segredo que todo mundo da turma carregava na língua, mas nenhuma tinha coragem de perguntar. Eu respirei fundo, tomei coragem, e soltei:
— Amanda, eu queria te fazer uma pergunta…
Ela levantou os olhos na hora, e eu senti o peso do silêncio entre nós.
— Pode perguntar, amiga. — disse, seca.
Amiga. Aquela palavra ecoou na minha cabeça: “amiga… calma aí, fera!”
Eu apertei o short contra a perna e fui.
— Eu reparo o jeito que você olha pra gente. — falei devagar, medindo as palavras. — Eu vejo que você fica olhando… sabe? De maldade.
Ela respirou fundo, desviou os olhos, como se tentasse fugir da armadilha.
— Já sei o que você vai perguntar. — respondeu rápido, tentando se esquivar.
— Então… você gosta de garotas? — mandei, sem enrolar.
Amanda não ficou vermelha, não desviou, não riu nervosa. Nada disso. Apenas soltou, séria, como se fosse a coisa mais simples do mundo:
— Na verdade? Não sei. Eu acho bonito, gosto de ver, mas nunca pensei em estar com uma. Já tive vontade de beijar… até beijei uma guria uma vez, mas foi meio traumatizante.
Eu arregalei os olhos, surpresa com a naturalidade dela.
— A gente jurava que você era sapatão, cara!
Ela virou pra mim rápido, franzindo a testa.
— Como assim? Nada a ver!
— Ué, ninguém nunca te viu com homem, porra! — falei rindo, como se fosse a conclusão óbvia.
Amanda balançou a cabeça, bufando.
— E porque vocês nunca me viram com homem, logo eu sou sapatão?
Fiquei em silêncio por um segundo. Dei risada, rendida.
— É… falando assim, você tá certa.
O jeito dela me desconcertava: direta, sem floreio, mas sem se defender demais. Era como se ela não tivesse medo do rótulo, mas também não tivesse pressa de se encaixar em nenhum.
— E tu? — Amanda devolveu, me olhando firme.
— Eu não, né amiga… eu gosto de rola. — respondi rindo.
— E daí? Quero saber se você gosta de mulher… — ela insistiu, seca.
Eu respirei fundo, meio sem jeito, mas deixei escapar:
— Ah… eu tenho meio que curiosidade. Eu gosto de peito. — falei, e caí na gargalhada logo em seguida, tentando aliviar.
Amanda arqueou a sobrancelha, um meio sorriso no canto da boca.
— Peito? Então tu deve me manjar direto, né? — disse, balançando os dela na minha frente.
Não tinha como não reparar. Ela era magrela, branca demais, daquele tipo que parecia passar tempo demais em bibliotecas, mas com um contraste marcante: o cabelo preto, naturalmente escuro, ela ainda tingia mais, deixando o visual quase gótico. E no meio daquele corpo fino, os peitos dela chamavam atenção de qualquer um. Muito grandes pro tamanho dela, firmes, empinados, pesando contra a camiseta larga que usava.
Eu dei risada, mas resolvi ser honesta:
— Eu confesso que já dei umas conferidas sim. Tu tem peito bonito.
Amanda suspirou, como se aquilo fosse só incômodo.
— Ahn, não… eu queria era tirar um pouco. Dói as costas, e é grande demais. — reclamou, colocando as mãos nos próprios seios e apertando como se pesassem de verdade.
Eu fiquei olhando a cena, meio sem saber se ria, se comentava, ou se simplesmente continuava encarando.
— É tão pesado assim? — perguntei, meio debochada.
— É, cara… aperta. Vem, pega aqui. — Amanda falou, colocando as mãos por baixo, oferecendo.
Aquilo não me pareceu estranho. Entre amigas, já tinha rolado de apertar peito, brincar, sempre com aquela desculpa de “curiosidade”. Não teria maldade… se eu não gostasse tanto de peito. Só que eu gostava. E muito.
Estendi a mão e toquei.
Na hora senti o peso. Era bom de pegar, firme, cheio, macio na medida certa. A palma da minha mão afundava e encontrava resistência, como se fosse feito de uma mistura de carne e almofada. O calor da pele passava pela camiseta fina, e quando apertei mais, os dedos contornaram a lateral, sentindo a redondeza perfeita.
— Caralho… — escapei, rindo nervosa. — É gostoso de segurar mesmo.
A textura era viciante: quando eu soltava, ele voltava no lugar, empinado, como se desafiasse a gravidade. Quando apertava mais forte, sentia o bico duro contra a palma, mesmo por baixo do tecido.
Amanda me olhava séria, mas não afastava. Pelo contrário, parecia observar mais minha reação do que o próprio toque.
E eu ali, fingindo naturalidade, mas por dentro já começava a ficar mole.
E aqui a Kika do futuro precisa deixar uma coisa bem clara: eu estava de maldade, sim. Muita maldade. Eu tinha gostado demais de agarrar nas tetas dela. O peso, a textura, a resposta do corpo dela. Só tinha medo do que poderia acontecer dali pra frente. Mas dentro de mim eu tava doida, curiosa pra ver até onde aquilo podia ir.
Se a maluca resolvesse me beijar, eu não recuaria nem por um segundo. Eu enchia ela de beijos. Transar? Transar ainda não. Até aquele momento, isso nem passava na minha cabeça. O que queimava em mim era outra coisa: a curiosidade, a provocação, o foguinho.
Amanda ria baixo, parecia se divertir. O rosto sério, mas vermelho nas bochechas, denunciava o que ela tentava esconder. Eu ria também, mas o meu riso era fingimento. Era a cortina que eu usava pra esconder o foguinho que me atiçava por dentro.
Até que ela soltou, de repente, do nada:
— Quer me beijar? — disse seca, como quem joga uma carta final.
Não deu tempo de pensar. Aliás, eu nem pensei nada. Foi automático.
Eu beijei Amanda.
A segunda pessoa que eu beijava naquele dia.
E dessa vez, diferente do beijo abafado do Jonas, a sensação era outra. Os lábios da Amanda eram macios de verdade, carnudos, cheios, com uma delicadeza que me desarmou na hora. Não havia a pressão bruta, não tinha barba raspando nem língua enfiada sem jeito. Era um toque leve, suave, que parecia roçar mais do que empurrar.
A boca dela se movia devagar, quase tímida, como se tivesse medo de errar. E isso deixava o beijo mais doce ainda. Os lábios se encontravam e se separavam em intervalos curtos, como se a gente tivesse o tempo inteiro do mundo. A língua dela encostava na minha só de leve, deslizando devagar, molhando, explorando sem pressa.
Era macio, delicado, um carinho em forma de beijo. Eu me peguei respirando fundo no meio, porque parecia que minha boca tinha esquecido como era beijar desse jeito: leve, feminino, sem força, só prazer.
Eu ri baixinho, ainda colada nela, e brinquei:
— Humm… isso é bom. Quero ser sapatão também.
Amanda deu um sorriso rápido contra a minha boca, como se estivesse se divertindo comigo, mas sem parar o beijo. A respiração dela estava quente, entrecortada, misturada com a minha.
— É… tá sendo melhor do que a minha última vez. — ela murmurou, quase como uma confissão, os lábios ainda roçando nos meus.
— Amanda? — chamei baixinho.
— Oi… — respondeu, séria, sem recuar.
— Posso passar a mão no seu peito? — soltei, sem pensar muito, com a voz trêmula.
Ela me encarou firme por alguns segundos, séria, os olhos escuros fixos nos meus. Eu prendi a respiração, nervosa, achando que tinha falado besteira.
E então, devagar, vi o rosto dela se abrir num riso contido, que virou uma gargalhada curta, inesperada.
— Claro que pode. — disse, ainda rindo, como se não acreditasse que eu tivesse pedido daquele jeito.
Meu coração disparou, e antes mesmo de pensar direito, minha mão já começava a subir em direção ao peito dela. Amanda não recuou. Pelo contrário, abriu um espaço com o corpo, como se estivesse me convidando.
Sem perceber, subi em cima dela. Me ajeitei sentando na cintura dela, as pernas de cada lado, e voltei a beijá-la. O beijo, que antes era leve e tímido, ficou mais quente, mais faminto. A língua dela se encontrava com a minha em movimentos rápidos, molhados, e o ar entre nós começou a faltar.
E então aconteceu: comecei a me esfregar. Nem percebi quando meu quadril começou a deslizar contra a barriga dela, num movimento involuntário, desesperado. A fricção era deliciosa, um atrito quente que me arrancava gemidos baixos sem que eu percebesse.
Enquanto isso, minha mão finalmente alcançou os peitos dela. Apertei por cima da blusa, primeiro com cuidado, depois com mais firmeza. Eram grandes, pesados, mas macios. O bico se enrijeceu sob a palma da minha mão, e sentir aquilo me deu uma onda de tesão absurda.
Mas foi aí que meu corpo me lembrou da realidade. A cada esfregada mais forte, eu sentia a buceta arder. A dorzinha latejante, resto do que tinha acontecido mais cedo com o Jonas, começou a incomodar. O prazer estava lá, mas vinha misturado com esse ardor irritante, como se eu tivesse passado do ponto.
Minha respiração descompassou. Diminuí o ritmo devagar, tentando conter o fogo. O quadril parou de se esfregar tanto, e minha mão relaxou no peito dela, como se tivesse medo de ir além.
Na minha cabeça, um turbilhão: “Será que tô indo rápido demais? Será que exagerei?”
Amanda me olhava séria, a boca vermelha do beijo, respirando fundo, mas não dizia nada. Só esperava.
